Exhaustion

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Chegamos correndo no hospital e eu falo afobada na recepção o nome de Lucy e Richard.

- O senhor Camacho está no segundo andar, quarto duzentos e vinte. Apenas três pessoas no quarto por vez, há uma sala de espera no andar – a recepcionista me informa.

- E Lucy? – pergunto com o coração apertado.

- Não pode receber visitas – ela responde sem dar nenhum indício, mas sua expressão entrega que algo não estava bem.

Erick me conduz até o segundo andar e lá encontramos os familiares de Richard.

- Ele está bem e acordado – diz o pai dele e me olha – Seria bom vocês falarem com ele.

Sigo para o quarto e vejo Richard com os olhos fechados. Há alguns ferimentos em seu rosto e um de seus braços, mas não parecem graves.

- Rich – Erick chama e ele abre os olhos – Estamos aqui cara.

Eu seguro sua mão depois de Erick o cumprimentar. Ele parecia mais cansado do que ferido, e seus olhos estão marejados de lágrimas.

- Como você está se sentindo? – pergunto me sentado na beira da cama com Erick ao meu lado.

- Poderia estar pior – ele suspira – Deveria estar pior, eu não a Lucy.

- O que aconteceu? Ninguém me falou nada ainda – ele aperta minha mão e eu tenho medo do que vem a seguir.

- Nós saímos da casa do Eri naquela hora e decidimos passar na sorveteria antes de ir para a faculdade. Não estava tão tarde e nós queríamos aproveitar a noite juntos – ele começa mas sua voz falha – Já estávamos perto quando aconteceu.

Ele para um momento e vejo Erick se aproximar dele, num gesto de apoio.

- O carro apareceu do nada, depois a polícia disse que o motorista estava bêbado, mas isso não muda o fato que eu não consegui fazer nada. Eve, eu não vi ele chegar, quando me dei conta o carro estava acertando a gente em cheio.

- Rich, você não tem culpa de nada. Não se culpe por isso por favor – eu falo e percebo que também estou chorando.

- O lado de Lucy foi mais atingido que o meu, mas eu consegui tirá-la de lá. A ambulância chegou rápido mas mesmo assim – ele faz uma pausa – Ela ainda está desacordada, não querem me dizer o estado dela agora. Eu não posso perder a Lucy, Eve, não posso.

Ele começa a chorar e eu o abraço, chorando junto. O conforto o máximo que consigo e prometo voltar com informações sobre Lucy.

Quando saio do quarto, Erick tem que me segurar antes que eu caia no chão. É muito para mim e eu me sinto sem ar.

- Eu tô com medo Erick – sussurro no seu ouvido, sentindo seus braços apertarem ao meu redor.

- Vai ficar tudo bem amor, vamos falar com um médico – ele beija meu cabelo e me segura por um longo tempo.

Depois de procurar e sermos enrolados por várias enfermeiras, conseguimos falar com o médico responsável por Lucy.

- O estado dela é crítico. Seus ferimentos foram graves e ela inalou muita fumaça, então está em observação – ele faz algumas anotações – Vamos verificar para ver se ela teve concussão, mas não temos indícios que ela vai acordar agora.

Eu me sento na primeira poltrona que encontro e Erick me abraça no mesmo instante.

- Quer que eu chame os pais dela? Acho bom eles virem para cá – eu assinto, sem forças para falar com ninguém e passo meu telefone – Eu já volto.

- Amor – chamo antes dele sair – Obrigada.

- Estou com você em tudo – ele beija minha testa e sai.

Instantes depois, Anne, Joel e Thomas entram na sala de espera e vem em minha direção, na mesma afobação que eu cheguei. Explico a situação e os meninos entram para ver Richard.

- Eu sei que vai ficar tudo bem Eve, a Lucy é um vaso ruim de quebrar – dou risada com Anne e ela me abraça forte – Temos que avisar a mãe dela.

- Erick já está ligando, eu não ia conseguir falar – respondo e ela concorda.

- Ele é demais né? – Anne não perdia a oportunidade de elogiar Erick e eu adorava essa amizade dos dois, ela tinha minha ajudado muito na surpresa para ele e eu era muito grata por isso. Mas parecia que tinha sido a muito tempo atrás e não apenas algumas horas.

Erick volta e me informa que os pais de Lucy estão a caminho, enquanto ela é movida para fazer o exame. O tempo parece passar lentamente e cada minuto é exaustivo e doloroso.
...

Domingo já é um dia ruim, quando se passa dentro de um hospital então, é uma tortura.

Estou encarando o prato de comida que Erick insistiu em comprar para mim sem o mínimo de vontade de comer nada.

- Você só sai daí quando comer alguma coisa – Erick me diz sério e eu começo a falar mas ele interrompe – Eve, você não comeu nada até agora, tudo o que a gente não precisa é você passando mal por não comer.

- Esqueci como você consegue ser irritante – finjo estar brava, mas ele percebe que eu não estou e abre um sorriso.

- Continue a não comer e você vai ver o irritante – reviro os olhos e coloco uma garfada na boca.

Os pais de Lucy tinham chegado e falado com os médicos. Ela estava na mesma e os resultados do exame só sairiam no final do dia.

Por outro lado, Richard tinha recebido alta e foi forçado pela família a passar em casa para dormir direito e depois voltar. Sua expressão era abatida e suas olheiras indicavam uma noite de choro.

- Lucy apresentou uma leve melhora, então os pais vão poder entrar e vê-la – o médico nos informa – Os demais, eu sinto muito mas ainda não é o momento.

Eu concordo mesmo que não aceite e me recosto no sofá, me sentindo cada vez mais cansada.

- Vamos para casa Eve – Erick diz – Não adianta ficar aqui agora e qualquer novidade eles vão avisar. Você precisa descansar.

- Eu sei, mas não quero ficar lá na faculdade – eu o olho e ele abre um sorriso.

- Você vai para minha casa, minha mãe vai preparar um lanche para a gente já que você não comeu quase nada – ele me olha sério.

- Erick, eu...- suspiro e acaricio seu rosto – Sou muito sortuda de ter você.

Me inclino para dar um beijo nele e aviso que estamos indo. Passo na faculdade para pegar algumas roupas e seguimos para a casa dele.

Dona Daysi me recebe com um abraço e o melhor sanduíche de atum que eu já comi e depois eu subo para tomar um banho.

Erick me espera na cama e abre os braços quando eu volto. Me aninho em seus braços e não percebo, mas pego no sono no mesmo instante.

- Amor, acorda – Erick está atrás de mim, depositando beijos no meu pescoço – Anda dorminhoca.

- Não quero – falo baixo e ele continua a me provocar.

Seus lábios passam para meu colo, minha bochecha enquanto sua mão aperta minha cintura. Me viro e grudo os lábios no dele e sua língua abre espaço para aprofundar o beijo.

- Acho bom você ter um bom motivo para me acordar – sussurro contra seus lábios, dando vários beijos rápidos.

- Eu tenho – seus olhos brilham e ele abre um sorriso – Lucy acordou.

Opposite StrangersOnde histórias criam vida. Descubra agora