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No fone em meu ouvido ecoava “Only you” das Little Mix e eu seguia no ônibus com os olhos fechados e me lembrando de Erick.

Flashback

Tínhamos chegado a rodoviária e eu já não sabia se queria ir pra casa. A minha vontade era ficar ali com Erick, mas ele sorria e me levava até o ônibus.

- Você vai ficar bem com um tempo longe daqui e na sua casa. Aposto que você está louca pra dormir na sua cama de novo – ele ri e põe minha mala no chão.

- Não vejo a hora – eu rio e me aproximo – Você está me compreendendo melhor do que eu mereço. Não tem nada que justifique minhas atitudes e mesmo assim você veio atrás de mim e ainda cantou pra mim. Eu não sei como te agradecer Erick.

- Não tem que agradecer e nem ficar se culpando por nada – ele segura minhas mãos – Nós estamos nos conhecendo e ainda tem aquela garota pra atrapalhar.

Eu solto um suspiro lembrando de Lizzie, queria uma maneira pra deixar ela longe de mim e de Erick e não voltar a ficar entre nós.

- Ei, não pensa em nada disso agora – Erick me faz voltar ao presente enquanto acaricia meu rosto – Só vai para casa e descansa. Vou estar te esperando.

Eu o puxo pela camisa e dou um beijo demorado. Depois me afundo em seu abraço e permaneço ali até estar na hora de partir.

Fim do flashback

O ônibus estacionava na rodoviária e eu já abria um sorriso de orelha a orelha. Eu ia matar a saudade dos meus pais depois do que parecia ser uma eternidade longe.

Salto do ônibus e vou correndo em direção aos dois e os envolvo em meus braços.

- É tão bom te ter de volta filha – minha mãe me olha e me abraça novamente.

- Eu estava contando os segundos para chegar e ver vocês – eu olho para meu pai que pegava minha mala e passa o braço por meus ombros.

Decidimos jantar fora e eles me escutam tagarelar sobre a faculdade o tempo inteiro. Falo das partes boas e empolgantes e de como estavam as meninas.

Quando chego em casa, vou para o meu quarto que estava do jeitinho que eu havia deixado. Olho algumas coisas antigas que eu tinha deixado ali e pego um bichinho de pelúcia para dormir comigo aquela noite.

Desperto na manhã seguinte cheia de preguiça e enrolo na cama até minha mãe gritar para descer.

- Bom dia mãe – digo entrando na cozinha.

- Bom dia filhota, dormiu bem? – eu assinto e ela sorri – Seu pai foi ajudar o vizinho então somos só nós duas.

- E por que será que eu tenho a impressão que isso foi de propósito? – sorrio enquanto tomo o café.

- Claro que não filha – ela fala mas começa a rir – Eu só falei para o seu pai que era uma boa hora pra ele se retirar um instante.

- Você é demais mãe – dou risada com ela – Pode começar o interrogatório.

- Não é interrogatório, mas eu sou sua mãe e sei quando alguma coisa está errada – ela me encara – Sei que você não está aqui só por saudade mas aconteceu alguma coisa.

Eu suspiro e tomo mais um gole antes de começar a contar as coisas desagradáveis que tinham acontecido e como eu tinha ficado confusa com tanta coisa acontecendo. Minha mãe escuta tudo com atenção e segura minha mão, me acalmando.

- Filha, tudo isso que você está passando é para seu crescimento. Você vai errar muito ainda, vai se decepcionar, vai acertar e tudo para te fazer crescer como profissional e como ser humano – ela se aproxima – Mas não se julgue tanto, você está indo bem lidando com tudo isso.

Ela então começa a contar uma história de quando era jovem e eu me vejo rindo e me inspirando nela.

Algum tempo depois, já com tudo lavado e guardado, decidimos ir para o mercado mais próximo. No caminho, meu celular vibra e eu olho a mensagem sorrindo.

“ Sei que está se divertindo mas é uma tortura ficar longe. Estou com saudade Eve, pensando em você o tempo inteiro.”

“ Também estou com saudade, você deveria ter me impedido de vir ou me sequestrado no caminho haha. Louca para te ver de novo”

Guardo o celular com um sorriso ainda maior que antes e minha mãe apenas observa sem falar nada. Eu tinha falado sobre Erick e que estava envolvida mas não o quanto. Depois do sorriso bobo que eu estava dando eu percebi que estava muito envolvida com ele.

Ajudo minha mãe a escolher as coisas e estamos indo em direção ao caixa quando escuto uma voz conhecida me gritar.

- Eve! – eu me viro e vejo Ashley, uma amiga de infância que eu não via desde o fim da escola.

- Ash! – corro para abraça- la e me sinto em casa novamente.

- Quanto tempo! Como você está? E a faculdade? Você tem muito para me contar – nós rimos e eu solto do abraço.

- Quer ir lá em casa como nos velhos tempos? Realmente tenho muito pra te contar – respondo e ela concorda.
...

Depois de comer a segunda fatia do bolo de chocolate que minha mãe fez de sobremesa, eu e Ashley subimos para meu quarto.

Começo a contar da faculdade e ela do trabalho que tinha arrumado na cidade mas que sua vontade mesmo era viajar para longe.

- Eu te dou o maior apoio mas saiba que não é fácil ficar longe de casa – falo e suspiro pesadamente.

- Eu sei mas nada é como era antes mesmo para quem fica na casa dos pais – ela diz e eu concordo – Lembra quando a gente deixava eles loucos levando cobertores para a fora dizendo que íamos acampar?

- Lembro – rio forte – Fiquei de castigo uma semana depois de rasgar o lençol preferido da minha mãe.

Começamos a relembrar várias histórias até que sou interrompida por uma mensagem de Erick.

“ Você disse que estava louca para me ver e eu já sou louco por natureza. Combinação perigosa”. Eu li várias vezes mas não tinha entendido aquela mensagem enigmática dele.

“ Andou bebendo? Ou eu que deixei passar alguma coisa?”

- Então, você não me contou tudo né? – Ashley está sorrindo e eu percebo que deixei ela falando sozinha.

- Desculpa amiga, eu tinha que responder essa mensagem, que na verdade eu não entendi nada – dou risada e ela me olha com sarcasmo.

- Eu acho bom eu estar sendo trocada por um bom motivo – eu mostro a foto de Erick – Ok, esse é um excelente motivo.

Dou risada e meu celular toca. Olho a tela e vejo quem é, mostro a Ash que sorri e acena para mim atender.

- A que devo a honra dessa ligação? – digo assim que atendo.

- Sabe quando você sabe que tem que fazer alguma coisa mesmo sendo loucura mas você faz? – ele responde simplesmente.

- Erick, eu não estou te entendendo hoje...- falo confusa.

- Então olha pela sua janela.

Meu coração bate acelerado enquanto eu caminho até a janela e olho para baixo.

Com o celular na orelha e encostado na porta do carro lá estava ele, com um sorriso enorme e acenando pra mim.


Opposite StrangersOnde histórias criam vida. Descubra agora