Ninguém mais que nós dois

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Na manhã de sábado, vou ao administrativo da faculdade para fazer a transferência de turnos. Nem todas as matérias tem vaga no horário que eu preciso, e eu não quero trancar nem adiar, então eu falo com Beatrice, que promete me passar o conteúdo das aulas que fazemos juntas.

Dessa vez, Thomas cede primeiro e me liga no celular da Sarah. Eu não estou, mas retorno a chamada assim que encontro minha amiga na lanchonete perto de casa. Ele diz:

— Te liguei mais cedo, a Sarah disse que você tinha saído...

— É, eu tinha que ajustar uns horários da faculdade — é só o que explico.

— Vai trabalhar hoje? — pergunta.

Então eu lembro que ainda não tive a oportunidade de contar nada do que aconteceu para ele. É estranho, Thomas costumava ser a primeira pessoa a saber de qualquer coisa da minha vida e agora que já até arrumei outro emprego, parece despropositado contar os detalhes da demissão e o assédio de Bertrand.

Eu precisava dele naquele dia. Precisava dele quando liguei e a Yumi atendeu. Agora o timing simplesmente passou.

— Na verdade... — Remexo a comida com o garfo. — Vou começar num trabalho novo segunda-feira. É uma vaga de secretária, mas paga um pouquinho melhor.

— Uau! — Ele é pego de surpresa com a notícia. — Você não disse que estava procurando outra coisa.

— Eu não tava, é complicado. — Minha voz soa com desinteresse, e claro que Thomas me conhece bem o suficiente para perceber.

— Vai ficar sendo seca comigo para sempre?

Para sempre é tempo demais, eu penso, mas certamente até a mágoa passar.

— Só não estou afim de falar agora, estou almoçando Thomas. Por que você não liga pra Yumi, hein?

— Talvez eu deva mesmo ligar — retruca. — Pelo menos ela, para variar, me trata direito.

O sangue ferve em meu rosto. O garfo estala, colidindo com a porcelana do prato ao cair da minha mão.

— Sério? Ela trata? — Levanto uma sobrancelha, rindo num misto de raiva e incredulidade. — E ela chupa você também ou o quê?

— Julie...

— Não! — Interrompo. A essa altura só quero revidar. — Eu entendo, ela só está sendo simpática com você em nome dos velhos tempos. Por falar nisso, sabe quem eu encontrei num dia desses e foi muito simpático comigo também? — Thomas não responde. — Dica número um: ele é mundialmente famoso.

— Está falando sério?

— Dica número dois: foi meu primeiro namorado.

— Por que não me contou antes? — A voz de Thomas muda completamente a entonação. Ele está tenso e irritado.

Parece que o jogo virou, não é mesmo?

— Bom, eu teria contado, mas você estava ocupado demais com a Yumi.

— Isso não é uma competição, Julie.

— Eu não disse que era.

— Você está sendo mesquinha e infantil!

— Não. Você é que está sendo hipócrita! E quer saber? Não quero mais falar com você! — Desligo a chamada num clique furioso.

Meu instinto é atirar o celular para longe, mas, por sorte, a poltrona amacia a queda. Os olhos estão marejando.

— Ok, agora entendi como seu celular quebrou. — Sarah arregala os olhos, recolhendo o aparelho para checar o estado. Por sorte, o meu acesso de raiva não causou nenhum prejuízo no aparelho dela. — O que aconteceu?

Eu solto um suspiro e desembucho para a minha amiga todos os detalhes sobre a briga explosiva que tive com o Thomas. E estou com tanta tanta raiva dele, que lágrimas inconvenientes escorrem dos meus olhos. Tenho uma sensação inconveniente de que as coisas nunca mais serão tão simples quanto costumavam ser em Santa Barbara.

❤️
Esse foi o último da semana!

Agora essa autora aqui vai tirar uns merecidos dias de folga. Tentarei postar na segunda-feira pra vcs n morrerem de ansiedade.

Se precisarem de uma leiturinha para o feriado, estão convidadas para ler meu  livro Roube o Visual que está completinho disponível na Amazon por menos de R$ 10,00. Esse livro se passa no mesmo universo que Ninguém Mais e tem participação especial de alguns personagens da série, inclusive a Sarah 👀

O link tá na bio.

E não esqueçam de votar!!!