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O lance do Holi é que todo mundo usa roupa branca para depois sujar de tinta, então parece que estamos saindo para uma festa de réveillon fora de época. Sarah usa uma camisa social que guardou de algum cara com quem foi pra cama, mas nela fica longuinho o suficiente para parecer um mini vestido. Bea usa short curto e uma regatinha, e me emprestou um vestido de alcinha bem curtinho, que eu acho que está meio transparente, mas a Sarah garante que ficou sexy.

Nós chegamos ao festival de Uber, e o acesso para o camarote vip é separado, então nós fugimos da fila colossal que se forma do lado de fora. Daqui de cima, a vista do palco é livre de impedimentos e uma banda de abertura já está tocando. É um som legal, mas não são muito famosos, como a French também não era da primeira vez que tocaram aqui.

— Vocês se importam se eu for procurar o Luke pra desejar boa sorte? — Bea pergunta logo que entramos no camarote.

— Claro que não, vai lá. — Sarah me puxa pela mão. — Enquanto isso a gente vai se embriagar.

Tem um bar enorme no canto. Sarah pede um Martini seco e eu peço uma Margarita, porque, bem, tequila, e eu preciso de tequila se vou ter que assistir um show do cara que me expôs pro planeta inteiro.

— Aquela não é a Lana Carrera? — Sarah aponta discretamente para a loira do outro lado do bar que está vestindo um top de biquíni, meia ¾ e saia de couro.

Os fios platinados caem compridos em torno da silhueta digna de uma revista. Eu me lembro do que eu senti da primeira vez que a vi, nesse mesmo festival. Eu achei ela tão insuportavelmente atraente, que pensei que estivesse com ciúme do Pedro, quando, na verdade, era eu quem estava atraída por ela em primeiro lugar

Não que Pedro não estivesse. Ele só faltava babar nos peitos dela, mas preciso admitir:

— Ela tem peitos incríveis.

— É silicone — Sarah acrescenta. — Dá pra saber porque são bem redondos e perfeitos. Às vezes eu penso se devia colocar silicone. Meus peitos são muito pequenos. O que você acha?

Eu analiso e viro um gole.

— Eu acho que você tem ótimos peitos.

— Obrigada. Você tem ótimos peitos também.

Nós duas damos risada. Lana nos vê de longe, e eu aceno. Ela sorri e vem em nossa direção, e eu meio que me arrependo de ter acenado.

Ah merda! — Solto baixinho. — Tomara que o babaca do Ian não esteja com ela. Lana! —Abro um sorriso. — Você está sozinha?

— Eu tinha o convite e não ia perder meu festival favorito. — Olha para o bartender e mostra o copo, pedindo para reabastecer. — Mas dessa vez eu não me apresento, vim só pra curtir mesmo. E você? Veio ver o Pedro?

Eu estou no meio de um gole, e quase cuspo na taça de engasgo.

— Só se for pra torcer pra ele cair do palco e quebrar a coluna.

Lana franze um pouco o cenho, mas dá risada.

— Relação complicada de vocês, mas quem sou eu pra dizer? Fiquei num relacionamento montanha russa de anos com um cara que às vezes me trata como se eu fosse propriedade dele, mas eu meio que sou mesmo, graças ao contrato com a gravadora. Se querem saber, minha carreira é o único motivo pra eu ainda estar com ele.

A loira vira a bebida num gole só. Os olhos azuis estão esfumados de preto, e ela tem uma tatuagem no antebraço.

— Se vamos falar mal de homens, eu devia ter desconfiado que o Ian era um babaca quando o Pedro falou bem dele. — Passo a língua pelo lábio, sentindo o gosto salgado da Margarita.

— O Pedro é um amigo que eu considero muito — Lana diz, então eu entendo: não vamos falar mal de homens, ao menos não do Pedro, e eu fico com um pouco de raiva por isso. — Acho que ele é a pessoa com o melhor coração que eu conheço e um talento incomparável. Lembro quando vi o Pedro cantar a primeira vez. Eu disse pro Ian "esse menino tem potencial". Ele pensa que é um visionário da música, mas a French 75 é a única banda da gravadora que dá bons lucros, e fui eu quem fez a descoberta. É por isso que eu e o Pedro, a gente se dá tão bem. Eu fui a primeira pessoa que acreditou no trabalho dele.

Não! Eu fui a primeira pessoa que acreditou nele, minha mente meio embriagada cisma em ficar com ciúme do posto de fã número um.

— Acho que eu vou dançar. — Mato o último gole da margarita.

— Eu tenho uma coisinha pra animar a noite. — Lana tira um pacotinho de compridos do bolso da saia.

Eles são de cores e formatos variados, como se fossem docinhos de uma festa infantil. São drogas, eu sei, mas as cores e formas os fazem parecer inofensivos e divertidos.

Eu hesito, mas Lana coloca o cor-de-rosa na boca, e eu me lembro de ter me divertido demais sob efeito disso na última vez que vim nesse festival. Não é como se eu fosse morrer por tomar uma só.

Estamos em Los Angeles, eu tenho 18 anos e estou solteira. Acho que posso me divertir. Pego a bala amarela e coloco na boca. Lana oferece em seguida para Sarah.

— Acho que prefiro ficar meio consciente — minha amiga fala.

Eu sei porque ela prefere ficar consciente. Eu sei o que aconteceu no baile de formatura, quando ela exagerou e usou alguma coisa. Mas se eu vou me divertir, faço questão que ela se divirta, então fico na ponta do pé e puxo Sarah pela nuca, beijando-a sem aviso.

Ela hesita um segundo, sendo pega de surpresa, mas então envolve minha cintura. A boca delicada está com sabor de gim e azeitona. A bala passa da minha língua para a dela e volta algumas vezes. Meus dedos enroscam nos cachos compridos.

Quando as nossas bocas se afastam, a bala já não está na minha, e eu estou sorrindo, porque adoro o fato de que eu possa beijar, me divertir e ser tão bom, e não partir o meu coração com expectativas.

Um pedaço meu se pega desejando que as coisas pudessem ser assim com o Pedro: meramente carnais, sem que ele me deixasse ansiosa, apaixonada, frustrada e com tanta raiva quanto ele deixa.

Mesmo assim, não consigo evitar o pensamento de que o beijo da Sarah é incrível, mas não me incendeia de cima a baixo como só o dele faz.



Lembrando que a Julie é PHD em fazer m3rd4, então não usem dr0g4s ! 

E não esqueçam de votar, que na sexta teremos o retorno do babaca favorito de vocês!!!

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Ninguém mais que nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora