Antes de qualquer retórica rebelde vinda dela, Darcy levantou-se repentinamente e sem perguntar, puxou Lizzy em direção ao seu corpo. Ela, surpresa por tal ato, desequilibrada, apoiou-se nos ombros dele fazendo com que seus braços se enrolassem no pescoço de Darcy.
Eles respiraram fundo com a intensidade da repentina aproximação.
Darcy viu que Elizabeth estava pronta para xingá-lo com todos os nomes possíveis e impossíveis, e antes disto, ele simplesmente começou a gargalhar.
– Do que você está rindo? – Elizabeth perguntou irritadiça.
– De você, com todo o respeito. – Disse com um tom risonho, tentando soar sério.
– Não, com todo esse seu "respeito", me senti mais ofendida que outra coisa. – Ela virou o rosto, mas, seus braços continuavam no pescoço dele...
– Lizzy – Darcy falou tão baixo e ao mesmo tempo, puxou delicadamente o queixo dela para que pudesse vê-la frente a frente. – Eu nunca te ofenderia, entendeu? Não sou esse tipo de homem.
– Promete? – Elizabeth deveria ter dito algo mais agressivo, mas, simplesmente, a curiosidade falou mais alto.
– Eu prometo. Prometo isso e tudo o que você quiser.
Ele sabia que ela, mesmo com qualquer declaração que tivesse planejado em dizer, não ficaria motivada a beijá-lo – todavia, ele sabia que a vontade de provar o beijo do outro, existia nos dois – assim, aproximou-se, calmamente, seu rosto do pequenino rosto de Elizabeth e beijou sua bochecha. Tentando mostrar a ela que ele era de confiança.
– Acho que está ficando tarde... – Ela sussurrou.
– Sim, está. Eu te levo para casa. – Ele disse enquanto sentia a sensação de conforto ir embora, ao mesmo tempo em que Lizzy retirava seus braços em torno de seu pescoço.
Disso, eles andaram silenciosamente lado a lado até acharem o carro de Darcy.
Elizabeth apenas relembrava o momento em que estavam tão próximos um do outro, e o perfume de menta misturado a uma fragrância francesa de Darcy contaminando cada poro do corpo dela enquanto ele se aproximava cada vez mais para dar um beijo em sua bochecha...
Ela nunca se sentiu tão tentada em beijá-lo como naquele momento.
Darcy não conseguia olhar para Elizabeth, ela estava tão quieta no banco de passageiro que era até estranho tentar conversar com ela. E assim foi até ele se dar conta que estava em direção da casa de Bingley e não da dela.
– Me desculpa, mas – Ele tentou não assustá-la, já que ela parecia tão imersa nos próprios pensamentos – Você esqueceu de me falar onde que fica... Qual é a rua da sua casa.
– Não, não é necessário. Pode ir para casa de Bingley. Eu vou a pé de lá para casa, é bem perto. – Ela olhou-o sincera e rapidamente. – Mesmo assim, obrigada.
– Tem certeza? – O tom dele fez com que Lizzy tivesse a louca vontade de abraçá-lo por causa da sua preocupação. – É que já está bem tarde por aqui.
– Ah, aqui é tranquilo. Bem diferente de Londres e de cidades grandes, Darcy. Não se preocupe.
– Vou estacionar o carro e aí eu te acompanho. – Disse tranquilamente, enquanto tocava o botão que abria automaticamente o portão do casarão de Bingley.
– O quê? Não precisa...
– Se não for assim, você não sai. – Ele a olhou ameaçadoramente. Ela engoliu em seco.
Uns quinze minutos depois. Darcy trancou o portão, novamente, e deixando Lizzy passar seguiu-a pela rua – tentando acompanhar os passos apressados da moça.
– E ela diz: "Aqui é tranquilo. Não se preocupe...", porque está correndo então? – Ele a questionou.
– Porque, quanto mais rápido nós chegarmos, mais rápido você volta para a casa do seu amigo...
– Tem alguma coisa a ver com sua mãe? – A ideia tinha acabado de passar pela mente de Darcy.
– Talvez sim, talvez não. – Ela olhou para trás e usou seu tom irritado. Isso só fez Darcy rir.
– Talvez óbvio, talvez é claro... – Ele tentou imitar a voz dela, o que acabou resultando num tom extremamente fino e ridículo, que fez com que os dois acabassem em gargalhadas.
– Você é um caso perdido... – Ela riu olhando para ele. E vendo o tipo de olhar, juntamente com o sorriso, que Darcy estava usando, voltou ao "normal" e saiu caminhando apressada novamente.
Ela manteve o passo apressado até chegar num ponto de uma rua qualquer, onde o farol estava vermelho para os pedestres.
– Acho que você pode respirar um pouco. – Darcy forçou um tom mais delicado ao dizer bem próximo da orelha dela.
– Não estou cansada. Ando assim desde pequena, eu simplesmente gosto. – Ela deu alguns passos para trás, ficando ao lado dele. Darcy achou que fosse uma forma de ele não se aproximar dela.
– Do que mais você gosta? – Ele pareceu inesperadamente interessado, para Lizzy.
– Por que você quer saber sobre isso agora? – Ela o encarou com os olhos estreitos, não gostava de estranhos perguntarem sobre algo pessoal... Mas, Darcy não parecia mais ser estranho para ela. E isso a assustava muito.
– Só assim eu te conheceria de verdade, e vice-versa, e talvez você finalmente pudesse me dar uma chance. – Ele a olhou cansado, apenas com um breve resquício dos sorrisos que ele tinha dado a ela durante a tarde.
– Não há nada que você precise saber sobre mim para se interessar, porque não sou interessante e isso tudo é só uma birra sua, porque eu não caí na sua lábia no primeiro instante em que te vi. – Ela odiava falar assim com ele, por mais contraditório que fosse, Lizzy queria, mesmo não devendo contar tudo sobre ela para Darcy.
– Na minha lábia? Você realmente aprendeu um linguajar totalmente contrário do que eu estudei sobre... Você está errada. Não quero nada com você porque é uma "simples birra". Quero te conhecer, te conquistar e te merecer, porque eu estava errado sobre sua pessoa. E estando errado, vi em você tudo aquilo que eu achava não existir em uma mulher.
Elizabeth ficou calada. Ela sabia o que replicar, o que perguntar ou mesmo como agir com esse tipo de comportamento. Já houve outros homens que tiveram interesse por ela, mas, com a devida vontade e tempo, eles pararam de insistir graças ao modo como ela agia... Todavia, com Darcy, ela até conseguia ser como tinha que ser, mas, não conseguia avançar muito naquilo. Ela via brechas sendo feitas em suas feições enquanto ele dizia todas aquelas coisas, ela sentia que ele estava conseguindo conquistá-la como ele mesmo disse que queria.
Isso a assustava. Apaixonar-me por um rico? Não posso, não quero e não irei.
E como válvula de escape, ela olhou novamente para o sinal e viu que já podia passar para outra rua.
Saiu, inesperada e simplesmente, sem dizer nada a Darcy.
Ele sentiu uma pontada amarga de rejeição, de cansaço, de como se tudo aquilo estivesse muito errado, mas, como tantas outras coisas que já o tiveram deixado dessa mesma maneira, ignorou e a seguiu.
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Casos & Descasos
RomansaElizabeth Bennet vive uma vida contraditória, ama estar longe de casa e não quer saber de corresponder as expectativas que sua mãe tem para ela e suas irmãs. Estava muito bem em Harvard, que ficava bem longe de casa, até que teve que voltar... No me...