- Henry? Chegou cedo – Ela ficou de frente para aquele garoto e o abraçou. Darcy imaginava que ela fizera propositalmente. – Bom dia, Darcy.
- Bom dia, Srta. Bennet, seu café da manhã está na mesa. Bom, foi um prazer – Darcy sabia como fingir bem seu descontentamento – Henry em lhe conhecer. Vou rever alguns dos meus antigos professores e uns amigos que moram por aqui. Até mais tarde
Lizzy e Henry disseram tchau e esperaram Darcy sair para poderem ficar um pouco mais próximos.
- Oi, Liz... Virou bela adormecida? – Henry riu enquanto acariciava o cabelo dela.
- Tinha muito trabalho, meu amor. Mas, ei... O quê faz aqui? Hoje é sexta! – Lizzy deu um sorriso.
- Bom, hoje minhas aulas foram canceladas, o professor ficou doente. Aí nem pensei duas vezes, resolvi te ver – Ele sorriu também, e a beijou.
Durante o beijo, Lizzy ainda pensava sobre toda a situação em que se metera com Darcy ali, será que ele teria coragem de contar algo sobre eles a Henry, de forma que ele terminasse com ela? Será que Darcy seria baixo nesse nível?
- Bom, imagina a minha surpresa quando um cara abriu a porta para mim.... – Henry a olhou engraçado, tentando imitar sua reação. – Você não tinha me contado que ele viria para cá...
- Nem eu sabia, amor. Ele chegou ontem. Um dos principais defeitos de Darcy é esse, ele faz as coisas do jeito que quer, sem se importar com a opinião ou situação dos outros – O coração de Lizzy ficou acelerado, e ela sabia bem que tinha que medir suas palavras sobre Darcy na frente de Henry. Mas, aquela parte era totalmente verdade.
- Hm, então você não parece gostar muito dele. Eu achava que ele seria mais... Velho, para ser o dono da casa e que conhece a sua família – Henry a olhou de uma forma que Lizzy não sabia muito bem como interpretar.
- Ah, minha irmã Jane que nos apresentou há muito tempo... E bom, gente rica sempre tem mais defeitos que qualidades, você sabe disso
- Jane? Eu pensei que suas irmãs eram Lydia, Mary e Kitty, tem mais?
- Ah, Jane é a mais velha de nós cinco, mas... Desde que eu aceitei voltar para Harvard, ela ficou muito chateada com essa decisão e resolveu cortar as relações comigo, como forma de punição – Lizzy lembrou da última vez que elas se viram, e seu coração ficou apertado. – Sempre pergunto por ela quando falo com meu pai, mas... Não falo dela para não pensar na saudade que sinto.
- Liz, eu não sabia... Sinto muito, e bem, como Darcy disse, você tem muito potencial, algo que não pode ser desperdiçado quando se tem chance de se tornar algo maior. Espero que uma hora Jane perceba o erro que ela cometeu – Henry a abraçou forte.
- Quem sabe, Henry...
Os dois passaram a manhã juntos, Henry a levou para a faculdade antes de ir para o trabalho, e assim, começou a loucura que Lizzy não tinha noção de como iria lidar.
A tarde passou tão rápido nos olhos de Lizzy, ao acompanhar as aulas e apresentações dos seminários que ela e o sr. Hamilton elaboraram, e ao caminhar para casa - já de noite -, viu um vulto parado nos degraus de sua porta.
Inicialmente seu coração se acelerou, ela tinha um spray de pimenta que Henry pediu para ela guardar na bolsa, mas, Lizzy sabia o quão medrosa ela ficava com qualquer coisa que estimulasse sua adrenalina (em situações de filmes de terror), e por um instante ficou mortalmente parada. Quando criou coragem de se aproximar, aos poucos foi reconhecendo a pessoa que estava ali.
- Darcy? - ela correu ao encontro dele.
Ele mexeu a cabeça e olhou para ela, parecia tonto e perdido, seus olhos encontraram os dela. Lizzy foi pega de surpresa pelo sorriso que ele deu após dizer o nome dele, e foi aí que entendeu o que estava acontecendo.
- Você está bêbado? - ela nunca imaginou que ele fosse do tipo de cara de chegar bêbado na própria casa. Realmente, ela não conhecia como achava.
- Eu visitei uns amigos, eu disse. - foi difícil entender a fala enrolada dele. - O que se faz para comemorar além de beber?
- Conversar? Comer? Ir ao cinema? Poderia dar mil respostas para sua pergunta idiota. - ela se esforçou para carrega-lo para dentro de casa.
- Eu sou do tipo que bebe mesmo, Lizzy, principalmente se minha vida tá uma merda.
Ela parou por um instante e depois o levou para o quarto dele.
- A sua vida tá uma merda? - ela usou seu tom sarcástico, porque era simplesmente bizarro escutar isso de alguém como ele.
- É claro, a minha mulher está com outro na minha casa, quando deveria estar comigo, o cara que mais ama ela nesse mundo inteiro, sem contar que a culpa foi minha. - a voz dele soava boba e ao mesmo tempo melancólica - desculpa se sou clichê, mas eu bebo para esquecer.
- É a coisa mais imbecil que escutei como desculpa.
Lizzy sabia que não tinha direito algum de fazer todo aquele circo sobre ele beber, mas, ela se sentia responsável por toda a situação, sabendo que o principal culpado disso tudo era ele. Darcy a viu de soslaio e suspirou.
- Eu amo você, não consigo entender porque não desiste dessa teimosia em fingir que está bem. Você pode gostar do cara, mas, ele não te traz vida.
- E você trouxe? Porque a verdade é que você tirou toda a vida que eu tinha, por 9 meses eu estava sozinha, tentando sobreviver.
- Eu quis vir, no instante que me ligou depois que você viajou...
- E por que não ligou?
- Jane, ela disse que você precisava aprender que os sentimentos dos que você deixa para trás importam também.
Elizabeth ficou paralisada com aquela informação. Ela não sabia o que pensar primeiro, imaginar a situação onde Jane diria algo como aquilo ou Darcy indo atrás dela? De tudo que pensou em sentir, ela ficou decepcionada, Darcy percebeu pela feição triste que surgiu naquele rosto tão delicado.
Lizzy suspirou, olhou ao redor - para o cômodo - e depois, novamente, para ele.
- Então... Espero que beba com sabedoria na próxima vez, você pode não ter tanta sorte.
Ela estava saindo quando sentiu a mão dele segurando a dela, bem forte.
- Por favor, fica.
- Você sabe que eu não posso.
Darcy, por mais bêbado que estivesse, só queria ela ali com ele. Abraçados, sentindo a respiração um do outro.... Aquela distância só aumentava o vazio que sentia dentro dele, nada fazia sentido quando ela não estava lá.
Ele começou a acariciar a face dela como se fosse a joia mais delicada que tinha visto na vida, só queria um momento como aquele, puramente deles, com os olhos dela o encarando como se fosse (também) a joia mais preciosa que tivesse ali.
- Por que você demorou tanto? Por que agora?
- Porque eu te amo.

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Casos & Descasos
RomanceElizabeth Bennet vive uma vida contraditória, ama estar longe de casa e não quer saber de corresponder as expectativas que sua mãe tem para ela e suas irmãs. Estava muito bem em Harvard, que ficava bem longe de casa, até que teve que voltar... No me...