I lost you?

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Chego no quarto, fingindo para Anne que está tudo normal, mas minha cabeça não para nenhum instante. Cuido das minhas coisas e coloco uma roupa confortável para dormir.

Passo um longo tempo tentando dormir, porém é em vão e eu então me permito pensar em tudo o que estava me consumindo.

Eu gostava de Erick, na realidade, eu estava muito apaixonada por ele e me importava demais com o seu sofrimento e em tudo o que se passava. Por outro lado, suas palavras duras tinham me machucado e não era fácil assim de se perdoar, ele tinha que ser sincero o que sentia e se gostasse mesmo de mim, não podia me tratar assim.

Sei que agora não era o momento para falar com ele e eu mesma precisava me afastar para não cometer nenhuma besteira ou fazer algum ato impensado.

Pego meu notebook e começo a pesquisar coisas aleatórias para passar o tempo e no site da faculdade, encontro os links para entrar em alguns grupos de atividades extracurriculares. Era algo que eu queria participar assim que cheguei aqui, mas acabei esquecendo com tanta coisa acontecendo.

Vejo um de literatura que se reunia em uma parte mais afastada da biblioteca e anoto o horário para ir lá conhecer melhor. Um outro me chama ainda mais atenção.

Era um grupo de estudantes de direito que orientavam pessoas carentes a conhecerem seus direitos e conseguirem advogados a um preço acessível. Era exatamente o que eu precisava fazer e mando um e-mail de madrugada mesmo pro responsável para saber mais informações e poder participar.

Por fim, sou vencida pelo cansaço e acabo pegando no sono com o notebook no colo.
...

Acordo na manhã seguinte me sentindo bem melhor e até me maquio um pouco para comemorar a leveza que eu estava sentindo.

Tomo o café rapidamente e vou para a aula de ética, escolhendo um lugar distante mas Erick não aparece para nossa aula conjunta.

Antes de almoçar, sigo para a biblioteca para ver o clube de leitura e perguntar sobre os horários. Eles são muito simpáticos e tiram todas as minhas dúvidas e eu fico de retornar no dia seguinte.

Quando estou saindo, toda sorridente, vejo Erick parado me observando. Antes que eu decida o que fazer, ele vem em minha direção.

- Você fica linda sorrindo – ele diz e quase acaricia meu rosto, mas muda de ideia.

- Erick, você não pode continuar sem saber o que quer – solto um suspiro – Isso não é saudável pra gente.

- Eu não consigo colocar meus pensamentos em ordem – ele responde.

- Então, eu peço que fique longe de mim até saber o que sente. Eu sou apaixonada por você e mais do que ninguém quero te ver bem, mas não posso perder minha saúde mental se você não demonstra que gosta de mim também – eu seguro seu rosto para ele não desviar o olhar – Eu não te entendo, você me magoa mas diz que quer me proteger.

- Eu não sei o jeito certo de cuidar de você, eu estou tentando assimilar tudo mas não sei o que fazer com tudo o que eu sinto – ele põe minha mão sobre seu peito – É por você que ele bate, é por você que eu estou apaixonado.

Fico um tempo apenas o encarando, olhando dos seus olhos para minha mão sobre seu peito. Queria abraça-lo e dizer que estava tudo bem, mas não estava.

- Não posso acreditar nisso e amanhã você dizer para mim que era tudo mentira – tiro minha mão – Você precisa provar.

- Eu te perdi, não é? – ele diz passando a mão pelos cabelos.

- Não ainda – não queria falar mais nada para ele, pois aquilo doía em mim mais que nele – Eu preciso ir agora.

Erick time

Eu vejo Eve dar as costas e mesmo que ela diga que não, meu peito diz que eu a perdi. Observo as pessoas passando, sem enxergar ninguém realmente.

Caminho para fora da faculdade sem saber onde ir e me sento em um banco qualquer. Abaixo a cabeça para ninguém me reconhecer e ir falar comigo.

Então, cai realmente a ficha de tudo o que eu tinha feito. Eu havia magoado e por causa disso perdido Eve, por não saber lidar com meus sentimentos. Nem todos os “eu te amo” iam fazer ela acreditar em mim. Eu estava perdido, uma sensação de vazio se instalava em mim.

Me levanto e caminho para um lugar conhecido. Quando abro a porta, Big John me dá um largo sorriso.

- Pensei que tinha esquecido dos amigos – ele diz se aproximando.

- Jamais – respondo quando ele me serve uma dose de um liquido escuro que não me dou o trabalho de perguntar o que é.

Eve time

Chego no refeitório com o estômago embrulhado, então só pego um suco e subo para o quarto.

Tento me concentrar nas lições que tinha para fazer, mas não sai nada. Ligo para casa e ninguém atende, mando mensagem para as meninas e ninguém me responde. Eu estava sozinha com meus pensamentos.

Ligo uma música alta e começo a arrumar meu quarto. Só paro quando tudo está perfeitamente organizado, até o lado de Anne. Estou cansada, mas essa atividade me levou um tempo sem pensar em nada.

Tomo um banho e quando volto decido assistir algum filme já que ninguém apareceu.

Me acomodo na cama e ponho um filme de heróis para rodar. Estou apenas há alguns minutos assistindo, quando meu telefone toca. Eu atendo sem olhar quem era.

- Oi gostosa – reconheço ser a voz de Erick, mas ela está modificada.

- Erick? Aconteceu alguma coisa? – pergunto sem entender.

- Eu estou com saudades de você, mas você não tá nem ai pra mim então eu vim atrás de uma loira mas John me deu várias morenas – ele diz com a voz muito enrolada.

- Do que você está falando? Onde você está? – pergunto elevando a voz para ele me entender.

- Ui, ela tá brava – ele ri – Eu to com meu amigão, o Big John que me serviu várias doses de whisky. Eu nunca te trairia com uma morena...e nem com uma loira tá?

Sei que tem um bar com um cara com esse nome perto da faculdade, mas é um lugar pequeno e caro, nunca tinha ido mas a fama não era boa.

- Fica ai, eu to indo – falo para ele.

- Eu só queria que o vazio fosse embora Eve, mas ele nunca vai – ele me diz e meu coração se parte.

- Erick, você me escutou? Não sai daí que eu to indo – falo de novo, não queria imaginar ele saindo nesse estado sozinho.

- Não vou a lugar nenhum – ele diz e solta um suspiro.

Desligo o celular e me troco o mais rápido que consigo. Desço correndo e pergunto pro primeiro grupinho de amigos que vejo onde exatamente ficava o bar. Agradeço e volto a correr.

Chego ofegante a porta do bar e respiro fundo antes de entrar.

Abro a porta e me deparo com vários homens mais velhos e procuro Erick, até o encontrar no fundo do bar. Caminho até ele e vejo sua expressão desolada encarando um copo cheio de whisky.

Ele se vira e quando seus olhos encontram os meus, ele abre um dos sorrisos mais sinceros que eu já o vi dar. Os verdes dos seus olhos estão brilhando levemente de novo.

- Você veio mesmo.








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