Flowers | Jikook

Part; 3 Welcome to your home

CAPÍTULO QUARENTA E CINCO

O piso de madeira rangia conforme Jungkook subia cada degrau, sempre odiou esse barulho pois sempre sabia quando seu pai estava subindo, porém o barulho da sua cabeça era o que mais o atormentava nesse momento. 

As lembranças, as corridas nas escadas, cada queda, cada tapa, cada dor. Jungkook suspirou e parou de andar, pois enfim estava no corredor e a direita o quarto onde se encontrava aquele homem que ele jurou odiar com todas as suas forças, naquele quarto que ele deixou de entrar por anos.

Naquele quarto estava o homem que morria de câncer lentamente, por escolha própria, não veria nenhum dos seus filhos casar, não iria conhecer seus netos, não iria cumprir a promessa que fez a sua esposa quando se casou, de nunca abandona-la, mas vejo só, assim foi feito e todos que estavam em volta dele pagaram o preço, inclusive Jungkook seu próprio filho.

Sem enrolar ele entrou. Jungkook estava de frente com seu pai depois de tanto tempo, chegava a ser surreal sua aparência completamente doentia e desgastada, o moreno reprimiu um choro e  deu passos lentos até a cama, suspirou e sentou.

Era como se o seu coração que fora quebrado muito tempo atrás tivesse achado a outra parte quebrada, estava ali na sua frente, seu pai.

Era isso, a dor de Jungkook realmente foi sentida e com um suspiro foi esquecida, finalmente ele compreendeu que precisava disso, precisava desse momento com seu pai para deixa-lo ir junto com seu passado desastroso.

– Filho..... –  ao  ouvir isso foi como um baque em seu coração, a força de um meteoro na terra, a força das ondas do mar impossibilitando sua respiração.

" - Beba - o pai de Jungkook disse entregando uma latinha de bebida alcoólica pra ele.

Ele riu inocentemente e pegou a latinha  levando-a diretamente na boca. E pela primeira vez ele sentiu o gosto do álcool, só não sentiu o gosto do estrago que faria em sua vida "

Jungkook piscou uma vez, duas e três. 

– Eu... – disse baixo como se nem ele quisesse ouvir o que acabará de falar.

O pai de Jeon lentamente arrastou sua mão até de seu filho, e a apertou num ato de carinho por menor que fosse, e mais uma vez Jungkook percebeu que era real tudo isso que estava acontecendo nos últimos minutos.

Tinha coisas que o moreno queria falar pro seu pai a anos, porém sempre guardou esses sentimentos dentro de si e isso o consumiu severamente, isso devorou todos os sentimentos bons que tentavam brotar.

– Me perdoa.. .po-r  favor – ele disse baixo e se esforçando ao máximo,  com os olhos fechados como se nem aguentasse o peso de suas pálpebras.

Jungkook suspirou, era agora.

– Eu te perdôo – murmurou olhando sua face acabada – Eu te perdôo por ter sido um marido terrível, te perdôo por ter sido um homem deplorável, eu perdôo tudo de mal que você nos causou, e principalmente, te perdôo por não ter sido o pai que eu sempre precisei – a voz de Jungkook saiu completamente arrastada e carregada de emoção.

– Eu te perdôo por todas as vezes que me tirou o sono e fez da minha vida um inferno mesmo não estando nela – as lágrimas começaram a escorrer dos olhos de ambos. 

Lágrimas de alívio saiam dos olhos de Jungkook, finalmente, ele tinha dito o que sempre quis dizer em voz alta, que seu pai era culpado de toda merda e ainda assim fora perdoado.

– Eu te amo –  seu pai sussurrou quase inaudível,  Jungkook colocou a mão na boca completamente destruído.

Por muito tempo Jungkook quis ouvir isso da boca dele, mas agora, a única coisa que ele queria era que seu pai encontrasse o descanso que tanto precisava. Jungkook realmente queria poder dizer o mesmo, mas ama-lo na morte seria em vão, seria falso.

– E eu espero que me perdoe por não sentir o mesmo – disse sério.

– Eu entendo – respondeu com dificuldade e Jungkook assentiu limpando os olhos.

E pela primeira vez e última, Jungkook chegou perto de seu pai e depositou um beijo em sua testa.

– Te perdôo por todas as vezes que me alimentou de dor, invés de amor pai – sussurrou em seu ouvido e saiu do quarto.