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Se alguém tivesse dito na semana passada que o meu programa para uma sexta à noite seria comparecer à uma festa de celebridades chiquérrima em Beverly Hiils, eu teria dado risada, mas aqui estou eu, descendo de um táxi diante do elegantíssimo hotel Four Seasons, com um vestido preto curtinho e a sandália mais alta que achei no armário.

Sarah parece uma modelo com o longo esmeralda e os cabelos caindo em cascatas em torno do decote. Eu não teria vindo se não fosse por insistência dela, que enumerou uma lista de motivos pelos quais eu não poderia perder esse evento por nada.

Primeiro, porque eu precisava do emprego. Eu preciso. Segundo, porque seria divertido. Eu não tenho tanta certeza. Terceiro, porque ajudaria no crescimento do blog. Acho que sou uma boa amiga. E o último motivo — que realmente me convenceu — precisava dar o troco no Thomas.

Normalmente tento não ser tão mesquinha e vingativa, mas quando eu liguei do celular da Sarah só para dizer que tinha perdido o meu, sabe o que ele disse?

"Que coincidência. Também perdi o meu, mas já consegui encontrar".

"Sério?", respondi. "Engraçado ele ter ido parar com a sua ex-namorada".

Então tivemos a mesma velha discussão sobre ela ser ou não "ex" dele, que acabou com Thomas se cansando e me dizendo para me acalmar, mas dessa vez eu não me rendi. Ele nem tinha um bom pretexto para estar se encontrando com a Yumi, então, com o incentivo de Sarah, resolvi pagar na mesma moeda.

Foi assim que acabei sozinha no salão chique à meia luz, cercada pelos nomes mais importantes da música alternativa atual, e fingindo com um sorriso plastificado que estou totalmente habituada com esse cenário.

Sarah disse que ia só pegar as bebidas no bar, mas isso já faz quase trinta minutos, então eu olho por sobre os ombros das pessoas ricas, tentando localizar a minha amiga no meio deles.

É quando o vejo. Pedro Loth está elegantíssimo com o traje social todo preto, cabelo despenteado e, claro, uma bela modelo loira de seios enormes parada ao seu lado.

Claro que isso me deixa irritada. Não é ciúme. Só é muito enfurecedor o fato de ele achar que tem o direito de correr atrás de mim e dela ao mesmo tempo. E eu nem estou interessada, mas isso é muito desrespeitoso tanto para mim quanto para Lily Adams.

O olhar de Pedro encontra o meu e ele tem a audácia de abrir um sorriso e deixar a namorada de lado, rompendo a multidão em minha direção.

— Você veio mesmo! — Ele levanta as sobrancelhas, surpreso. Tem um copo de uísque cheio de gelo na mão. — E onde está a Sarah?

— Acho que ela se perdeu no caminho do bar, e você, pelo visto, está mesmo muito ocupado. — Claro que o tom é ácido, não sou boa em disfarçar a raiva.

Pedro umedece o lábio e sacode a cabeça.

— Já disse que o lance com a Lily não é desse jeito. E, da última vez que eu chequei, você tinha um namorado. Então o que veio fazer aqui, senhorita eu só tenho olhos pra ele?

Claro que eu vim para irritar o Thomas, mas Pedro não precisa saber.

— Vim pela proposta de emprego, esqueceu?

O garçom estende uma bandeja de espumante. Eu me sirvo de uma taça, porque preciso de álcool na corrente sanguínea se quiser sobreviver ao cinismo de Pedro.

— Te mandei uma mensagem, você não respondeu. Pensei que não fosse querer a vaga.

— O meu celular está quebrado — justifico, bebendo um gole. — Se o salário for bom, quem sabe eu compro outro.

Ninguém mais que nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora