IV

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Bingley e seu amigo já haviam se instalado da melhor forma possível nas primeiras duas suítes que viram quando subiam as escadas. Aquilo era um sonho e os dois não discordavam do fato que aquele casarão era, de fato, surpreendente e merecedor de ser admirado.

Eles, sem qualquer menção ao assunto "proibido", apenas foram até a cozinha e viram várias sacolas já próximas do lixo e toda a dispensa e geladeira carregadas até o máximo de comida. Jane previra que eles iriam querer se alimentar e fez o possível para agradar o amigo, com base no que já conhecia dele e do amigo Darcy.

Como Jane tinha um dom infalível de nunca errar, Darcy e Bingley agradeceram-na – silenciosamente – por esse pensamento e a prévia solidariedade feita...

Darcy, que era melhor em cozinhar, preparou alguns medalhões de salmão com um arroz temperado e Bingley fez a salada. Os dois riram com a capacidade do outro e foram jantar.

– Acho que, só por causa da fome imensa que acabou de ser aniquilada, darei uma chance à sua noivinha. – Darcy dizia aos poucos enquanto terminava de mastigar mais um pedaço do medalhão.

– Pelo jeito, ela estava certa. É possível convencer até um homem, como você, pelo estômago.

Os dois explodiram na gargalhada. A tensão havia sumido e não reapareceria tão facilmente.

– Só não irei prometer que fingirei engolir a outra. A tal de Elizabeth.

– Você nem a conhece... Não a julgue antes...

– Eu conheço o tipo dela. – Darcy interrompeu o que seria o sermão típico que Bingley sempre dava a ele.

– Que é o mesmo tipo que o de Jane.

– Você não sabe.

– Ah, Darcy, isso me cansa tão rápido... Dê uma chance à garota. É pedir tanto?

– Não. Só não gosto de me estressar à toa.

– Eu só quero ver. Se você gostar dela, no final, e ela não retribuir o sentimento.

– Acho que nem você rezando isso acontecerá, Bingley.

Eles tentaram argumentar com o outro por mais tempo, e ninguém percebeu que o momento do encontro estava chegando e cada vez faltava menos tempo para a festa do dia seguinte.

Bingley já havia encomendado flores, que chegariam na tarde do dia seguinte, e a roupa já estava separada. Ele estava se orgulhando do fato de esconder o grande nervosismo em ver Jane, na realidade, e o medo do que ele poderá fazer de errado na frente dela.

O que mais de errado poderia acontecer no dia seguinte?

Darcy ignorava essa pergunta. Bingley não sabia o que responder.

Jane sonhava alto e achava que tudo daria certo. E Lizzy só queria que algo acontecesse para poder evitar o momento.

Ninguém sabia de nada. E estava tudo ficando para cima da hora.

....

– Está bom esse daqui? – Jane mostrava para Lizzy um vestido roxo de mangas compridas. Comportado e elegante. – Gostei da cor. Combina comigo.

– Achei maravilhoso. Eu é que não tenho muita sorte que nem você, Jane. Terei que me contentar nesse mesmo.

Elizabeth olhava para o vestido tomara-que-caia, longo e azul escuro, que contrastava de uma forma charmosa e delicada com seu tom pálido de pele.

Casos & DescasosOnde histórias criam vida. Descubra agora