CAP54- Meu nome é Destiny

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Las Vegas
Stripper Bear Luxury
05 de Dezembro, 11:01am

Abri os olhos ainda confusa com o lugar onde estava, não conhecia aquelas paredes ou mobílias. E minha cabeça não parava de girar. Tanto que foi preciso duas tentativas, até que eu conseguisse em fim sentar na cama.

Ao tentar reconhecer o lugar, me deparei com a pessoa que dormia ao meu lado, e assim que o reconheci, imediatamente arregalei os olhos.

-J.P.?- perguntei assustada, mas ele não me ouviu.

Rapidamente me levantei da cama, descobrindo que estava vestindo roupas que não eram minhas. Uma camisa larga estava solta no meu corpo, e uma bermuda samba canção envolvia minhas pernas torneadas. Aquele era o look mais estranho que eu já tinha vestido na vida.

Eu não sabia dizer o que tinha acontecido, nem como tinha ido parar naquele quarto, mas quando fechei os olhos fui inundada por imagens da noite anterior.

Eu implorava para que Suga não destruísse meu coração, enquanto ele ia embora levando tudo que um dia achei ter tido a sorte de descobrir.

Naquele momento, parada naquele quarto desconhecido, eu lembrei porque tinha tanto medo daquele sentimento. Porque quis tanto evitar senti-lo.

E foi bem ali que eu me transformei mais uma vez, no momento exato que eu entrei no modo automático e desisti de todos os sonhos que um dia eu sonhei para mim.

Suga tinha me levado ao mesmo buraco de sempre, me feito ficar cega, trazendo de volta a Destiny, só que mais forte do que nunca.

Tudo que eu conseguia pensar era em destruí-lo, eu queria fazer ele sentir a mesma dor arrebatadora que eu estava sentindo, e para isso seria capaz de tudo.

-Minhas roupas caíram muito bem em você.- a voz de J.P. me trouxe de volta a realidade.

Olhei para ele, que parecia um pouco sonolento ainda, e depois voltei a olhar para frente.

-O que aconteceu noite passada?- perguntei ainda incerta. Pelas roupas que eu vestia, podia imaginar o que tinha acontecido, e não que aquilo fosse novidade para mim, mas era terrível não lembrar de nada.

J.P. levantou da cama, como um gato preguiçoso, e veio na minha direção. Depois segurou meu braço, mesmo que meu corpo ainda estivesse de costas para ele.

-Jamais faria nada com você naquele estado.- ele falou baixo, em seguida me puxou gentilmente na sua direção, afim que eu olhasse em seus olhos estreitos.- Eu sempre quis muito mais do que uma noite com você, só você nunca percebeu isso.

Nem que eu quisesse seria capaz de retribuir o olhar que J.P. me dava, já que meu coração estava tão machucado que mal sabia a diferença entre a felicidade e a ilusão. Só que aquela era a melhor rota de fuga que eu tinha, e na pior das decisões, eu só consegui ver aquele caminho como opção.

-Então, me deixe ficar aqui por um tempo.- disse com um semblante sério, ainda que suplicante, assim que virei na sua direção.

-Pelo tempo que você quiser.- disse ele com umsorriso esperançoso, ao mesmo tempo em que acomodava uma mexa rebelde do meucabelo atrás da orelha.    

Não queira conhecer o coração de uma mulher que perdeu a fé no amor, porque ele pode te surpreender com o tamanho da sua indiferença

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Não queira conhecer o coração de uma mulher que perdeu a fé no amor, porque ele pode te surpreender com o tamanho da sua indiferença.

Naquela mesma semana eu destruí a Ashley completamente, matando toda a ingenuidade que havia dentro de mim. Esperei que meu quarto na fraternidade ficasse vazio, depois carreguei minhas coisas, sem deixar vestígios para trás. Aquela vida não era mais para mim, eu precisava de foco total para seguir meus planos.

