VIII

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- Mas, você não vai acompanhar sua irmã, Jane? – A senhora Bennett estranhou a ansiedade de suas duas filhas, mais velhas, principalmente depois de perceber que as duas teriam compromissos diferentes, sendo que o combinado era Jane acompanhar a irmã nessas primeiras semanas até Elizabeth ficar acostumada, novamente. – Esse era o combinado, filha.

– Mãe, Lizzy está mais do que apta para andar sozinha até o parque! Ela sempre ia para lá ler os livros dela! – Jane tentou mostrar, um tanto apressadamente, que a mãe não tinha com o que se preocupar.

– Jane, abaixe seu tom. – Sra. Bennett odiava quando uma de suas filhas levantava a voz. – Elizabeth concordou com isso? – Ela levantou a sobrancelha como forma de mostrar que estava desconfiada.

– Claro, mãe, eu não a deixaria sozinha se ela não quisesse! – Jane, por mais que quisesse deixar claro esse assunto para sua mãe, sentia que estava perdendo um tempo precioso de encontrar Bingley...

– Se ela está mesmo de acordo... Então, tudo bem. – Ela sempre sabia quando Jane dizia a verdade ou não, já que a sua primogênita sempre foi a mais fácil de criar e perceber o que estava querendo fazer. Por isso, sempre acreditou mais na palavra de Jane do que as de suas outras filhas.

– Com licença, mãe, preciso terminar de me arrumar... – Jane queria acrescentar "porque já estou super atrasada", mas, sabia que isso magoaria sua mãe e por isso não fez. Ela conhecia a preocupação dela com Lizzy, e só assim, a "perdoou" pela insistência daquele esclarecimento...

– Sua irmã está no quarto? – Sra. Bennett perguntou quando Jane já descia as escadas.

– SIM! – Jane disse alto, pois se recusara subir novamente e explicar isso também à sua mãe. Jane poderia ser paciente, mas, ela sempre soubera qual era seu limite.

Sra. Bennett não havia percebido o "estado de espírito" de Jane e simplesmente seguiu até o quarto das filhas. Todos os outros quartos estavam com suas portas fechadas, tirando a sua própria e o quarto de suas filhas mais velhas.

Por mais que ela dissesse, a todos, que se preocupava com suas filhas de modo igual, era possível perceber que além de Jane ser sua prioridade em arranjar um marido – o qual tenha um nível extremamente satisfatório no quesito econômico social –, Elizabeth era uma preocupação por, simplesmente, viver a vida de modo contrário ao qual Sra. Bennett tentava fazer com que ela tivesse. Se ela procurasse fazer com que a filha conhecesse algumas pessoas de alto nível, Elizabeth tratava-as da pior forma possível, como se seu objetivo fosse que estas pessoas a odiassem – e elas, de fato, odiaram. O maior medo da mãe de Lizzy era que, a segunda filha, se tornasse uma eterna solteirona, ela simplesmente temia isso. Como se isso fosse uma forma de insulto sendo mãe de cinco filhas.

E esse tipo de destino, para Elizabeth ou para qualquer outra filha, era simplesmente inaceitável.

– Elizabeth? – Sra. Bennett entrou no quarto sentindo o perfume francês feminino de Jane e lavanda. – Está aí, filha?

– Aqui, mãe. – Lizzy dizia enquanto secava o cabelo. – Bom dia. – Pode perceber que sua mãe já tinha começado o dia, analisando-a. Desde pequena, Lizzy sentia que aquelas análises com suas aparências, suas roupas e suas atitudes, que a mãe fazia constantemente, era unicamente direcionado a ela e a mais nenhuma de suas irmãs. – Algum problema?

– Não posso observar você mais? – Sra. Bennett nunca gostava das perguntas de Elizabeth, sempre tinham um tom sarcástico. Ela era mãe daquela moça, ela merecia mais respeito, era o que a Sra. Bennett achava ser o correto.

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