XIII

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Lizzy abriu os olhos no momento em que a luz do sol adentrou o quarto, enquanto Jane afastava as cortinas.

– Bom dia, bela adormecida. – Jane disse em um tom doce e alegre.

– Bom dia. – Lizzy ainda sentia cansaço e esfregou os olhos. – Que horas são?

– Quase dez da manhã. O passeio foi bom, hein. – Jane deu uma risada e olhou-a com malícia.

–O que você quer dizer com isso? – Lizzy se espreguiçou, mas, podia sentir seu coração batendo mais forte pelo nervosismo e por se lembrar do que acontecera na noite anterior.

– Você chegou depois que todo mundo foi dormir, irmã. O que você quer que eu interprete disso? – Jane se aproximou dela e fez um cafuné na cabeça de Elizabeth.

– Não quero que interprete nada. Aliás, me sinto ofendida por você achar que eu sou tão fácil assim! – Seu tom foi mais cortante do que o esperado, mas, Lizzy não ligou e tentou se focar nessa irritação do que relembrar o momento em que os dois se beijaram.

– Então... Por que chegou tão tarde? – Jane perguntou mais diretamente. Ela odiava quando Elizabeth fazia rodeios para explicar algo.

– Estávamos num parque... Perdemos a hora e viemos até aqui a pé. Por causa disso, eu cheguei tarde. – Dizia isso enquanto entrava no banheiro e ligava o chuveiro. Água fria a acordaria com certeza.

– Então foi isso? – Jane indagou atrás da porta, mas o tom de incredulidade era perceptível.

– FOI SÓ ISSO. – Lizzy falou o mais alto que pode para que a irmã entendesse que não queria falar mais sobre aquele assunto.

Jane, irritada pela teimosia e falta de confiança da irmã, bufou e saiu do quarto. Esqueceu-se de contar sobre o que tinha passado com Charles. Depois daquela maravilhosa tarde, aquele nome se encaixava muito mais do que usar o nome que todos o chamavam. Dava um toque íntimo na relação deles.

Ela sorriu, sozinha naquele corredor, e suspirou apaixonada e resignadamente. Afastou aquelas boas lembranças da mente quando o som de sua mãe a procurando chamou sua atenção.

– Estou indo, mãe!

...

- Então, vocês se beijaram? – Bingley perguntou enquanto tomava mais um gole de café, e ao mesmo tempo, observava as feições de Darcy sobre a noite anterior.

- Sim... – Darcy nunca se sentiu tão feliz e tão triste ao mesmo tempo. Tudo culpa dela, se ela não fosse tão confusa e retribuísse o que eu sinto...

– Mas, por que a tristeza então? – Bingley olhou para o amigo preocupado. Por que ele não estava explodindo de alegria que nem ele estava sobre ter tido Jane em seus braços?

– Ela não quer nada comigo. Ela se arrependeu depois do beijou e pediu para eu respeitar os motivos dela. Aí, eu fui embora. – Ele fechou os olhos, cansado, e conseguiu visualizar o momento em que sentiu o coração dela próximo do seu.

– É, meu amigo, quem diria que, pela primeira vez, a culpa é por você ser rico, e não porque ela é interesseira. Você encontrou, infelizmente, a mulher perfeita para você. – Suspirou, pensando quanta pena tinha pelo amigo não ter conseguido conquistar Elizabeth.

– Nem. Me. Fale. Mas, eu senti que ela se preocupou comigo. Eu vi nos olhos dela. – Ele se lembrou do instante em que ela disse como ele deveria voltar para casa e que tudo ficaria bem. – Eu conquistei o carinho dela.

– Não foi o suficiente pelo jeito. – Bingley pousou a caneca na mesa e balançou a cabeça.

– Não foi. E já é tarde demais pelo jeito. – Darcy passou as mãos no rosto e saiu sem dizer mais nada. Queria silêncio e ficar sozinho.

...

Elizabeth secava o cabelo com a toalha enquanto ligava o computador. No momento em que ia colocar a toalha no banheiro, novamente, viu um casaco solto em sua cama.

Estranhou, primeiramente, e após segurá-lo, percebeu de quem pertencia. Era dele, e, o momento em que ele pôs aquele enorme casaco de lã cinza nos ombros dela apareceu em sua mente. Como relembrar a cena de um antigo filme favorito, a sensação foi boa e prazerosa, tanto que só percebeu depois que segurava com força aquela peça de roupa. Podia sentir o aroma fresco do perfume de Darcy; aquele mesmo cheiro que a deixava tonta, relaxada.

Demorou um instante para entender o que aquele ato significava.

– Eu gosto dele, mesmo sabendo que não deveria... – Disse em voz alta, sozinha naquele quarto, apenas para perceber o quão idiota estava sendo por ter sido conquistada por ninguém mais que Darcy. – Sua idiota...

Largou na cama o casaco dele. Vou ter que devolver alguma hora... Porém, a ideia de reencontrá-lo apenas para isso seria totalmente "perigosa", não sabia mais o que poderia fazer se estivesse do lado dele, de novo.

Suspirou nervosamente e voltou sua atenção para o computador ligado. Após algum tempo olhando qualquer coisa útil e que conseguisse distrair sua atenção, viu depois, um e-mail que tinha acabado de receber de um colega seu, que havia conhecido em Harvard.

Elizabeth não acreditou no que estava lendo. Seu coração batia cada vez mais forte, e após entender que a estavam convidando a fazer outro curso por simplesmente ter sido a melhor da antiga turma, a imagem de Darcy falando que estava fazendo o que os dois precisavam invadiu-a instantaneamente.

O que ela faria? Largaria tudo de novo e voltaria para os Estados Unidos? E o que diria Jane? Ou seu pai? Ou... Darcy?

– Mas, ele nem ficará por muito tempo. Vai embora semana que vem!

Tomada por uma dor cortante no peito, Elizabeth saiu correndo do quarto à procura de Jane. Talvez vá ser melhor para nós dois, assim, ela imaginou enquanto chamava a irmã do alto da escada.

– O QUE FOI, LIZZY? – Jane saiu correndo rápido da cozinha achando que havia acontecido algo com a irmã.

– É URGENTE! SOBE AQUI! RÁPIDO! – Elizabeth estava agitada e nervosa, tomada por sensações que se confundiam e repeliam. Alegria por poder voltar àquele campus que tanto amou, na companhia de tantos amigos... E tristeza por imaginar que nunca mais veria Darcy e suas constantes mudanças de humor.

Jane não entendeu nada do que estava fazendo. Demorou alguns instantes para processar o pedido da irmã, e depois que percebeu como ela estava nervosa, subiu com pressa a escada, logo atrás de Lizzy.

...

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