Pain in us

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Não sei como consigo chegar no meu quarto, mas me jogo na cama assim que entro e as lágrimas cobrem meu travesseiro. Eu soluçava e não me conformava com o que tinha acabado de escutar.

Como ele não me amava? Como teve coragem de dizer isso e era mentira? Os seus beijos, ele ir atrás de mim, não era possível que tinha sido só um jogo.

- Amiga! O que aconteceu? – Anne grita assim que entra no quarto, seguida de Lucy. Vou para o colo dela e choro por um longo tempo.

Quando enfim reúno forças para falar, conto tudo o que havia acontecido no quarto de Erick.

- Eu vou atrás desse desgraçado agora – Lucy exclama revoltada.

- Não, não quero mais confusão. Quero esquecer tudo o que ele me disse – ela troca a expressão revoltada para preocupada e me abraça forte.

- Você não merece passar por isso Eve, ele foi muito babaca – ela diz.

- Eu sei, mas brigar só vai piorar ainda mais – eu solto um suspiro – Só preciso de um tempo para me recuperar.

- Estamos aqui amiga – Anne diz enquanto segura minha mão.

Pouco tempo depois, escuto uma batida na porta e meu coração acelera. Lucy corre para abrir, já com uma expressão de poucos amigos.

- Ai Christopher, é você – ela dá passagem – Entra.

- Eu vim falar com a Eve, sei que esteve na casa do Erick – ele diz e se senta.

- Fofoqueiros – Lucy solta e Chris ri.

- Estamos todos juntos para ajudar o Erick mas ele está dificultando as coisas. Presumo que não quis falar com você ou te tratou mal – eu concordo com a cabeça – Não que justifique, mas o Erick costumava ser assim com as pessoas, ele não se importava muito com ninguém. Ele mudou muito desde que você apareceu e tem estado muito feliz. Creio que tudo o que  passou com ele, fez esse lado ignorante voltar.

Chris solta um suspiro e vem se sentar ao meu lado.

- Colocando meu lado fofoqueiro na ativa – Chris ri e olha pra Lucy – Erick passou a infância tendo problemas com o pai, seu refúgio e maior inspiração para tudo era seu avô. Ser afastado dele por causa da doença, criou uma barreira nele. Ele não se abria com a família, não tinha amigos, ele era...vazio.

- E como vocês viraram amigos? – pergunto sem entender.

- Eu sei um pouco como ele se sentia. Meu pai se divorciou da minha mãe quando eu era bebê e eu passei por muita coisa sozinho, mas tentava levar a vida com bom humor que Erick não conseguia – ele tira meu cabelo do rosto – Eu não desisti dele e nos tornamos amigos. Aos poucos apresentei pro pessoal e bom, chegamos até você.

- Eu não fiz nada por ele – enxugo algumas lágrimas teimosas que haviam caído.

- Você está enganada – ele solta uma risada – Erick estava de bom humor todos os dias desde que você apareceu. Compartilhava as coisas com a gente, até usava as redes sociais e falava seu nome pelo menos dez vezes no dia. Ele estava diferente e da melhor maneira possível.

- Mas ele foi muito duro comigo Chris, não consigo esquecer isso tão fácil – respondo ainda muito chateada.

- Eu vou falar com ele sobre isso, pois sei que não merece esse tratamento. Fica bem tá? Qualquer coisa grita – ele me dá um beijo na testa e sai.

Erick time

Acordo na manhã seguinte com uma luz forte entrando pela janela e quando abro os olhos me deparo com Christopher mexendo nas cortinas.

- Bom dia seu babaca, preciso falar com você – ele me diz. Estava demorando para ele começar a pesar na minha.

- O que foi agora? Falei pra me deixar em paz – respondo me virando para o outro lado.

- Eve – ele diz simplesmente e eu o encaro – Você foi um escroto com ela e a garota só queria te ajudar. Sei que você está mal, mas caramba Erick, você está apaixonado por ela e faz isso? Você tem tanto medo assim de amar alguém?

