IX

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– Você veio? – A voz veio por trás, quando ela já tinha levantado. Lizzy demorou um pouco para se virar, mas, sabia que era inevitável. – Eu seriamente não achava que...

– Eu precisava sair. Ficar em casa... Está impossível. – Ela o interrompeu e tentou ignorar o pensamento que ele estava muito bem arrumado para quem achava que não iria encontrá-la no parque.

– Então, sou menos intragável para você do que eu pensava... – Darcy riu e sentou no mesmo banco em que ela estava.

– Não... – Ela o viu sorrindo. – Você não é intragável. Só... Difícil de lidar. – Ela foi sincera, já que estava cansada depois da briga que teve com a mãe.

– Parece que você não está tão animada para me contrariar... – Ele olhou seriamente para Lizzy. – Sente-se. Vamos conversar sobre isso, sou um ótimo ouvinte... – Lizzy sorriu mesmo a contragosto, e sentou-se do lado dele.

– Tudo tem a ver com minha mãe. Até o modo como eu te tratei ontem... Tem influência dela. – Elizabeth confessou, com um tom baixo, para alguém que estava começando a ganhar a confiança dela.

– Ela te pediu para fazer isso? – Darcy estranhou o que ela estava dizendo, já que não fazia sentido algum.

– Não, não. Pelo contrário, se ela soubesse das condições financeiras suas e de seu amigo, ela iria obrigar a mim e a Jane a fazermos tudo para ficarmos... Com vocês... – Ela teve dificuldade para contar isso a ele, Lizzy nunca havia dito isso para um amigo... E lá estava ela, se surpreendendo ao contar algo tão íntimo para Darcy, a pessoa que ela fez odiar sem ao menos conhecer.

– Ah. – Ele viu como ela estava envergonhada com isso, e admirou por perceber que ela era totalmente diferente da índole da mãe. Algo mudara em Darcy, a partir daquele momento, e infelizmente, ele não havia percebido isso. – Acho que a única coisa sensata a se dizer, nesses momentos, é que... Eu posso ver em você o quão diferente dos pensamentos de sua mãe, você é. Lizzy... – Ele se xingou por chamá-la assim, lembrou do momento em que ela o havia proibido de chamá-la pelo apelido. – Você é diferente, não deveria ficar triste por isso. Hoje em dia, é quase impossível achar alguém que não esteja pensando em se casar com pessoas ricas ou famosas... Saber que eu conheci uma mulher que nem você, simplesmente, muda muito a minha visão sobre as pessoas que não conheço... – Ele percebeu que ela estava encarando-o. Parou de falar pensando que ela queria dizer algo.

– Então... – Ela sentiu que era necessário dizer algo sobre isso. – Você sabe... Sabe que não posso ter qualquer envolvimento com alguém que tenha uma condição financeira totalmente incalculável que nem a sua... – Ela evitou olhar para ele, pois sentiu um grande incômodo ao perceber que eles nunca poderiam ter um relacionamento... – Mas, eu poderia te aceitar como um amigo e até deixaria você me chamar pelo apelido... – Ela sorriu e ignorou o olhar que Darcy estava lhe lançando.

– Só por causa de sua mãe? – Ele não gostara do rumo daquela conversa, claro que queria ser amigo dela, mas, ela renegaria qualquer sentimento que poderia ter por ele por causa da mãe? – Você jogaria uma relação só para não fazer a vontade dela?

– Soa bem pior você vendo por esse lado, mas, Darcy, eu não posso fazer algo assim... Eu não estou me privando de nada, sinceramente, e eu sei que você se interessou por mim ontem, mas, só posso te oferecer minha amizade... E outra, você nem ficará aqui para sempre. Você mesmo me falou que só ajudará Bingley por uma semana. – Ela tentou mostrar a razão para ele, mas, não podia negar, gostava de ver que ele estava realmente interessado por ela.

– Seria muito simples, e num caso hipotético como esse que você sugeriu, eu levaria você comigo. Você mesmo disse que não quer ficar aqui. – Ele se aproximou mais dela, na tentativa de mostrar que existia um clima entre os dois, mesmo Lizzy negando.

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