- Hum, posso experimentar seu croissant? - Karen mordia a coxinha em que comia.
- Meu Deus Karen, de onde tirou tanta fome?
- O café do Micael me deu fome - explicou lambendo os dedos.
Falando nele, tinha aparecido na mesa em que estavam.
- Fazendo uma boquinha?
- Karen que implorou pra gente comer - Sophia revirou os olhos.
- E você também está comendo - Micael brincou.
- Eu não quero mais, de verdade - empurrou o prato com a metade do croissant.
- Posso comer então? - Karen entreolhou a amiga que estava boquiaberta.
- Como foi lá com o doutor Price? - Sophia encarou Micael.
- Ele queria me chamar pra fazer parte do time.
- Vão jogar futebol? - a loira que agora comia o croissant encarou os dois.
- Ele tecnicamente me chamou pra trabalhar aqui.
- Micael, isso é ótimo - Sophia sorriu - e por que não aceitou?
- Não quero te deixar sozinha, você sabe.
- Oh, gente, eu estou comendo - Karen bateu os pés.
- Mas você vai aceitar, diga que sim - sorriu.
- Meu amor, eu ainda não sei - olhou ao redor - esse lugar é meio, sei lá.
- Muita gente de classe andando perto de você?
- Exatamente - sorriram - eu ainda vou pensar, tem muito tempo.
- Pense direito, por favor - Micael beijou Sophia que sorriu durante.
- Quer saber? Vamos embora - Karen se levantou.
- Matou a sua fome de cinquenta e quatro leões? - Sophia perguntou debochada.
- Ainda quero aquele cupcake de estrelinhas, que está ali no vidro - disse calma, Micael arregalou os olhos, o que estava acontecendo?
Acordou com a fome toda.
- Vamos embora, antes que a Karen coma a praça de alimentação inteira - Micael foi de encontro com Sophia administrando a cadeira, Karen namorava o cupcake que continha confeitos de estrelinha.
Entraram no carro partindo pra casa de Sophia, quando chegaram Karen fez questão de entrar em sua caminhonete e ir pra casa. Os dois estavam sozinhos novamente.
Micael tirou a mesa enquanto Sophia o observava.
- Estou com medo - decretou.
- Por que? - abriu a torneira enxaguando as canecas.
- Doutor Price disse que o homem teve alguns problemas, eu não sei direito.
- Está com medo dos problemas dele passar na genética?
- Um pouco.
- Amor, vai dar tudo certo - disse calmo - você precisa ter confiança pra isso.
- Eu sei mas, estou com medo.
- Você já fez diversas cirurgias, não pode estar com medo dessa - a acalmou - vai ficar tudo bem, e eu vou cuidar de você.
- Esperei dois anos pra isso - suspirou - finalmente.
- Eu disse pra você que existem pessoas boas no mundo - se virou sorrindo à Sophia - só basta acreditar.
Acreditar, foi a última palavra antes de Micael deixar a louça escorregar fazendo um impacto dentro da pia.
E sua mão, escorrendo sangue.
- Merda - encarou o tecido da pele em vermelho puro, colocou debaixo d'água aliviando.
- Está tudo bem?
- Está sim, só foi um pequeno corte - não foi não.
- Deixe me ver - pediu.
- Está tudo bem, amor - sorriu falso - vou cuidar disso.
- Me deixe cuidar disso, por favor - implorou - o máximo que eu posso fazer por você, depois de tudo o que está fazendo por mim.
Suas palavras foram tão doces, Sophia tinha uma cara angelical pedindo ao namorado pra que cuidasse de seu machucado. Micael atordoado fechou a torneira, enrolou a mão em um pano de prato apertando até o último, levou Sophia até o quarto e pegou o quite de primeiros socorros dando na mão da namorada, sentou-se na cama de frente a ela.
- Meu Deus - pegou na mão de Micael sujando suas pernas - isso aqui está muito fundo.
- Não está nada - queixou-se - tem tudo o que precisa aí?
- Amor, isso aqui precisa de pontos.
- Não precisa.
- Está com medo, Borges?
- Claro que não - mentiu, estava morrendo de medo - eu não tenho medo de nada.
- Aham - segurou o riso.
- Então, a minha mão vai ficar boa, senhorita Abrahão?
- Vai sim, senhor Borges - sorriu - só precisamos de um bom hospital e de uma boa agulha pra costurar isso.
- Sophia, eu não vou sair daqui pra costurar um machucado de nada.
- Vai ficar com a mão cortada até inflamar?
- Não vai inflamar, sei que estou fazendo - levantou-se indo até o banheiro.
- Micael Borges, não apronte.
- Eu não vou, acredite - e não ia.
Pensando bem, ia sim. Tudo pra fugir de uma agulha.
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As Sessões - The Sessions
RomanceRodeada de amigos, Sophia era a mais popular do grupo da faculdade. Em um acidente fatal acaba perdendo o movimento do corpo, tudo que precisava era de um doador para ter seus movimentos de volta, e um fisioterapeuta que cuidasse o máximo. Mal sabi...