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Acordo com o sol de Los Angeles invadindo a janela do quarto. Enfio o rosto debaixo da coberta e tento pegar no sono outra vez, mas o som da porta da frente se abrindo me deixa com a orelha em pé.

— Não... cara... me deixa. — É a voz da Sarah, mas soa um pouco embargada, talvez ainda esteja sob efeito de álcool.

— Qual é, gata... — outra voz, masculina, resmunga.

— Eu disse me deixa! — E a porta bate.

A essa altura estou desperta demais para sequer cogitar voltar a dormir. Esfrego as têmporas e levanto da cama com um suspiro longo, depois me arrasto até a sala com o corpo enrolado no cobertor.

Minha amiga está esparramada no sofá de couro preto com o mesmo vestido curtinho com o qual saiu na noite passada, e a maquiagem toda borrada. O cheiro de álcool exala à distância.

— O que aconteceu? — Minha pergunta vem seguida por um longo bocejo.

—Homens — Sarah resume e boceja por efeito rebote.

Arrasto os pés até a cozinha, procurando pela cafeteira. Minha mãe é quem costumava ser responsável pelo café da manhã em casa (todas as refeições, na verdade), então é um pouco triste não ter tudo pronto na mesa esperando por mim quando me levanto.

— Ex-namorado? — Abro o armário do alto para pegar o pó de café.

Nah... Só um babaca com quem fiquei no ano passado. — Ela esfrega o rosto, parecendo exausta. — Atletas... São piores do que sabonete sintético. Faça um favor a si própria e mantenha-os longe da sua vagina.

Rio baixinho, colocando água na cafeteira. Aperto o botão de ligar.

— Cheguei a mencionar que meu namorado joga basquete?

— Na verdade não, mas eu fucei suas redes sociais. Precisava saber se você não era uma psicopata. — Sarah joga a cabeça para trás. Não diria que ela está bêbada, mas também não está em sua plena razão. — Aliás, um belo exemplar de sabonete sintético, hein?

Sacudo a cabeça em negação enquanto assisto ao café preto escorrer para dentro da jarra. Não que eu não saiba que o Thomas chama atenção com seus olhos claros e musculatura invejável, mas às vezes eu me esqueço que o meu namorado é tão facilmente cobiçável.

— Se ele tiver uns amigos, por favor, me apresenta.

— Pensei que quisesse manter os atletas longe da sua vagina.

— Da minha? — Sarah solta um ronquinho quando ri. — Eu falei da sua. Conselho de amiga. A minha não importa, ela já até está acostumada com babacas. Advinha só: Eu tenho uma queda por idiotas com corpos sarados. E parece que você segue o mesmo caminho.

Faço que não.

— O Thomas não é um idiota — garanto.

— Mas é sarado — Sarah rebate.

Nisso eu tenho que concordar.

A luz da cafeteira acende indicando que o café está pronto. Eu viro o líquido fervente em duas canecas, misturo com açúcar, em seguida entrego uma para Sarah e fico com a outra.

— É melhor você tomar um banho — digo. — Ou vai perder o primeiro período.

— Nada importante acontece no primeiro período. — Minha amiga volta a se aconchegar sofá. Eu meneio a cabeça. Penso "ainda bem que não fui nessa festa com ela", detestaria estar tão quebrada logo no primeiro dia de aula. — Se quiser, eu te apresento o campus mais tarde.

Ninguém mais que nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora