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Esse capítulo é para @samysprouse que estava ansiosa pra reler essa cena  💖
***
Quando abro a porta, Pedro está dando risada, isso aumenta em dez vezes o nível da raiva que eu sinto dele. Me faz entender o quanto pra ele isso é só um joguete.

— Gato, rico, talentoso... você esqueceu de mencionar "duas vezes vencedor do Grammy". — Pedro abre um sorriso petulante, com os braços cruzados diante do peito. — Sabe que dava pra ouvir tudo daqui de dentro né?

Respiro fundo. Tudo bem. Não vou entrar no joguinho dele.

— A gente não vai brincar de melhores amigos, Pedro. Então fala logo. O que você quer comigo, hein? — Sento na mesinha, de frente para ele.

Pedro gagueja. Ele não esperava essa reação. Eu sorrio, satisfeita. Advinha só, idiota, eu não sou a porcaria da sua tiete. Não vou sentar aqui e glorificar o chão que você pisou.

— Eu, hãh... — Ele coça o cabelo. — Vim me desculpar.

Preciso rir.

— Não acha que chegou um pouco atrasado? Tipo... uns 3 anos atrasado?

— Quero dizer... não por... isso... eu... é que... você me pediu pra ficar fora disso, e eu bebi pra cacete, acabei ligando pro seu chefe, e ele disse pra eu nunca mais pisar no restaurante, então... desculpa se eu passei algum limite.

Ele morde os lábios. Pedro Lucas inseguro? Tá aí uma cena que eu nunca pensei que fosse presenciar, mas é meio gratificante.

— Se passou um limite? — Levanto uma sobrancelha. — Bom, graças a você eu fui demitida com direito a uma cena bem humilhante, então, é você passou um limite bem grande, Pedro.

— Foi mal. Só estava tentando proteger você.

PROTEGER? Sério? Proteger? Um riso alto e sarcástico escapa dos meus lábios. Legal. Meu ex-namorado realmente tem um complexo idiota de super-herói.

— Desculpa, eu não preciso que o Super Pedro superfamoso pegue seu Superpoder aquisitivo e venha me salvar. Eu me viro sozinha.

— Qual é? — Ele descruza os braços, apoiando as mãos nos joelhos. — Você tinha que ter visto o jeito que aquele Bertrand falou de você. O cara é um bosta, tem que admitir que foi melhor desse jeito.

— Vai à merda Pedro! — Na raiva, desejo ter alguma coisa em mãos que eu pudesse atirar com força no peito dele. — Você espera que eu faça o que? Agradeça? — Reviro os olhos. — Você acha que eu adorava o Adrien? Ou que aceitei o emprego porque tenho uma queda por milionários arrogantes que se sentem no direito de flertar com a pobrezinha da garçonete igual a você? Não, eu precisava da porcaria do dinheiro.

— Porra! — Ele parece negativamente surpreso. — Você sabe que eu era praticamente um sem teto até uns anos atrás. Não me trata como um riquinho alienado de Hollywood. Eu sei as merdas que a gente se sujeita por grana.

— Você provavelmente sabe muito bem a sensação de quando seu chefe sugere que você dê uma "atenção especial" ao cliente VIP da noite, porque ele parece ter gostado muito de você — ironizo.

Pedro assimila essa frase por um instante ou dois.

— Eu era o cliente VIP? — Ele passa a língua pelo lábio e esfrega o queixo.

— O que você acha? — Levanto uma sobrancelha.

— Escuta... eu não pedi isso. Eu jamais... só queria falar com você.

— E agora já falou, mas continua sentado aqui... então está esperando que eu te sirva uma bebida ou o quê?

— Uma bebida seria ótimo — ele provoca e ri. — Mas, sério... Eu não sabia que você tinha sido demitida, mas imaginei que a grana era o motivo pra continuar aguentando as merdas daquele cara, então eu mexi uns pauzinhos e eu posso te arrumar alguma coisa na Club Records.

Solto um riso sarcástico. Mexeu uns pauzinhos? Essa é a maneira que as pessoas do tipo dele resolvem as coisas, não é? Depois ele espera não ser tratado como um "riquinho de Hollywood".

— Não obrigada. Eu não quero seu emprego, sua ajuda, e muito menos ter que ver a sua cara quando eu estiver trabalhando.

— Essa doeu. — Pedro levanta. — Se é assim, posso dar o fora. Não sabia que minha presença ainda te incomodava tanto.

Merda! Agora ele acha que ainda sinto algo ou que me afeta.

— Não incomoda! — Exclamo em defensiva, saltando da cadeira. — Na verdade, sua presença não me afeta em nada.

Cruzo os braços no peito e me posiciono estrategicamente na frente dele, como uma barreira, impedindo que vá a qualquer lugar.

— Não? — Pedro me encara nos olhos. Só agora eu percebo que nossos corpos estão muito próximos, mas não posso vacilar, então estufo o peito e lhe encaro de volta.

— Não.

— O que te impede então de aceitar o emprego?

De repente estou sem resposta. É difícil elaborar algo quando estou olhando esses olhos verdes assim tão de perto. Como não digo nada, Pedro simplesmente se aproxima do meu ouvido para sussurrar lenta e pausadamente:

— Parece até que está com medo de se apaixonar de novo por mim, Julie.

O hálito quente toca a minha pele e eu estremeço. Pedro ri satisfeito.

Desgraçado! Debochado! Ele está brincando comigo! Acho que ele ainda não entendeu que eu não sou mais a porcaria da sua tiete idiota, e que se ele quiser brincar comigo vai ter que ser sob as minhas regras. E eu só entro nesse jogo se for pra ganhar.

A Julie que ele conheceu vacilaria. Eu retruco. Aproximo a boca o suficiente para sentir o hálito de cigarro inebriante, deslizo a mão lentamente em seu peito, sentindo o coração acelerar sob a palma. O ar parece mais denso. A eletricidade emanando da ponta dos dedos quase me faz esquecer do propósito, mas, no instante em que Pedro se aproxima para me beijar, eu o empurro com força, fazendo-o cair sentado no sofá.

— Não seja idiota, Pedro — digo com um sorriso vitorioso. — Você é um erro que eu não cometeria mais de uma vez.


Acabou por hoje, mas amanhã tem mais Pedrulie brincando de cão e gato. Me aguardem 👀

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