Capítulo 173

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- Olha essa coroa de flores - Sophia apontou.

- Cafona demais, pula.

- Por que cafona? Tem as cores que eu gosto.

- É um casamento ou uma parada Gay?

- Você é muito ridícula, Karen.

- E você é muito cafona - encararam a tela do notebook.

- Tá, podemos pular essa parte da coroa de flores.

- Por que você não compra um caminho de flores? Pra colocar nas cadeiras dos convidados.

- Não vou casar na praia, isso é muita cafonice! - alfinetou a amiga.

- Cafonice é o seu cu que o Micael come todos os dias.

- Se comesse todos os dias eu não estaria andando - piscou rápido.

- Desnecessária.

- Voltando as flores, vão ser brancas e ponto.

- Brancas? É, pode ser - pensou - melhor que coloridas.

- Hum, agora vamos ver... - digitou na busca do site - lembrancinhas.

- Isso o buffet pode te ajudar.

- E se eu quiser a parte?

- Você está muito chata, Sophia.

- Não estou não, que coisa - se irritou - é o meu casamento, você não pode opinar.

- Acontece que quem pediu a minha ajuda foi você.

- Péssima ideia.

- Ah, é? - Karen se levantou - bom saber disso.

- Calma aí, Karen - segurou nas mãos da amiga - me desculpa, eu estou de tpm.

- Pra mim isso tem outro nome.

- Me desculpe, eu me alterei.

Karen deu de ombros.

- Você continuar vendo essas coisas?

- Melhor não, o buffet é melhor - fechou o notebook.

- Tem algo que você queira me dizer?

- Está tudo bem, só isso.

- Você parece muito estranha, de verdade - ficou séria.

- É normal, eu fico irritada porque estou aqui, sozinha.

- Você pode ir lá pra casa quando quiser, sabe que eu vou te buscar.

- Não quero te incomodar.

- Sophia, para de graça. Eu sinto sua falta também, ficar sozinha é um porre.

- Eu quem o diga - bufou.

- Me contar seria uma bela opção.

- Não está acontecendo nada, acredite - sorriu.

- Vou acreditar nessa sua história - deu meio sorriso. Karen encarou o celular.

- Ethan?

- Não, é outra coisa - se levantou - é do grupo de adoção, tenho uma reunião daqui a duas horas.

- Nossa, então vá - ficou preocupada - depois me liga pra dizer o que aconteceu.

- Ligo sim, amiga - se despediu rápido de Sophia - beijo, beijo.

- Beijo - viu a amiga sair apressada de sua casa, entrou na caminhonete e foi-se.

Lá estava Sophia sozinha novamente, a sua rotina diária.

Não tinha o que fazer, estava com a cabeça ocupada demais em decorações de casamento. Levantou-se da mesa indo até seu quarto, abriu o guarda roupa olhando suas centenas de roupas, por Deus era um milagre caber tudo ali. Pegou um cabide sentindo o cheiro das camisas sociais de Micael, não usava muito mas o cheiro do seu perfume impregnava. Vasculhou mais alguns cabides até achar uma parte com suas calças decoladas na época em que usava bastante, colocou o monte em cima da cama e vestiu.

Se Sophia cronometrasse, a calça entraria nela a uns dois meses atrás.

- Vamos! - fez o máximo de força tentando encaixar seus quadris, sem sucesso.

Andou até o banheiro vendo o que tinha de errado, e ela achou.

Tocou seu ventre duro e quente criando forma, o toque de seus dedos era de puro choque, havia um ser vivo ali, sentindo o que Sophia sentia, se alimentando do que Sophia comia, uma infinidade de coisas que só ela poderia dizer nessa mudança de humor. Suas mãos acolheram mais a barriga tocando algumas partes, era lindo de se ver.

- Eu odeio você - suas lágrimas caíram enquanto sorria boba - espero que saiba disso - sorriu mais uma vez - minha doença é imprevisível, eu te amo muito mais que o meu coração diz, mas infelizmente minha mudança é terrível. Eu não queria que isso acontecesse - chorou ainda mais - tudo isso vai mudar, bebê. Vai mudar, eu prometo que vou ser uma boa mãe, uma ótima mãe, e saiba que atrás desse sentimento horroroso - encarou o ventre - a mamãe te ama.

Sorriu entre as lágrimas, só ela e seu bebê poderiam compartilhar isso.

A não ser Micael espionando mais uma vez pela porta.

As Sessões - The SessionsOnde histórias criam vida. Descubra agora