Eu não queria mais ser aquela garota que acredita no amanhã. Tudo que eu queria e precisava era viver o momento, porque quem não espera, não se machuca se tudo der errado no final.

Coloquei fogo nas minhas roupas de universitária, assim como todos os pertences que eu tinha daquela vida. E não vou mentir que foi fácil colocar fogo naquela camisa, que eu guardava a sete chaves no meu roupeiro. Mas era de Suga que eu mais precisava esquecer, então foi inevitável não sorrir aliviada ao ver sua roupa queimar naquelas labaredas.

Daquele dia em diante eu seria para sempre Destiny, e estava disposta a tudo por isso. Minha mãe estava morta para mim, e eu ainda tinha uma aposta a ganhar, antes de sumir no mundo.

Eu não queria mais estar em Las Vegas, nem queria lembrar de tudo que me fez chegar onde estava. Então enterrei tudo dentro de mim, e ergui a cabeça outra vez.

A dor que me consumiu naqueles dias foi tão grande, que em poucas semanas já não havia sobrado nada. Tudo que eu queria era vingança, e um recomeço em um lugar muito distante dali.

Continuei trabalhando online para Big Dan, já que não preparada para voltar ao cassino. E todos os dias que se seguiram depois, pareciam tão iguais, que eu mal vi os meses passar.

A boate de J.P. se tornou minha mais nova casa, e o consumo de drogas se tornou habitual no meu dia a dia. Tudo que eu queria era uma desculpa para esquecer Suga, e tudo que eu sentia por ele. E foi bem ali que encontrei meu consolo.

A que preço? Digamos que não foi nada que eu me orgulhasse muito.

As festas de fim de ano chegaram, assim como os flocos de neve que cobriam as calçadas a medida que eu passava de carro pelas ruas coloridas e movimentadas. Mas eu não tinha nada a comemorar, nem ninguém com quem me importasse o suficiente para dar presentes.

No fim de ano, passei a virada fazendo apostas em um cassino clandestino da cidade. Fazia qualquer coisa para continuar no mundo que criei só para mim, entorpecida de mais para pensar em qualquer coisa que pudesse me deixar abalar.

Eu tinha chego ao fundo da minha alma negra e amargurada, mas de alguma forma muito estranha me sentia segura outra vez.

Em fevereiro recebi uma ligação, que me obrigava a superar meus medos. Big Dan queria me ver, e eu não podia mais fugir.

Era a primeira vez que eu ia voltar ao cassino de Big Dan, depois de tudo que tinha acontecido. E mesmo que minha cabeça estivesse cheia de entorpecentes, eu não conseguia mentir para mim mesma que estava tudo bem ver Suga.

Meu coração estava acelerado, e parecia pesar muito mais do que o habitual. Até mesmo minhas mãos estavam tremendo, quando deixei o carro e encarei o enorme hotel da sua entrada.

Ali parada em frente ao hotel, analisando toda a sua beleza e exuberância, eu lembrei de uma vida que achei não querer mais. Lembrei da noite em que perdi meu pai, nas milhares de vezes que vi minha mãe se sujeitar as piores coisas em trocar de algo que queria, lembrei da pessoa que me tornei, e por ultimo lembrei do dia em que conheci Suga. O único homem que me permiti amar, e o mesmo que tinha me mostrado que aquela vida que eu levava, era o melhor que um dia eu poderia ter.

-Ashley?- disse aquela maldita voz rouca atrás de mim.

Meus ombros enrijeceram, meu coração pareceu parar, mas eu não me virei. Precisava ser indiferente, precisava seguir em frente, e provar a mim e a ele que era muito mais forte do que aquilo.

Mas ali, bem perto dele, eu não podia continuar fingindo que não doía. E nem que não me importava, ainda que fosse tudo que eu precisava fazer.

-Meu nome é Destiny.- disse decidida, antes de apertar mais forte o cinto do meu casaco e entrar no cassino de queixo erguido, sem olhar para trás. 

1- ALL INWhere stories live. Discover now