Prólogo

1.5K 84 13
                                    

Respira fundo que vai dar tudo certo. Eu repetia isso várias vezes pra me acalmar enquanto fazia minhas malas. Finalmente estava indo para a faculdade que eu tanto sonhei entrar, mas que ficava na cidade vizinha. O que significa... Mudar da casa dos meus pais.

Pra minha felicidade, Anne e Lucy, minhas melhores amigas também estariam lá e eu já estava rezando pra nós ficarmos no mesmo quarto ou pelo menos no mesmo prédio. Ainda tinha o meu primo, Thomas, que já estudava lá há um ano e eu já o enchia de perguntas para descobrir como funcionava tudo na universidade.

- Filha? Quer alguma ajuda? - Minha mãe entra no meu quarto. Ela deve saber o quanto eu estou ansiosa e vem me fazer companhia.

- Quero mãe, preciso de uma caixa para colocar as roupas que vou doar. - Digo mostrando a pilha de roupas que eu não queria mais.

- Vou buscar e já volto querida, qualquer coisa grita... - Eu rio enquanto ela deixa meu quarto e continuo a arrumar a mala.

Horas depois, estou fechando a última mala, quase terminando tudo e me jogo na cama olhando meu quarto inteiro e com várias recordações da minha infância e adolescência naquele lugar rodeando minha mente. Eu ia sentir falta dali, mas estava mais do que pronta para minha nova fase.

...

Na manhã seguinte, desço para tomar café após fazer minha higiene matinal e encontro minha mãe chorando na cozinha.

- Ei mãe, eu não vou estar longe.... Venho aqui sempre te visitar. - Eu a abraço por um longo tempo.

- Se cuida Eve! Você sempre foi muito responsável ,mas é um mundo novo, então por favor, muito cuidado filha... - Ela diz e me abraça de novo.

- Pode deixar mãe, eu aprendi muito com vocês, vou manter meus pés no chão... E qualquer coisa, eu fujo pra casa. - Eu rio e vou sentar para comer.

Meu pai logo chega e me abraça, mas saí apressado para arrumar minhas malas no carro. Ele não é de expressar sentimentos, então foge nos assuntos mais delicados.

- Ele está inquieto desde ontem, acho que ainda não se acostumou com a ideia. - Minha mãe fala.

- Eu entendo, não está sendo fácil pra ninguém mãe... - Respondo com a voz embargada.

Continuamos a comer e quando termino a ajuda a limpar tudo e ela só me olha agradecida. Subo para pegar o resto das minhas coisas e paro um instante tomando coragem pra seguir em frente.

Quando volto, meus pais estão esperando na porta de casa e eu me encaminho para o carro já que eles iam me levar até lá. Era uma viagem de três horas, mas eu tenho certeza que iriam durar uma eternidade.

Viajamos praticamente em silêncio, exceto por alguns comentários sobre o clima ou sobre o que acontecia na estrada. Quando estávamos quase chegando, mando mensagem para Anne e Lucy para marcar onde nós iríamos nos encontrar.

Chegando na universidade, meu primo Thomas me espera no estacionamento e eu corro para abraça- lo.

- Como é bom te ver Eve, você vai adorar aqui! - Ele diz sorrindo.

- Mal posso esperar pra conhecer tudo! - Respondo quase pulando de felicidade.

O lugar era lindo, com prédios modernos mas sem deixar de ter um toque clássico e imensos jardins completavam o cenário.

Após cumprimentar meus pais, Thomas nos leva para conhecer alguns lugares e me explica para onde eu devo ir para descobrir meu quarto. Pego minhas chaves e volto para onde está minha família.

- Chegou a hora de nós irmos querida, não queremos atrapalhar esse seu momento... - Minha mãe dizia segurando minhas mãos. - Estamos muito orgulhosos de você e muito feliz por ver você realizar seu sonho.

- Vocês nunca vão me atrapalhar... Muito obrigada por fazerem tanto por mim, eu realmente tenho os melhores pais do mundo! - Eu dou um abraço em cada um e escuto um "Se cuida" baixinho do meu pai. - Eu amo vocês.

...

Thomas me ajuda com as malas e eu chego antes da minha colega de quarto, então escolho uma cama e me despeço do meu primo que tinha que rever seus amigos e ajudar outros calouros.

Minutos depois a porta se abre e eu tenho minha primeira grande surpresa naquela faculdade.

- ANNE! Nós vamos ficar juntas! - Eu corro para abraça-la e quase a derrubo.

- Amiga, que incrível isso! Eu não consigo acreditar que a gente tá aqui, me belisca... Mentira não belisca não. - Nós duas damos risadas e colocamos suas malas para dentro.

Ligo para Lucy para saber onde ela estava e descobrimos que seu quarto fica dois andares acima do nosso. Vamos para lá e nos deparamos com uma colega de quarto misteriosa de Lucy então decidimos sair dali e conhecer o local melhor.

- Eu quero saber dos garotos, já vi um bonitinho assim que cheguei ...- Lucy comenta enquanto encara mais um garoto.

- Certas coisas nunca mudam. - Eu digo rindo.

Lucy nunca ficava sozinha, estava sempre atrás de alguém para sair e conhecer melhor, como ela mesma dizia.

Já Anne era a típica romântica, sonhava em conhecer um príncipe que seria o grande amor da sua vida e eles iam envelhecer juntos. Não a julgo, mas ela não dava muita abertura para os garotos, o que dificultava sua busca.

Eu não tinha altas expectativas, mas também não saia com qualquer um... Mas tinha colocado na cabeça que esse ano o meu foco seria totalmente nos estudos e em conhecer tudo o que a faculdade tinha a oferecer, sem me envolver com ninguém.

Em uma outra parte do campus, encontramos uma feira com várias barracas informando de grupos de estudos, teatro e todos os tipos de sociedades possíveis. Pego vários panfletos, decidida a experimentar de tudo um pouco até definir onde eu iria me encaixar


...

Caminhando no meio das pessoas, um pouco longe das meninas, percebo alguém vindo em minha direção e esbarrando em mim.

- Ei garoto! - Exclamo e ele se vira. Me detenho um instante hipnotizada por seus olhos verdes e não sei o que falar.

- Foi mal aí gatinha, não te vi. - Ele diz debochado.

- Vê se presta atenção da próxima vez.- Respondo no mesmo tom.

- Pode deixar que eu vou passar bem longe de você! - Ele fala e sai andando e eu fico incrédula com o jeito desse garoto. Logo no primeiro dia e eu já havia encontrado alguém tão mal educado, não queria que aquilo fosse um sinal ruim.

Afastando esses pensamentos, continuo a caminhar e pegar os panfletos até que as meninas se juntam a mim e vamos atrás de uma lanchonete para comer algo. Observo todo o local e sentada em uma das mesas meu pensamento vai longe.

O que será que os próximos meses tinham reservado para mim?





Opposite StrangersOnde histórias criam vida. Descubra agora