O dia tinha amanhecido, os raios de sol entraram um pouco no quarto fazendo com que Micael se remexesse na poltrona nada confortável. Mas não foi isso que o acordou.
- Eu cheguei inconsciente no hospital - a voz de Sophia era suave - alguns médicos me levaram pra sala de cirurgia, no meio do corredor eu fui acordando aos poucos - Micael escutava tudo, abriu os olhos lentamente franzindo a sobrancelha e encarando Sophia - uma médica disse que eu tinha acordado, e eu falei que não queria morrer - uma lágrima escorreu - quando eu estava sendo preparada pra cirurgia ela me disse pra ser forte - encarou a janela chorando - e eu fui forte, aguentei toda a cirurgia, senti minha mãe ali comigo, cantando a música que me fazia dormir todas as noites - sorriu lembrando - eu sinto muita falta dela.
Micael engoliu seco pegando a mão de Sophia, beijou a mesma e sorriu após.
- Está tudo bem, tenho certeza que ela está te olhando e se orgulhando da sua recuperação.
- Por favor, não me deixe sozinha - pediu ainda aos prantos.
- É claro que não, eu não sou louco de te deixar, pelo amor de Deus - acalmou Sophia - você faz parte de mim agora, eu nunca vou te deixar.
Sophia assentiu várias vezes sabendo que Micael não a deixaria, o moreno segurava sua mão em tom terno transmitindo toda sua paz, ela ainda estava agitada com o surto mas respectivamente bem, ele tirou isso no olhar dela.
A loira recebeu alta um pouco mais tarde, Micael a ajudou colocar o vestido novamente e assim partiram pra casa.
- Vou fazer panquecas, que tal? - deixou Sophia na mesa da cozinha.
- Estou morrendo de fome - disse calma. Micael sorriu.
- Está bem mesmo? Não sente nenhuma dor?
- Não - balançou a cabeça.
Micael decidiu não falar sobre os surtos, se contasse seria pior. Continuou fazendo as panquecas pro café e deixou na frente de Sophia que comeu muitas, estava com fome, realmente, efeito do remédio.
Quando terminou ela se queixou de sono, ele entendeu, preparou a cama pra mesma ajeitando Sophia nos travesseiros, nem houve segundos pra que ela caísse no sono novamente.
Micael andou até a cozinha, lavou os pratos e deixou tudo arrumado, foi na sala das sessões dando um jeito de esconder a caixa com objetos masoquistas, abriu vendo o conteúdo que tinha dentro, certamente era coisa demais, coisa que nunca tinha visto na vida. Pegou o açoite dando de leve em suas mãos, ardeu mais do que deveria.
- Santo Deus - grunhiu de dor.
Balançou a cabeça guardando o açoite novamente, escondeu a caixa em um armário que tinha no quarto, pegou o livro que tinha comprado dando uma lida, tinha que saber como funcionava.
- Capítulo um, sobre os objetos - leu em voz alta virando a página. Sentou-se na esteira acolchoada ficando vidrado no livro.
Não sairia dali tão cedo, a menos que Sophia o chamasse.
- Micael? - escutou a voz de Sophia.
- Oi, eu já vou - fechou o livro escondendo dentro da caixa.
Saiu do quarto das sessões indo de encontro ao quarto de Sophia, ela tinha arrumado os travesseiros ficando um pouco sentada, sorriu quando o viu.
- Onde estava?
- Verificando aquelas barras do quarto, você vai usar muito elas quando fazer a cirurgia - sorriu.
- Devem estar firmes - bocejou.
- Ainda com sono?
- Um pouco, não sei o que tomei mas foi muito forte - bocejou novamente.
- Os remédios são fortes, o bom é que você está bem.
- Que horas são? - franziu o cenho.
- São quase cinco - até ele se chocou - e nem almoçamos.
- Meu Deus, eu dormi demais - ainda estava sonolenta - nem assisti TV hoje.
Micael riu.
- Você fica linda quando está dormindo, fica linda quando sorri.
- Você vai me cantar justo agora? - estava corada.
- Não digo cantar mas, vou dizer o tanto que te amo - Sophia corou ainda mais quando Micael chegou perto.
- Deixa eu te beijar - sussurrou tocando suas mãos no rosto de Micael.
- Faça o que você quiser, meu amor - e ela fez, beijou Micael como se hoje fosse o último dia na terra.
E ele era sortudo por ter ela em sua vida.
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As Sessões - The Sessions
RomanceRodeada de amigos, Sophia era a mais popular do grupo da faculdade. Em um acidente fatal acaba perdendo o movimento do corpo, tudo que precisava era de um doador para ter seus movimentos de volta, e um fisioterapeuta que cuidasse o máximo. Mal sabi...