Kihyun nunca se considerou alguém sortudo, de fato e não fazia ideia se parar naquele quarto, naquele momento e naquelas circunstâncias poderia ser chamado de sorte, como muitos diriam.
Principalmente se o dono daquele lugar fosse tão bom em brincar...
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Sorte do dia - Tenha empatia!
Se colocar no lugar do outro é essencial.
— Posso entrar?
A voz de Kihyun era baixinha, mas Changkyun conseguiu ouvir. Não respondeu, no entanto, e o mais velho levou seu silêncio como um consentimento.
Deu passos curtos e lentos para dentro do cômodo e apertou o tecido da camisa, tentando iniciar uma conversa sem saber exatamente como fazer isso.
— Achei que estaria ocupado hoje - a voz do Im estava ainda mais grave, como se ele não falasse nada há algum tempo.
— Ainda é meio cedo, né? - Kihyun deu de ombros, ainda que Changkyun não estivesse vendo seu gesto - Achei que dava pra passar aqui e ver se conseguia algum avanço.
Novamente, silêncio. Kihyun largou a mochila em algum canto, observando a silhueta praticamente imóvel sentada na cadeira confortável na sacada. O Yoo conhecia Changkyun como uma pessoa quieta, mas sua falta de reações agora era desconfortável e um tanto irritante.
— Posso ligar a luz? - perguntou, mas ligou o interruptor sem esperar pela resposta; sentou-se diante da mesa com a caixinha quebrada e começou a mexer nas pecinhas - Sabe, eu estava no laboratório de fotografia hoje. Eu gosto muito do professor que toma conta de lá, ele é muito engraçado e viciado em café gelado. Disse que é por isso que ele perdeu os cabelos e eu não sei mesmo o que uma coisa tem a ver com a outra. Mas ele diz umas coisas legais também. Ele diz que fotografias tem muitos significados porque aquela imagem congelada sempre tem um contexto e traz lembranças. Um milésimo de segundo registrado e você pode se lembrar de toda uma vida sem precisar dizer uma única palavra.
— Esse seu falatório tem um objetivo?
Kihyun suspirou, tentando não se importar com aquele tom impaciente.
— Pessoas são diferentes de fotografias. Nós vemos pessoas o tempo todo, mas não sabemos nada delas a menos que elas nos digam ou que nos permitam saber - fez uma pausa longa, notando que Changkyun virou um pouco a cabeça, como se esperasse a conclusão - Então, já que você não é uma fotografia, eu preciso que você diga. Está chateado comigo?
Changkyun puxou o ar com força, como se aquela fosse uma tarefa muito árdua.
— Por que a pergunta?
— Sei lá, você ficou esquisito depois de ontem. Aí eu fiquei pensando se eu tinha feito algo pra ti, mas você não disse nada. Só voltou com a sua cara de "nada" habitual.
— Não estou "chateado" - enfatizou a palavra, para deixar claro que aquele não era exatamente o sentimento que tinha - E não tem nada a ver com você, especificamente.
