- Perdida? - decidiu falar.
- E com problemas - sorriu leve.
- Você não parece que tem problemas.
- Pareço sim, eu estou bebendo.
- Então você bebe quando tem problemas? - pediu mais um uísque.
- Todo mundo faz isso - sorriu pro moreno que quase morreu, era linda. Tão doce e carismática.
- É verdade, vou ter que concordar com você.
- Então você também tem problemas?
- Tenho, e estou descontando no uísque.
- Com duas pedras de gelo - assentiu.
- Servida? - levantou o copo.
- Por enquanto não - colocou uma mecha atras da orelha.
- Você é linda.
- Isso foi uma cantada? - ficou surpresa.
- Se quiser que seja... - bebeu seu uísque.
- Você também é lindo, uma obra de arte como diria minha prima - riram.
- Sua prima fala essas cafonices?
- Ela é cafona - Micael riu. O celular da menina começou a vibrar desesperadamente.
- Ahã - imitou uma coceira na garganta - pelo visto ela não é a única cafona.
- Você acha isso cafona? - mostrou o celular que estava no aplicativo de relacionamentos.
- Na minha opinião? Eu acho. Procurar relacionamento? - riu consigo.
- Esse não é um aplicativo próprio pra relacionamento - pausou - é só um match pra gente trepar.
- Pra trepar? - se interessou - e como funciona?
- A gente dá match e procuramos um local de encontro, trepamos e depois fingimos que nada aconteceu.
- Sem relacionamentos?
- Sem relacionamentos, apenas trepadas - sorriram - eu quero mais uma cerveja - chamou o garçom que buscou a cerveja.
- Nada de caipirinha?
- Parei - riram.
- Nada de uísque, vou te acompanhar - sorriu a menina que fez o mesmo. O garçom trouxe as cervejas em que pediram.
- Então quer dizer que você não é daqui.
- Não, sou de Passadena.
- Passadena? O que faz aqui em Denver?
- Estava a trabalho - bebeu sua cerveja - não deu muito certo e vim parar nesse bar.
Ele riu.
- Faz tempo que mora aqui?
- Alguns meses, essa cidade é difícil de adaptar.
- Eu quem o diga.
- Mas e você? Qual é o seu problema da noite?
- Meu problema da noite? - tinha um sorriso nos lábios - meu problema é uma merda.
- Todos são - encorajou - me conta, vai ser melhor.
- Tudo bem, tudo bem - respirou fundo - eu cuido de uma pessoa quase paraplégica.
- Como assim quase paraplégica? - ficou confusa.
- Ela sofreu um acidente que a deixou paralisada, mas os movimentos vão voltar, algum dia, não sei - franziu a sobrancelha - o problema é que a gente brigou e ela é muito minha amiga - mentiu.
- Que cagada - bebeu sua cerveja novamente - mas esse lance de cuidar de pessoas assim não é fácil, ou é?
- Não é não, ainda mais ela que é nova.
- Ela tem a nossa idade?
- Tem.
- Que foda - riu - então você olha ela pelada?
- Eu tenho que olhar, até pra limpar ela.
- E você não fica de pau duro? Sei lá, é estranho - estava se interessando.
- Muito estranho, nos primeiros dias eu pensei que não ia aguentar a barra - pausou - mas até que foi fácil, às vezes não.
- Eu não daria conta - riu - se fosse um cara muito gostoso, pelado e em uma cadeira de rodas, eu não aguentaria.
- Não aguentaria? - ficou surpreso.
- Não aguentaria - riram - você me fez lembrar de quando eu trabalha em um puteiro.
- Um puteiro? Não me diga que...
- Não, não - negou com a cabeça - eu trabalhei com confiscações.
- Confiscações?
- É, eu ficava confiscando as meninas que trabalhavam lá, pra ver se não levavam drogas ou outro tipo de coisa pro quarto.
- Até que era um trabalho bacana.
- Não era não - Micael riu - eu ficava cansada pra caralho, quando andava nos corredores elas saiam dos quartos, geralmente com os peitos de fora.
- Eu ia adorar trabalhar em um lugar como esse.
- Não ia não.
- Ia sim - assentiu rindo.
Se entreolharam mais uma vez, Micael estava obcecado e nem sabia seu nome.
Era a bebida agindo.
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As Sessões - The Sessions
RomansaRodeada de amigos, Sophia era a mais popular do grupo da faculdade. Em um acidente fatal acaba perdendo o movimento do corpo, tudo que precisava era de um doador para ter seus movimentos de volta, e um fisioterapeuta que cuidasse o máximo. Mal sabi...