Opposite Strangers

Let's study

O caminho de volta é feito de mais cantoria, dessa vez com Erick comandando as músicas. Ele canta mais alto que os demais e lança olhares furtivos para mim as vezes. Eu o ignoro e continuo a cantar desafinada.

Chegando no campus, nos despedimos dos meninos e vamos para meu dormitório. Caio exausta na cama e Lucy começa a remexer em minhas coisas atrás de uma roupa para o encontro.

- Eu não tenho nada pra vestir, você vai ter que me salvar !– Ela diz pegando um dos meus vestidos.

Me levanto contra minha vontade e a ajudo. Acabamos escolhendo um azul claro, já que eles iam sair de dia. Prometendo ajuda-la com a maquiagem e cabelo no dia seguinte, ela vai para seu quarto, deixando eu e Anne na risada enquanto nos preparamos para dormir.

Acordo antes que todas na manhã seguinte e vou no refeitório mais perto tomar café. Enquanto procuro um lugar para sentar, vejo Christopher, que acena e me convida para sentar junto à ele.

- Caiu da cama? – Ele pergunta rindo.

- Quase isso... – Respondo rindo também. – Eu perco as oportunidades de dormir até mais tarde. Ele ri e concorda e continuamos a conversar até meu celular vibrar e eu ver uma mensagem desesperada de Lucy.

- Tenho que ir ou Lucy vai ter um surto. – Eu falo sorrindo.

- Vou lá socorrer Richard também, dar uns conselhos sabe... – Ele responde rindo e eu levanto a sobrancelha em dúvida se Christopher seria um bom conselheiro.

Chego no meu quarto e me deparo com uma Lucy nervosa e uma Anne sem saber o que fazer com as mãos na cabeça. Faço Lucy sentar e começo a produzi-la.

Pouco tempo depois, ela está pronta e linda, mas seu sorriso nervoso a denuncia.

- Vai dar tudo certo amiga, ele vai ficar babando! – Anne diz.

- Exatamente, sem falar que você é uma pessoa maravilhosa, então não tem como não gostar de você. – Eu pisco pra ela.

- Vocês são incríveis... Eu já vou indo pegar minha bolsa e encontrá-lo. – Ela lança um beijo pra gente e sai.

Eu e Anne decidimos ficar pelo campus e nos organizar para a semana de aula que iria começar. Apenas no final da tarde decidimos ir para o Piter’s, nossa lanchonete favorita até então,  que ficava ali perto e conversamos animadas sobre o que nos esperava nos próximos dias.

Quando estamos voltando, encontramos Lucy no corredor e eu sorriso está de orelha a orelha.

- Eu estou apaixonada! – Ela diz e nós arrastamos ela para nosso quarto a fim de saber todos os detalhes.

- Conta tudo! – Anne se joga em sua cama e tira seus sapatos, enquanto Lucy se senta na minha cama junto comigo.

- Bom, ele me levou para o cinema... Clichê eu sei,mas foi bem fofo. Depois, fomos comer e na lanchonete tinha alguns jogos. Gente, eu nunca vi um lugar tão legal na vida. – Lucy diz quase sem fôlego.

- E ele, como é? Foi legal, te tratou bem? – Anne pergunta e Lucy sorri ainda mais.

- Ele foi maravilhoso. Me tratou super bem e eu me senti muito a vontade com ele. Ele abriu a porta do carro pra mim Anne, é quase um príncipe. – Anne revira os olhos e eu e Lucy rimos.

- Vamos ao que interessa, rolou beijo? – Eu pergunto curiosa.

- Mas é claro! Você acha mesmo que eu ia perder tempo com aquele pedaço de mal caminho? Óbvio que não. –  Caio na risada e Lucy continua a contar até declarar que estava cansada e ia para seu quarto, mas eu tinha visto uma mensagem de Richard em seu telefone.

Nos despedimos dela e eu e Anne decidimos assistir uma série antes de dormir. Ela dorme antes que eu e a cubro antes de deitar e pegar no sono também.

...

O despertador toca, eu me levanto e caminho para o banheiro do meu andar e tomo um banho rápido. Volto para meu quarto para terminar de me arrumar e espero Anne pegar todas as suas coisas.

Descemos para tomar café junto com Lucy e conversamos um pouco antes de nos separar no corredor. Eu caminho para a aula de ética, me certificando que estava no caminho certo, mas com isso acabo andando muito devagar e chego na hora que a aula está começando.

Me sento em um lugar qualquer, sem olhar para os lados e tentando não fazer barulho, até que sinto um olhar sobre mim. Olho para o lado e o vejo. Erick.

Ele está no meu lado me encarando e eu fico sem entender. Sei que essa é uma matéria obrigatória, mas não imaginava que ia encontra-lo aqui.

- O que você está fazendo aqui? – Eu pergunto sussurrando.

- O que todos estão fazendo, estudando. – Ele responde e revira os olhos.

Eu o encaro e decido prestar atenção no professor.

- Pensei que iria fazer todas as aulas com as suas amigas. – Ele diz minutos depois.

- Elas não queriam fazer esse semestre, mas eu gosto muito então quis fazer logo. – Falo sem olhar em sua direção.

- Como é que você gosta disso? – Ele me pergunta e seu tom de voz me faz virar e encara-lo.

- Você tem noção da importância dessa matéria? – Respondo para ele que desvia o olhar.

- É muito chata! – Ele fala e me faz revirar os olhos.

Volto a minha atenção a aula e começo a anotar alguns pontos que seriam discutidos ao longo dos próximos dias. Ao meu lado, Erick tem uma cara de paisagem e mexe no celular quase o tempo todo.

- Então, para começar bem o semestre vamos fazer um trabalho em duplas sobre os temas que eu vou por na lousa... Eu quero no mínimo vinte páginas e vocês podem me enviar por e-mail em até duas semanas. Anotem aí. – O professor diz e se vira para escrever.

- Vinte páginas? Em duas semanas? Esse cara tem problema. – Erick reclama ao meu lado.

- Você está na faculdade, queria o que? – Eu resmungo de volta. – Olha quantos temas bons, vai ser fácil demais.

Ele me olha sem acreditar e eu continuo a copiar. Percebo seu olhar sobre mim, mas ele não diz nada. Minutos depois o professor se despede e eu pego minhas coisas para sair.

Assim que saio da sala, já começo a andar rápido em direção a próxima sala, para a próxima aula, quando sinto alguém segurar meu braço.
Assim que olho, não consigo entender.

-O que eu quero ? O prêmio de eu ter ganhado de você no boliche. -Ele disse, com um sorriso no rosto que eu não entendia.

-Do que você está falando garoto? -E só então me toquei de que ele havia ganhado. -O que você quer afinal?

-Eve, Eve... Eu quero que você faça esse trabalho comigo.

E eu não acreditava que aquelas palavras haviam saído de sua boca. Apenas congelei ali em sua frente, o encarando.

E devo dizer que essa aproximação toda estava me incomodando.