- Então? - Micael perguntou ao médico que Sophia sempre ia, estava com Karen também.
- Não sei como dizer isso mas - colocou as mãos no bolso - foi um milagre.
- E ela está andando mesmo? - Karen sorriu.
- Andando não - o médico disse calmo - os movimentos só voltaram da cintura pra cima.
- O senhor acha que deve voltar às pernas também?
- Olha, acredito que não. Só com a ajuda da cirurgia.
Karen encarou Micael.
- Os movimentos das mãos dela ainda estão em níveis razoáveis - pausou - espero que você treine bastante, ainda está meio descoordenada - encarou Micael que assentiu.
- Pode deixar, mais alguma coisa em relação a isso?
- Vou deixar o nome da Sophia na fila, quem sabe algum doador não tenha piedade e converse com a gente.
- Ótimo, ótimo - assentiu.
O médico buscou Sophia que estava dentro da sala, a mesma na cadeira de rodas brincava com seus dedos, abria suas mãos e fechava em seguida.
- Vamos pra casa, já? - sorriu pra Micael.
- Vamos sim - ele fez o mesmo - obrigado, Doutor.
- Não precisa agradecer - sorriu - e você, treine essas mãos - brincou com Sophia.
Saíram do consultório, Karen foi na sua caminhonete e Micael foi em seu carro, a loira tinha ido pra sua casa enquanto os dois iam pra casa de Sophia. A mesma estava encantada com o movimento de suas mãos de volta, não sabia um terço da conversa com o médio mas estava feliz de ter esse progresso.
- Vejo que está feliz - Micael virou o volante.
- Isso é incrível - levantou um pouco o braço - olhe só - sorriu.
- Fiquei feliz por você.
- Você me ajudou, sem você isso não aconteceria - sorriu a Micael e colocou a ponta dos dedos no rosto do moreno.
Ela se encantou ainda mais.
- Algum problema? - sentiu o polegar dela gelado.
- É tão liso - ele achou graça - você faz a barba muito bem.
- Eu sou um homem e tanto, Sophia Abrahão - ela riu.
- Prepare o que vai falar, agora eu tenho movimentos - mostrou as mãos delicadas, Micael negou rindo.
Parou o carro no gramado e saiu do carro, tirou a cadeira de rodas e tirou Sophia de dentro do carro, colocando ela sentada. A levou pra dentro e trancou a porta, ninguém entraria mais ali, a não ser Karen com alguma emergência.
- O que vamos fazer agora?
- Vamos descansar - sentou-se na cadeira - deve ser cansada.
- Não, eu quero fazer alguma coisa - Sophia estava muito feliz.
- Eu já volto - Micael levantou-se novamente indo ao quarto das sessões, procurou uma espuma em formato de bolinha guardado em uma caixa metálica, voltou a cozinha dando nas mãos de Sophia.
- O que é isso? - encarou o objeto vermelho nas mãos.
- Isso é uma espuma terapêutica - sorriu - quero que fique apertando durante uma hora ou mais.
- Isso é muito, Micael.
- Sei que é mas, o melhor treinamento. Suas mãos ainda estão descoordenadas.
- Claro que não - decretou - eu consigo mexê-las.
O moreno ficou calado, foi até a pia pegando um copo de vidro, deu na mão direita de Sophia que segurou com delicadeza, mas não conseguiu manter o objeto muito tempo na mão, o copo caiu se retalhando em milhares de pedaços.
- Viu só? - arqueou as sobrancelhas - isso é o que acontece com a sua mão, não tem firmeza.
- Poderia me dar um copo de plástico, aposto que eu seguraria.
- Não seja teimosa - procurou uma vassoura e pá, limpou o local.
Sophia apenas o observou, ele era um homem e tanto.
- Podemos comemorar, que tal?
- Comemorar o que? - encarou Sophia.
- Minha vitória das mãos e sua vitória na medicina - ele riu.
- Tudo bem - respirou fundo - que tal pedirmos uma pizza?
- Uma pizza? Acho legal.
- Certo, vou pedir a pizza - riu leve levando Sophia até o quarto, colocou a mesma na cama e procurou o celular pedindo a tal pizza.
Esperaram por quarenta minutos mais ou menos, a loira fez Micael rir enquanto conversaram, ele contou tudo sobre a viagem, gostava muito de Sophia, não poderia negar.
O moreno escutou a campainha, deu o dinheiro ao entregador e pegou a pizza, o cheiro mexeu com seu estômago. Preparou um prato a Sophia e um para ele, voltou ao quarto deixando a mesma comer.
- Isso é estranho, sabia?
- Você comendo sozinha e totalmente sem coordenação? - achou graça, afinal era a terceira vez que o garfo de Sophia caía.
- Não ria de mim, estou quase acabando - mostrou a língua pra Micael.
- Eu estou vendo - comeu um pedaço de pizza e viu Sophia levar o garfo com um pouco de dificuldade até a boca. Até que um pedaço caiu em seu colo - espera, deixa eu te ajudar.
Micael largou seu prato e tirou o pedaço do colo de Sophia, mas a loira nem esperou, a força com que agarrou a blusa de Micael foi surreal, encostou os lábios nos lábios carnudos do moreno, o sentindo. Aquilo era maravilhoso, suas mãos passeando pelo rosto dele. Sophia estava no céu.
Até pensou que estivesse morta, mas era só a paixão aflorando.
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As Sessões - The Sessions
Roman d'amourRodeada de amigos, Sophia era a mais popular do grupo da faculdade. Em um acidente fatal acaba perdendo o movimento do corpo, tudo que precisava era de um doador para ter seus movimentos de volta, e um fisioterapeuta que cuidasse o máximo. Mal sabi...