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Parado no batente do quarto, Pedro apenas assiste enquanto reviro as gavetas do armário em busca de uma toalha reserva.

— Tenho certeza que estava aqui em algum lugar... — resmungo baixo, esparramando as peças pelo chão sem me importar com a bagunça.

— Espera! Eu conheço essa camiseta!

Solto um grunhido, percebendo que acabei de pegar camiseta dele que — já nem lembro como ou por quê — veio parar na minha bagagem, quando devia ter ido parar na lixeira há vários anos.

— Espera... era sua? — Finjo, atirando a camiseta preta da banda.

Pedro a pega ar com destreza, e estende diante do corpo. Os olhos verdes brilham como os de um garotinho de 7 anos ganhando uma bicicleta no natal de presente.

— Tá brincando? Era minha camiseta da sorte! Jurei que estava condenado a viver azarado pra sempre.

E assim, sem nenhum aviso, ele tira a camiseta encharcada que estava vestindo. A minha boca fica seca e eu desvio o olhar rápido, não quero ver o peito tatuado dele. Ou quero, mas não quero sentir o incêndio interior que isso me provoca.

— É. Você é tão azarado! — ironizo, voltando a revirar as gavetas. — Eu não posso imaginar ter que viver com todo esse azar. Já pensou? Fama? Dinheiro? Todas as mulheres do mundo caindo aos seus pés?

— Todas as mulheres do mundo? — Pelo tom sugestivo, eu entendo muito bem onde ele quer chegar.

— Bom, nem todas —corrijo rápido. — Não eu, por exemplo.

— Engraçado... — Agora ele está entrando no quarto, e a sua aproximação faz meus batimentos acelerarem. — Não é o que ficou parecendo ainda há pouco, quando você tava toda entregue no capô do meu carro.

— Foi um incidente isolado — me defendo. — Fraqueza momentânea.

Pedro ri, se aproximando ainda mais.

— Lá em casa também?

Assinto calada.

— Pensei que a gente tivesse superado a fase dos joguinhos. — Ele enrosca minha cintura por trás, sinto um gelo subir pelo corpo todo. — Só para variar... por que não para de tentar resistir quando nós dois sabemos que você tá querendo o mesmo que eu?

Estou paralisada, congelada no tempo, apenas sentindo a boca morna abocanhar o lóbulo da orelha. Eu desmancho inteira ao mero toque dos lábios dele.

— Não é tão simples... — protesto com um resquício de consciência.

As mãos habilidosas deslizam pelos meus ombros, descendo pelos braços, e então ele segura a minha mão com cuidado.

— Fica mais simples se eu tirar isso aqui? — Ele puxa o anel prateado, deixando o metal estalar no chão e rolar para longe.

Eu sei o que esse anel significa. Sei o que sempre vai significar. Então é estranho que eu não me mova para pegar o amor infinito rolando para debaixo do guarda-roupas. Apenas permaneço estática, concentrada na sensação do calor do seu peito aquecendo minhas costas.

— Faz você se sentir mais leve? — Ele beija meu pescoço. — Me fala Julie, o que eu faço você sentir?

— Eu... eu não sei.

É tanta coisa ao mesmo tempo. Ainda tem aquela paixão do passado, a mesma mágoa do passado também, mas a sensação de culpa é totalmente inédita, e esse medo estranho de me entregar corpo e alma só pode ser herança do coração partido com o qual ele mesmo me presenteou.

— Sabe quando eu faço isso? — Sussurra com os dedos macios correndo pela minha pele quente sob a blusa.

Desejo.

— Porra, Pedro, isso é tortura.

Posso ouvi-lo sorrir. Vai deixando mordiscadas leves por todo o pescoço, me fazendo contorcer de vontade de levar isso até o fim. Sua mão envolve meu seio. O filho da mãe gosta de me torturar.

— Fala, Julie — ele insiste. — Consegue dizer que não quer o mesmo que eu?

Eu tento. Juro que abro a boca para dizer que isso tem que parar, mas tudo que escapa da minha língua é a súplica de uma garota cujos hormônios já corromperam completamente seu raciocínio lógico:

— Eu quero.

Isso era tudo que Pedro precisava ouvir.

Só com um puxão ele me vira, e antes que assimile, a língua já está invadindo minha boca num beijo feroz. Meu corpo é pressionado contra o guarda-roupa, as pernas enroscam no seu quadril, e Pedro suspende todo meu peso em seus braços tatuados.

Não vacilo. Não me arrependo. No instante em que nossas línguas estão tão emaranhadas quanto os nossos corpos, não existe nenhuma parte de mim que não deseje ser tocada por ele.

Pedro me atira na cama sem muito cuidado. Ainda estou encharcada da chuva, então tiro a blusa com agilidade. Não quero molhar o lençol. O par de olhos verdes descem direto para os meus peitos protegidos por um sutiã rendado.

— Porra... — Meu coração bate rápido.

Seus lábios correm entre os meus seios e descem pela barriga, fazendo meu corpo se contorcer de desejo um pouco mais pra baixo. Pedro me encara com um ar de divertimento. Ele sabe muito bem no que eu estou pensando agora, mas não vou dar o braço a torcer. Pelo cabelo, eu o puxo de volta para minha boca.

Quero outro beijo, claro, mas Pedro desvia a boca para sussurrar no meu ouvido:

— É melhor a gente tirar essa saia molhada... você não vai querer pegar uma pneumonia, vai?

Pneumonia seria a escolha mais racional, mas eu nem brinco de negar quando ele puxa o zíper para baixo. Eu sei muito bem a onde isso vai nos levar. Beijos, mordidas, arranhões, puxões de cabelo, uma troca deliciosa de falta-de-gentilezas.

Pedro manipula o meu corpo com o mesmo talento com que manipula as cordas de um instrumento. A música que ele toca é o som das nossas respirações ofegantes, dos nossos gemidos entrecortados, do meu nome em seus lábios soando tão sujo quanto um palavrão. Se ele faz comigo o que faz com a guitarra, eu entendo o porquê de ele ser um musicista premiado.

🔥🔥🔥
Cês querem o ponto de vista do Pedro ou tá bom já deu? 👀

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Ninguém mais que nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora