- Me ajuda aqui - Karen chamou a loira que estava olhando o guarda roupa do bebê, Micael tinha deixado Sophia lá.
- Pra que tanto plástico?
- Estamos pintando - encararam a parede - você curtiu essa cor?
- É uma cor neutra - observou o tom - já sabem o que é?
- Ainda não, a obstetra vai fazer surpresa - Karen pegou um rolo de tinta, entrou outro a Sophia.
Iria ter que ajudá-la.
- Você está curtindo essa ideia de ser mãe, não está? - começou a pintar a outra parede.
- Estou sim, no começo você estranha, pensa que vai morrer - riu leve - mas depois, tudo vira um mar de rosas.
Sophia ficou quieta novamente.
- Mas e você? Já deve ter feito um plano quando se casar com Micael.
- Já sim, vamos viver felizes juntos, apenas o nosso amor.
- E com filhos, sim?
- Não! - disse dura.
- Por que não?
- Porque não - disse dura mais uma vez, Karen estranhou.
- Eu aposto que ele vai querer filhos com você.
- Se ele quiser, ele que entre na justiça e adote um. De mim não vai nascer - continuou pintando com a cara fechada, Karen sentiu a grosseria de longe.
- Nossa!
- O que foi? - encarou ela.
- Nada, eu só estava pensando alto - sorriu falsa - como está indo a sua recuperação? Quer dizer, o grupo de apoio.
- É legal, tem pessoas divertidas lá, com o mesmo problema que eu, tecnicamente.
- Você já arrumou alguma amiga?
- Ciúmes?
- Não, eu só quero saber.
- Eu odeio quando você se banca a mãe.
- Sophia, eu não estou entendendo essa sua rebeldia.
- Você ficou hipócrita, Karen. Desde o momento que começou a carregar esse bebê.
- E qual o problema disso? Eu não fiquei hipócrita.
- Ficou sim - soltou o rolo de tinta que caiu no plástico - olha isso aqui, você nunca faria isso na vida, nunca. E pensar que você queria abortar.
- Você realmente está bem? Parece que não está falando coisa com coisa.
- Eu estou ótima, mas você só quer falar desse bebê, eu não aguento mais isso. Chega, isso é ridículo - observou o quarto que estava ficando arrumado aos poucos.
- Você é ridícula, nunca vai saber o quão bom é ser mãe.
- Nunca mesmo, porque eu não quero ser mãe, eu não quero dar uma família ao Micael. Ele é só meu e vamos viver o nosso amor juntos - bateu os pés.
- Eu não creio que escutei isso - Karen negou com a cabeça - no que você se transformou?
- Em uma pessoa que não é careta.
- Pra mim você é uma criança dizendo esse monte de merda.
- Vá se foder, você e o seu bebê.
- É, eu vou mesmo - estava com raiva - saia da minha casa, agora!
Sophia encarou o chão de cabeça quente, saiu do quarto e atravessou a sala dando um jeito de sair da casa de Karen.
A pele quente já dizia o quão com raiva estava, buscou seu celular discando o número de Micael que atendeu no segundo toque, trocaram poucas palavras e ele iria buscar ela. Sophia sentou na calçada esperando pelo noivo que em minutos tinha aparecido.
- Ei, o que houve? - Sophia bateu à porta do carro, cruzou os braços.
- Briguei com Karen.
- Por que?
- Ela me tirou do sério, só isso.
- Pra ela te tirar do sério alguma coisa aconteceu.
- Ela estava falando daquele bebê, não para de falar nunca dele.
- Você está com ciúmes?
- Claro que não - emburreceu.
- Parece que sim - tentou brincar com Sophia que virou o rosto - nossa amor, é com ela que você está com raiva, não eu.
- Desculpa, é que eu... - não conseguiu terminar - isso é um saco.
- Não fica assim - fez carinho em sua cabeça - vou te fazer esquecer isso.
- Com sorvete? - deu um meio sorriso.
- Com uma coisa mais gostosa ainda - sorriram.
Agora sim Sophia iria melhorar.
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As Sessões - The Sessions
RomanceRodeada de amigos, Sophia era a mais popular do grupo da faculdade. Em um acidente fatal acaba perdendo o movimento do corpo, tudo que precisava era de um doador para ter seus movimentos de volta, e um fisioterapeuta que cuidasse o máximo. Mal sabi...