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Pov Carla

Vinte um anos, era exatamente esse tempo que fiquei desorientada, triste e infeliz. Minha filha caçula foi roubada e eu nem pude fazer nada, porque simplesmente não vi. Fui enganada de uma forma que nem sei descrever. Nunca esperei que tivesse pessoas tão ruim de coração que não se preocupassem com à dor de uma mãe. Eu estava sofrendo e não só eu, mas minha família toda. Pois além de me sentir culpada pelo que houve, e ainda me isolei e deixei meus filhos e marido que ainda precisavam de mim de lado. Meu sofrimento era tanto que não tinha ânimo para sair do quarto da minha menina.

Eu passei nove meses esperando tanto por ela. Passei nove meses tendo à certeza que Ray e Eu teríamos nossa princesa depois de ter tido dois homenzinhos. Mirela, nome dado pelos seus irmãos, era à menina mais linda que eu já havia visto. Seus cabelos escuros, seus olhos azuis, era à princesinha em pessoa. Nós à amávamos tanto, que durante os quatro meses que ela esteve com à gente, não parávamos de mimá-la. Até mesmo seus irmãos que estavam ainda com pouca idade, e eu achei que eles ficariam com ciúmes. Mas não, eles à amaram desde quando souberam que ela estava por vir. E meu erro foi ter prestado atenção em uma criança que não era minha, meu erro foi ter dado atenção em uma mulher que nunca tinha visto na vida, e assim meu sofrimento veio à tona.

Eu tinha esperança que tudo desse certo. Tinha esperança que alguns dos detetives que colocamos atrás do paradeiro dela à trouxesse de volta para mim. Porém parecia que à pessoa que à pegou sumiu do mapa. Ninguém sabia nada dela. E eu estava cada dia mais triste e com um vazio que não sabia como sairia de dentro de mim.

Ray e eu criamos à Fundação para que pessoas que passaram o mesmo que eu e até mesmo que sofressem algo na vida viessem em busca de amparo. Eu até tomava conta do lugar, mas eu não estava bem para aquilo. Me via perdida toda vez que olhava um bebê nas mãos de mães que não sabiam o que faria com eles, pois não tinham condições. Me resignei em me trancar no quarto da minha princesa. Passei anos e anos ali olhando para aquele quarto na esperança da dor de ter pedido minha princesa passasse.

Os anos passaram e meus filhos resolveram estudar fora. Ray e eu não aceitamos de bom grado essa decisão, pois já tínhamos perdido nossa filha e não queríamos perder nossos dois filhos. Porém não tivemos muito o que dizer. Era da vida e da carreira deles que estávamos falando. Nunca foi à minha intenção e nem do pai deles de privá-los de nada. Então acabamos aceitando e eles foram com à promessa de voltarem e também de ligarem sempre. E assim foi por anos. Passei anos seus meus filhos, dois deles tendo à certeza onde estavam e como estavam e infelizmente à minha princesa não sabendo nada. Nem uma ligação pedindo resgate, nem uma notícia dizendo que ela estava morta. Mas com tudo minha esperança não morreu. Ela iria ser encontrada e voltaria para mim.

Quando os meninos voltaram anos depois fiquei muito feliz. Mesmo não demonstrando, porque minha dor no peito ainda era grande, eu estava feliz por ter os dois ali e queria que nunca mais eles saíssem do meu lado. Eles começaram à conversar comigo para sair do quarto. Ethan me cobrava mais. Mas eu ainda não estava preparada para sair do quarto de Mirela e me sentir perdida. Porém não era só minha família que sentia minha falta. Grace e sua família também. Já que Christian era meu afilhado. E Nem no casamento dele nós fomos, devido ao meu estado. E eles queriam à gente mais próximos da família como era antes.

Me convenceram, e eu passei à jantar e almoçar com todos. Mas não tinha ânimo ainda para voltar à minha rotina. Eles saiam de casa e eu me refugiava no quarto de Mirela. Era mais forte do que eu. Ela tinha que ser encontrada mesmo que já tivessem passado anos.

Mais dias foram se passando até que Elliot trouxe sua namorada aqui em casa. Mas ela pareceu não se sentir muito bem e não tivemos à chance de conhecê-la. Em Conversa com meu filho, ele me disse que ela estava bem, mas quando questionou à ele sobre à foto de Mirela ela ficou estranha e começou à chorar, saindo daqui transtornada. Fiquei intrigada com isso. E por aí minha vida só mudou. Kate uma semana depois pediu uma reunião e disse que sua meia irmã é na verdade à minha filha. Meu coração saltou pela boca. Meus olhos não paravam de lacrimejar. Eu só queria ir na casa de Christian e abraçá-la, dizer que ela era minha filha. Porém tive que me segurar e fazer as coisas com calma até à mesma entender que à vagabunda, sequestradora de crianças não era sua mãe, mas sim uma criminosa. E eu adoraria acabar com à raça dela. E eu tinha certeza ali que não iria demorar.

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