- Olha essa coroa de flores - Sophia apontou.
- Cafona demais, pula.
- Por que cafona? Tem as cores que eu gosto.
- É um casamento ou uma parada Gay?
- Você é muito ridícula, Karen.
- E você é muito cafona - encararam a tela do notebook.
- Tá, podemos pular essa parte da coroa de flores.
- Por que você não compra um caminho de flores? Pra colocar nas cadeiras dos convidados.
- Não vou casar na praia, isso é muita cafonice! - alfinetou a amiga.
- Cafonice é o seu cu que o Micael come todos os dias.
- Se comesse todos os dias eu não estaria andando - piscou rápido.
- Desnecessária.
- Voltando as flores, vão ser brancas e ponto.
- Brancas? É, pode ser - pensou - melhor que coloridas.
- Hum, agora vamos ver... - digitou na busca do site - lembrancinhas.
- Isso o buffet pode te ajudar.
- E se eu quiser a parte?
- Você está muito chata, Sophia.
- Não estou não, que coisa - se irritou - é o meu casamento, você não pode opinar.
- Acontece que quem pediu a minha ajuda foi você.
- Péssima ideia.
- Ah, é? - Karen se levantou - bom saber disso.
- Calma aí, Karen - segurou nas mãos da amiga - me desculpa, eu estou de tpm.
- Pra mim isso tem outro nome.
- Me desculpe, eu me alterei.
Karen deu de ombros.
- Você continuar vendo essas coisas?
- Melhor não, o buffet é melhor - fechou o notebook.
- Tem algo que você queira me dizer?
- Está tudo bem, só isso.
- Você parece muito estranha, de verdade - ficou séria.
- É normal, eu fico irritada porque estou aqui, sozinha.
- Você pode ir lá pra casa quando quiser, sabe que eu vou te buscar.
- Não quero te incomodar.
- Sophia, para de graça. Eu sinto sua falta também, ficar sozinha é um porre.
- Eu quem o diga - bufou.
- Me contar seria uma bela opção.
- Não está acontecendo nada, acredite - sorriu.
- Vou acreditar nessa sua história - deu meio sorriso. Karen encarou o celular.
- Ethan?
- Não, é outra coisa - se levantou - é do grupo de adoção, tenho uma reunião daqui a duas horas.
- Nossa, então vá - ficou preocupada - depois me liga pra dizer o que aconteceu.
- Ligo sim, amiga - se despediu rápido de Sophia - beijo, beijo.
- Beijo - viu a amiga sair apressada de sua casa, entrou na caminhonete e foi-se.
Lá estava Sophia sozinha novamente, a sua rotina diária.
Não tinha o que fazer, estava com a cabeça ocupada demais em decorações de casamento. Levantou-se da mesa indo até seu quarto, abriu o guarda roupa olhando suas centenas de roupas, por Deus era um milagre caber tudo ali. Pegou um cabide sentindo o cheiro das camisas sociais de Micael, não usava muito mas o cheiro do seu perfume impregnava. Vasculhou mais alguns cabides até achar uma parte com suas calças decoladas na época em que usava bastante, colocou o monte em cima da cama e vestiu.
Se Sophia cronometrasse, a calça entraria nela a uns dois meses atrás.
- Vamos! - fez o máximo de força tentando encaixar seus quadris, sem sucesso.
Andou até o banheiro vendo o que tinha de errado, e ela achou.
Tocou seu ventre duro e quente criando forma, o toque de seus dedos era de puro choque, havia um ser vivo ali, sentindo o que Sophia sentia, se alimentando do que Sophia comia, uma infinidade de coisas que só ela poderia dizer nessa mudança de humor. Suas mãos acolheram mais a barriga tocando algumas partes, era lindo de se ver.
- Eu odeio você - suas lágrimas caíram enquanto sorria boba - espero que saiba disso - sorriu mais uma vez - minha doença é imprevisível, eu te amo muito mais que o meu coração diz, mas infelizmente minha mudança é terrível. Eu não queria que isso acontecesse - chorou ainda mais - tudo isso vai mudar, bebê. Vai mudar, eu prometo que vou ser uma boa mãe, uma ótima mãe, e saiba que atrás desse sentimento horroroso - encarou o ventre - a mamãe te ama.
Sorriu entre as lágrimas, só ela e seu bebê poderiam compartilhar isso.
A não ser Micael espionando mais uma vez pela porta.
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As Sessões - The Sessions
RomanceRodeada de amigos, Sophia era a mais popular do grupo da faculdade. Em um acidente fatal acaba perdendo o movimento do corpo, tudo que precisava era de um doador para ter seus movimentos de volta, e um fisioterapeuta que cuidasse o máximo. Mal sabi...