XLVIII

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Os olhos de Darcy se abriram depois de uma forte luz pairar sobre eles. Ainda sonolento, aos poucos percebeu que deixara a janela aberta e o vento fizera com que a cortina não conseguisse mais reter a luz do dia do quarto dele.

Logo depois de se situar que estava num quarto da casa de Elizabeth, sentiu algo se movendo atrás dele, e num ato surpreso, percebeu que ela estava ali. Era ainda algo incrível de se imaginar, para ele, como aos poucos tudo entre eles se encaixava perfeitamente. O tempo para o primeiro beijo, o primeiro eu te amo e a primeira noite de amor.

Ele lembrava bem de cada detalhe e não conseguia imaginar, se houvera alguma outra noite que se comparava àquela. Elizabeth ainda dormia tranquilamente do outro lado da cama, Darcy pode perceber o quão espaçosa ela era e achou tal fato engraçado. Quanto mais a intimidade deles ia aumentando, mais feliz ele estava. Decidiu se arrumar e preparar um café da manhã para ela.

Elizabeth ainda estava confusa. Aos poucos seus olhos se abriam e ela foi percebendo onde estava, na mesma proporção que as memórias, da noite passada, voltavam à mente. Ela achou estranho ele não estar ali na cama, e a primeira dúvida que teve foi se algo tinha sido ruim para ele...

Porque, para Lizzy, a noite passada tinha sido a primeira noite mais perfeita de uma vida que ela nunca achava ser possível ter. Enquanto sentia o cheiro dele em seu travesseiro, a porta se abriu e antes que tomasse o maior susto da sua vida, percebeu que era ele. Com uma simples bandejinha nas mãos, na qual trazia um café da manhã.

O sorriso dela fez com que o coração dele batesse mais rápido, e numa reação natural, ele sorriu de volta, como se nunca tivesse sorrido antes, e a sensação era perfeita. Ele se aproximou dela, mas, ainda sem saber como agir depois de tudo que eles haviam passado.

- Oi – Ele a olhou encarar a bandejinha, e com a outra mão, mexeu nos cabelos num ato nervoso e involuntário.

- Bom dia... Como você está?? – Ela questionou sorrindo, enquanto pegava dele a bandejinha, e mordia um pedaço do pão com manteiga.

- Eu... – ele percebeu toda aquela felicidade que parecia transbordar dos olhos dela – Eu acho que tô sonhando.

- Só se eu estiver também – ela fez sinal para ele sentar ao seu lado na cama – Eu nunca achei que te veria nervoso, Darcy.

- Bom, eu nunca achei que era possível ser feliz assim. Que era algo milagroso, uma vez a cada x anos, como eu via na relação dos meus pais... E estar assim, com você, eu vejo a sorte que tive em ter te encontrado.

- Eu que tive a sorte, por tudo que você fez e faz por mim, apesar da bagunça que eu crio para me achar e aceitar esse amor.

- Do que adianta amar alguém se você não lutar por ela? Nada vale à pena dessa forma – ele deu um beijo demorado no pescoço dela.

- Por mais que esteja perfeito cada segundo dessa manhã, e eu esteja com uma vontade de prolongar essa conversa nossa, eu preciso enfrentar as complicações da vida aqui. Com minhas irmãs e meu pai no hospital. – Ela acariciou o rosto dele, ficando com um semblante triste logo em seguida.

- Eu entendo, Lizzy. Enquanto fazia seu café da manhã, meu amigo me ligou e disse que em duas horas chega aqui... Então, já teríamos mesmo que nos arrumar e preparar para as coisas e ver qual diagnóstico ele terá para o quadro do seu pai.

- E de novo, o que seria mim sem você?

Darcy sorriu bobamente para a declaração e a beijou.

...

- Bom dia...

Kitty e as irmãs mais novas de Lizzy estavam comendo na cozinha quando viram os dois descendo da escada, a forma que Kitty disse fez os dois perceberem que elas sabiam. Elizabeth não ia deixar sua irmã se meter na sua vida, porque ela estava ali mais para ajudar do que piorar a situação, já que ela sentia que Jane não a ajudaria, Elizabeth não queria que mais uma irmã ficasse contra ela.

- Bom dia, meninas. O dr. Wickham está para chegar na cidade e ele vai ajudar o papai... Então, por favor, tentem ser o menos de vocês que puderem, a gente precisa de notícias boas, e criar confusão não vai ajudar ninguém da nossa família. – Lizzy falou olhando sério para elas, e o silêncio permaneceu.

- Eu conheço o dr. George Wickham há anos, desde que minha irmã era um bebê, praticamente, e tenho plena confiança na competência do trabalho dele. Então, se tem alguém que eu aposto na busca por uma solução da condição do seu pai, é ele. – Darcy completou, tentando animar todas que estavam na mesa, além deles, e Jane, que estava na pia lavando algumas louças e permaneceu quieta desde que eles chegaram.

Foi difícil aguentar o silêncio naquela casa pela próxima hora, enquanto Wickham não aparecia, e após o que pareceu ser "12 horas", finalmente alguém tocara a campainha. Era aquele momento que Lizzy e Darcy estavam rezando para que tudo desse certo, mas, naquela altura, só sabiam que tudo dependia da chegada daquele médico.

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