Difficult work

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Volto para meu quarto e me jogo na cama. Os meus dias estavam sendo cheios e as vezes eu me sentia sufocada.

Não era fácil estar longe de todos que conheciam em um ambiente tão diferente. Mas ao mesmo tempo eu estava feliz de estar ali e de estar com Anne e Lucy.

Decido só por hoje deixar os estudos de lado e pego meu notebook para ver um filme.

- Oi amiga, o que você está vendo? – Anne chega no quarto carregada de livros.

- Acabei de ver um filme. E aí, o Pimentel te ajudou? – pergunto enquanto a vejo arrumar suas coisas.

- Sim e muito! Ele tem muita paciência sabia? Me explicou várias vezes e só acabamos quando ele teve certeza que eu sabia – ela sorri – E ele ainda me pagou um café.

- Nossa, que menino mais atencioso – falo maliciosamente mas ela não percebe.

- Ele é muito legal, podíamos estudar matemática com ele, sei lá – ela dá de ombros e deita em sua cama.

- Que tal a gente não falar sobre estudar agora e você ver um filme comigo? – me levanto e vou para sua cama e nós assistimos uma comédia atrás da outra até pegarmos no sono e só acordarmos no dia seguinte.

Pela manhã, tomo um banho demorado e desço para tomar café. Vejo Erick de longe e sento em uma mesa mais longe e começo a comer.

- Fugindo de alguém? – a voz de Erick me faz pular.

- Estava, mas não me escondi direito – ele ri e eu viro a cara.

- Então, mudança de planos. Minha mãe disse que você pode almoçar lá em casa então eu venho te buscar ao meio dia. – Erick toma seu café e eu o encaro.

- Você estava surdo ontem? Eu disse que não vou fazer o trabalho com você – reviro os olhos – Mas agradeça a sua mãe, ela é muito gentil.

- Igual o filho dela – ele diz e eu rio com vontade – É verdade, vou até te dar uma carona. Mas você vai hoje, não é uma opção não ir.

- Erick, você só pode ser louco – eu termino o café – Você não queria sair hoje? Agora você tem total liberdade.

- Mas eu vou sair – eu olho para ele – Para vir buscar você.

- Meu Deus garoto, eu não te aguento – eu dou risada e me levanto.

- Isso quer dizer que você vai hoje sem reclamar? – ele pergunta vindo atrás de mim.

- Não, isso quer dizer que eu não vou de jeito nenhum – eu me viro – Tchau Erick.

Vou em direção a sala de matemática e me encontro com as meninas. A aula está um tédio e percebo Lucy com uma cara desanimada.

Quando enfim termina tudo, chamo as meninas para almoçar no jardim e nos sentamos na sombra de uma árvore.

- Lucy, eu sei que está acontecendo alguma coisa – digo logo de cara.

- Aí amiga, está mesmo – ela apoia sua comida no colo e nos olha – Eu estou na dúvida se fiz certo em vir pra faculdade tão cedo, se escolhi as matérias certas sabe.

Lucy faz uma pausa e olha para longe.

- E tem o Richard. Ele é legal, e tudo mais mas eu não quero namorar agora e estou sentindo ele muito apegado a mim – sua cara está triste e eu seguro sua mão – O que eu faço?

- Amiga, é normal ter dúvidas em relação a faculdade. Nós somos muito novas e tudo é novidade, não conhecemos quase nada. – Anne fala sabiamente – Acho que você tem que insistir um pouco mais para ter certeza do que quer.

Eu concordo com a cabeça e Lucy olha pra mim.

- Eu concordo com a Anne e acho que você tem que deixar as coisas claras com o Richard, para ele não se iludir – digo e ela concorda.

Continuamos a conversar e sinto Lucy relaxando a cada momento. No final do almoço, ela já está sorrindo e sendo a mesma doidinha de sempre.

Voltamos ao dormitório e Lucy se joga na minha cama, enquanto eu e Anne separamos os materiais para estudar.

- Pode levantando mocinha, temos muitas coisas para fazer – digo para Lucy que revira os olhos.

- Temos que descansar pós almoço e aliás, você não tinha um compromisso? – ela pergunta curiosa.

- Desmarquei, agora para de enrolar e pega suas coisas – falo para ela que se levanta.

- Deixei minhas anotações de matemática no meu quarto, já volto – ela sai e eu me sento no seu lugar.

Instantes depois, escuto uma batida na porta e me levanto para atender.

- Lucy já disse que não precisa bat...- não termino o resto da frase pois vejo Erick parado na minha frente.

- Eu disse que vinha te buscar – ele sorri.

- E eu disse que não ia. Passar bem Erick – tento fechar a porta mas ele impede.

- Nada disso, pode ir se despedindo das suas amigas, você vai comigo – ele estica o braço na minha direção.

- Eve, amiga, não querendo me meter mas é um trabalho que vale nota e você não vai dar conta sozinha. É melhor ter ajuda do Erick logo – Anne diz e eu a encaro boquiaberta.

- Viu, até sua amiga sabe – Erick sorri triunfante – Aquela é sua bolsa? Eu pego pra você.

Vejo Erick pegar minha bolsa e o notebook e pisca para Anne que sorri. Se virando em minha direção, eu reviro os olhos e dou passagem para ele sair do quarto.

- Você me paga – murmuro para Anne que apenas ri.
...

Fomos o caminho inteiro sem trocar uma palavra, Erick se fingia de sonso, como se nada estava acontecendo.

Chegamos na casa dele e eu saio do carro já me encaminhando para o portão e ele me segue. Quando entramos, vejo Daisy e ela me abre um sorriso.

- Pensei que vocês não iam vir mais – ela diz me dando um abraço – O almoço está esfriando.

- Ai, Daisy é que eu já almocei – digo sem graça – Me desculpa.

- Imagina querida, mas a sobremesa você tem que experimentar – eu sorrio para ela, concordando.

Nos sentamos e eles almoçam enquanto eu e Daisy conversamos sobre minha família.

Quando eles terminam, ela nos serve a sobremesa que era mousse de maracujá e estava maravilhoso.

- Muito obrigada Daisy – falo enquanto a ajudo na cozinha – Estava delicioso.

Ela sorri e me agradece a ajuda. Eu volto para a sala e Erick já está me esperando com meu material em mãos para subirmos e estudarmos.

Quando entramos em seu quarto, vou para a cadeira da escrivaninha e ele se senta na beirada da cama esperando que eu ligue o computador.

- Você vai ficar assim mesmo? – ele pergunta.

- Assim como? – eu respondo me virando para ele.

- Assim...estranha – ele dá de ombros.

- Não estou estranha, estou querendo acabar logo com isso – eu digo voltando a atenção para o computador – Você vai me ajudar mesmo? Tenho tudo salvo desde a outra vez.

- E onde a gente parou ? – ele pergunta.

Onde a gente parou ? A gente ? Como se ele tivesse ajudado em algo...

Comecei a mostrar as anotações enquanto Erick puxa um puf para ficar mais perto de mim. Ele lê o que eu tinha feito e pede licença para pesquisar mais coisas.

Eu o olho espantada e ele continua a pesquisar e escrever. Os minutos se passam e eu me aproximo mais para ajudá-lo e quando dou por mim, estamos ambos falando junto e nem acredito que isso esteja mesmo acontecendo.

- Viu? Nós somos uma bela equipe - Erick diz orgulhoso e eu reviro os olhos - Em todos os sentidos.

E quando vejo, seu rosto está a centimetros do meu.



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