- Quem disse que eu estou apaixonado por ela? – tento desconversar, mas ele me olha incrédulo – É melhor para ela que eu fique longe, Eve merece alguém decente não um babaca igual a mim.

-Mas é de você que ela gosta cara! – ele senta na cama – Ela estava se acabando em lágrimas por sua culpa, você tem que resolver isso. Não pode agir assim com ela sabendo o quanto Eve gosta de você e simplesmente deixar para lá, você tem que se desculpar e consertar as coisas. É o mínimo de decência que você pode ter.

- Não lembrava o quanto você poderia ser insuportável – falo e Chris ri – Eu não quero falar com ela agora, não tenho como resolver isso. Eu só quero ficar sozinho Christopher, eu não to bem.

- Vou te deixar sozinho, mas saiba que se você não agir vai perder uma garota incrível por nada - ele me encara uma última vez antes de sair – Pensa bem Erick, não acaba com as coisas assim.

Christopher me deixa sozinho remoendo tudo o que tinha me dito. Eu fui o pior cara possível para a garota que eu estava apaixonado, mas eu sabia que fazia o melhor para ela me afastando. Ou eu pensava que fazia.

Eve era a melhor pessoa que eu havia conhecido e eu estava apaixonado por ela como nunca estive antes. Mas eu não era a melhor pessoa do mundo e tinha medo do que iria virar agora sem meu avô, que era minha força e me colocava no eixo sempre que eu me desviava do caminho.

Mas não havia pensado em como Eve ficaria com minhas palavras e meu afastamento. Eu não costumava me importar com ninguém, então era uma novidade para mim saber que ela estava sofrendo e que aquilo doía em mim. Mas o que eu poderia fazer?

Eve time

Tomei um banho rápido e desci para tomar café com as meninas. Meu estômago estava embrulhado, mas eu me forcei a comer antes de ir para a aula.

O tempo passa devagar e eu fico constantemente olhando no celular, mas os minutos não passam. A aula até me prende um pouco atenção, porém saio correndo para o refeitório antes que terminasse.

- Sua cara continua péssima – Lucy diz assim que se senta.

- Às vezes eu me esqueço o quanto você é sincera – respondo e ambas rimos.

- Queria te chamar para dar uma volta agora a tarde, a gente pode ir no shopping ver algumas roupas ou ver um filme – ela dá de ombros – Só para não ter que ficar aqui.

- Às vezes eu também me esqueço que você é a melhor amiga do mundo – dou um abraço nela – Junto com a Anne claro.

Saímos para o shopping e não tinha nenhum filme interessante, então apenas olhamos algumas roupas, comemos besteira e Lucy flertava com caras de brincadeira, já que ela nunca mais ia vê-los.

Na volta, estamos rindo de alguma coisa louca que Lucy diz quando vejo Richard se aproximar de nós duas.

- Oi meninas, vim ver vocês – ele dá um sorriso tímido – Especialmente você Eve, sei que não está bem com o Erick, mas queria dizer que se ele não voltar para você a gente vai se reunir e fazer um protesto na frente da casa dele.

- Eu disse, todos fofoqueiros – Lucy diz brincando – Pois me arrume uma panela para eu bater na cabeça daquele garoto, até ele recobrar a consciência.

- Ou perder de vez né – nós rimos e Richard me dá um abraço – Só fica bem ok? Qualquer coisa é só pedir.

- Obrigada de verdade Rich – retribuo o abraço e olho para os dois que se encaram – Bom, eu vou subindo para vocês sabem...não ficar de vela.

- Não, não precisa correr – Richard responde rindo – Eu preciso falar com a Lucy, mas pode ser depois.

- Desde que vocês me prometam que não vão brigar, eu prefiro que conversem agora e eu vou para o quarto – os dois me prometem e eu me despeço deles.

Sigo para o quarto com o coração mais tranquilo porque sinto que eles vão se resolver. Por outro lado, meu coração aperta sem saber do Erick. Como será que ele está?

Opposite StrangersOnde histórias criam vida. Descubra agora