Capítulo 60

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- Perdida? - decidiu falar.

- E com problemas - sorriu leve.

- Você não parece que tem problemas.

- Pareço sim, eu estou bebendo.

- Então você bebe quando tem problemas? - pediu mais um uísque.

- Todo mundo faz isso - sorriu pro moreno que quase morreu, era linda. Tão doce e carismática.

- É verdade, vou ter que concordar com você.

- Então você também tem problemas?

- Tenho, e estou descontando no uísque.

- Com duas pedras de gelo - assentiu.

- Servida? - levantou o copo.

- Por enquanto não - colocou uma mecha atras da orelha.

- Você é linda.

- Isso foi uma cantada? - ficou surpresa.

- Se quiser que seja... - bebeu seu uísque.

- Você também é lindo, uma obra de arte como diria minha prima - riram.

- Sua prima fala essas cafonices?

- Ela é cafona - Micael riu. O celular da menina começou a vibrar desesperadamente.

- Ahã - imitou uma coceira na garganta - pelo visto ela não é a única cafona.

- Você acha isso cafona? - mostrou o celular que estava no aplicativo de relacionamentos.

- Na minha opinião? Eu acho. Procurar relacionamento? - riu consigo.

- Esse não é um aplicativo próprio pra relacionamento - pausou - é só um match pra gente trepar.

- Pra trepar? - se interessou - e como funciona?

- A gente dá match e procuramos um local de encontro, trepamos e depois fingimos que nada aconteceu.

- Sem relacionamentos?

- Sem relacionamentos, apenas trepadas - sorriram - eu quero mais uma cerveja - chamou o garçom que buscou a cerveja.

- Nada de caipirinha?

- Parei - riram.

- Nada de uísque, vou te acompanhar - sorriu a menina que fez o mesmo. O garçom trouxe as cervejas em que pediram.

- Então quer dizer que você não é daqui.

- Não, sou de Passadena.

- Passadena? O que faz aqui em Denver?

- Estava a trabalho - bebeu sua cerveja - não deu muito certo e vim parar nesse bar.

Ele riu.

- Faz tempo que mora aqui?

- Alguns meses, essa cidade é difícil de adaptar.

- Eu quem o diga.

- Mas e você? Qual é o seu problema da noite?

- Meu problema da noite? - tinha um sorriso nos lábios - meu problema é uma merda.

- Todos são - encorajou - me conta, vai ser melhor.

- Tudo bem, tudo bem - respirou fundo - eu cuido de uma pessoa quase paraplégica.

- Como assim quase paraplégica? - ficou confusa.

- Ela sofreu um acidente que a deixou paralisada, mas os movimentos vão voltar, algum dia, não sei - franziu a sobrancelha - o problema é que a gente brigou e ela é muito minha amiga - mentiu.

- Que cagada - bebeu sua cerveja novamente - mas esse lance de cuidar de pessoas assim não é fácil, ou é?

- Não é não, ainda mais ela que é nova.

- Ela tem a nossa idade?

- Tem.

- Que foda - riu - então você olha ela pelada?

- Eu tenho que olhar, até pra limpar ela.

- E você não fica de pau duro? Sei lá, é estranho - estava se interessando.

- Muito estranho, nos primeiros dias eu pensei que não ia aguentar a barra - pausou - mas até que foi fácil, às vezes não.

- Eu não daria conta - riu - se fosse um cara muito gostoso, pelado e em uma cadeira de rodas, eu não aguentaria.

- Não aguentaria? - ficou surpreso.

- Não aguentaria - riram - você me fez lembrar de quando eu trabalha em um puteiro.

- Um puteiro? Não me diga que...

- Não, não - negou com a cabeça - eu trabalhei com confiscações.

- Confiscações?

- É, eu ficava confiscando as meninas que trabalhavam lá, pra ver se não levavam drogas ou outro tipo de coisa pro quarto.

- Até que era um trabalho bacana.

- Não era não - Micael riu - eu ficava cansada pra caralho, quando andava nos corredores elas saiam dos quartos, geralmente com os peitos de fora.

- Eu ia adorar trabalhar em um lugar como esse.

- Não ia não.

- Ia sim - assentiu rindo.

Se entreolharam mais uma vez, Micael estava obcecado e nem sabia seu nome.

Era a bebida agindo.

As Sessões - The SessionsOnde histórias criam vida. Descubra agora