Capítulo 2

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A noite tinha passado rápido a Micael, ficou feliz com a ligação de Karen e decidiu tomar uma cerveja pra comemorar. Uma que virou quase um fardo, estava sem controle, queria se dar bem na entrevista. Entrou no banho e ficou por dez minutos, enrolou a toalha na cintura e andou até a cozinha vendo seu notebook no balcão, coçou a cabeça, era ridículo o que ia fazer mas Micael não era de ferro.

Levou o aparelho até a sala, apagou as luzes, pegou a caixa de lenços e se posicionou no sofá entrando no site pornô em que sempre visitava. Tinha sua cerveja ao lado, pesquisou alguns vídeos mas não conseguiu se animar, parecia cansado. Negou com a cabeça antes de fechar a bandeja e colocar uma cueca. A manhã seria longa pra ele.


Micael levantou um pouco atrasado, tomou banho rápido e engoliu o café que não estava nada quente, pegou as apostilas e a chave do carro dirigindo até a faculdade. Assistiu as duas aulas antes de dar o perdido e se encontrar com Karen até o local marcado por ela no SMS.

O celular na mão e o outro no volante observando onde estava, e ele logo tinha sacado. O condomínio residencial de luxo era onde Karen morava, as palmeiras decoravam o local e cada casarão deveria valer uma nota. Micael parou o carro na frente da casa verde com o quintal enorme, pedras decoravam o caminho até a porta, saiu do veículo e ligou o alarme, franziu a testa ao corrigir o número da residência, estava no local certo.

Afundou o dedo no interfone.

- Oi - Karen sorriu. Era loira e alta, os olhos verdes - você deve ser o Micael?

- Sim, sou eu - deu as mãos a Karen - muito prazer.

- O prazer é meu, vamos entrar - a loira deu passagem a Micael que entrou na casa.

Logo de cara viu o lustre de vidro na sala, os móveis custariam uma nota. Andaram até a cozinha onde se sentaram na mesa de jantar.

- Achei bom você ter me ligado, se interessado na proposta - cruzou os dedos.

- Essa oportunidade é ótima, eu topo tudo - e sim, toparia tudo.

- Você já deve ter escutado a história do acidente, os quatro estudantes...

- Eu fiquei sabendo, quando saiu as notícias nos jornais - umedeceu os lábios - você estava junto?

- Sim, eu e Sophia.

- Sophia?

- Sim, a minha melhor amiga - encarou Micael - ela foi a única que teve sequelas maiores, perdeu o movimento do corpo.

- Então ela ficou tetraplégica?

- Não totalmente. Sophia precisa de um doador de medula espinhal, se ela conseguir, o médico disse que...

- Ela pode voltar a andar, exatamente - cerrou os olhos.

- Esqueci que temos um médico aqui.

- Fisioterapeuta - riram - isso realmente é um milagre.

- A cuidadora dela vai ter que deixar a cidade, não achamos ninguém ainda.

- Se me permite - engoliu seco tentando falar a frase - eu gostaria de ficar com a vaga.

Os olhos de Karen brilharam, ela saberia que não ia achar outro que ficasse com Sophia. Queria chorar, queria rir, tinha conseguido alguém de confiança.

- É claro que pode - sorriu ainda mais - você tem algum compromisso amanhã?

- Não - e não tinha mesmo.

- Certo, me encontre aqui amanhã cedo - foi a vez de Micael sorrir - vou levar você pra conhecer Sophia.

- Ela mora com alguém?

- Não, os pais dela morreram, faz muito tempo - pausou - Sophia morou com a tia alguns anos antes do acidente, mas não quis ficar com ela quando soube do laudo médico.

Que filha da puta! Micael queria muito dizer isso mas ficou calado.

- Tudo bem - se levantou da mesa - eu encontro você aqui, amanhã.

- Sim, ás oito e meia.

Karen gostava muito de brincar com números, Micael bocejava só de pensar.

- Tudo bem, Karen - andaram até a porta - e mais uma vez, muito obrigado por me dar essa oportunidade.

- Eu tenho que te agradecer, Sophia não pode ficar sozinha. E eu tenho os afazeres da faculdade, minha atenção teria que ser dobrada.

- Fez bem - assentiu buscando a chave do carro - então, tchau Karen.

- Tchau, Micael - sorriu - te vejo amanhã.

E o veria mesmo, pontual como hoje.

As Sessões - The SessionsOnde histórias criam vida. Descubra agora