- Elizabeth? Elizabeth? Meu Deus, fala alguma coisa... Acorda, Lizzy, por favor...
Tinha que ser um sonho. Precisava ser um sonho, porque, qual seria a outra razão para estar escutando a voz dele ali, tão próxima dela?
Mas, qual era o sonho que começava com você acordando de um?
Aos poucos Elizabeth abriu os olhos, Darcy não conseguiu controlar sua preocupação e a abraçou quando viu a cor retornando à pele pálida de Lizzy.
- Meu Deus, que susto você me deu!
- O que... O que tá acontecendo? - Ela se afastou do abraço dele, depois de sentir aquele mesmo perfume que a deixara tão atraída no passado...
- Eu resolvi ver como as coisas estavam... E ver você, saber como estava - Darcy sabia que não podia praticamente cuspir tudo o que sentia naquele instante, pois, como Bingley bem lembrara, ela poderia estar com raiva de toda a distância que ele e Jane deram a ela.
- Não, você veio acabar com a minha vida de novo - Ela levantou e ficou bem distante dele. Não posso ficar próxima dele, simplesmente não posso.
- Você sabe que eu nunca faria uma coisa dessas com v...
- Será? Eu não sei de você a mais de seis meses! Catherine comenta uma coisa ou outra de você, mas, não! Não sei se mudou, se continua o mesmo. Mas, o que eu sei bem é que sua namorada não ia gostar nada de saber que você está aqui. Aliás, nem o meu namorado gostaria de saber disso - Ela precisava mencionar Henry para torna-lo como um mantra em sua mente, para focar no que era importante.
- Primeiro de tudo, não estou namorando ninguém há exatos seis meses - Suspirou fundo, pois, sabia que queria gritar no instante em que ela mencionara aquele tal de Henry - Segundo... Seu namorado, Henry, não é?
- É, como sabe?
- Catherine me contou
- Ah, claro... Você planejou isso com ela né? Vir pra cá... Sabia que se eu soubesse que estaria vindo, eu teria ido embora na hora - Aqueles olhos negros a olhando como se encarassem sua alma estavam incomodando cada vez mais. E Lizzy queria ignorar a verdadeira razão para tudo isso.
- Sim, planejei. Essa é minha casa também. Mas, vim com boas intenções
- Ah, isso aí é pura mentira! Eu sei que confia em Catherine, então, não tem razão para querer ver por si próprio como a casa está! Você veio, bem tarde, achando que pode me levar de volta pra casa - Lizzy tentava não gritar, porque já estava tarde e não queria chamar a atenção dos vizinhos.
- Essa é sua casa também, Lizzy...
- Não me chame de Lizzy
- Não éramos amigos? Quando você foi embora?
- Éramos. Até eu ler a sua carta, e perceber a grande burrada que eu tinha feito! Aí eu tentei ligar, pra tentar mostrar que eu tinha me arrependido... E você faz o que? Você me trata da forma mais fria e distante possível! Eu sabia que tinha errado, mas, você poderia ter tentado compreender a minha situação! Eu esperei qualquer reação sua por três meses! Até que eu descobri que você já tinha uma namorada nova! Você sabe o que eu senti? Sabe como aquilo quebrou o meu coração?
- Elizabeth, eu sei, porque agora sou eu que estou nessa situação - Queria gritar com ela, queria beijá-la e levá-la de volta para a casa dele, que poderia ser dos dois. - Eu peço desculpas, mas, eu tinha perdido muita coisa no dia que você me deixou sozinho no aeroporto, dizendo que talvez não fosse voltar mais
- Eu prometi que voltaria! - Lizzy não conseguiu segurar mais o choro.
- Pressionada por um cara que você nem sentia que amava ele ao certo. Você só foi perceber que me amava depois, eu sei que foi isso. Foi assim comigo, quando eu voltei para Londres antes de você viajar, na época que eu fiz aquela carta... Foi ali que eu sabia que, mesmo não tendo certeza de nada, eu te amava. Só tinha medo de dizer isso para alguém que não sentia o mesmo por mim - Ele suspirou, arrumando o cabelo, e tentou se aproximar dela, fazendo com que Lizzy desse um passo para trás. - Eu deveria ter ido atrás de você no voo seguinte ao seu, eu sei disso, mas, meu coração não aguentava mais a rejeição. Não sabia se sua opinião sobre o que sua mãe pensaria sobre a gente algum dia iria mudar...
- Mudou, mudou no instante em que eu li sua carta e escutei sua voz quando cheguei aqui. Eu te amei, Darcy - Os olhos dela chorosos fizeram o coração dele bater mais forte.
- E eu ainda te amo. Não teve um dia que eu não te amei nesses nove meses e treze dias que fiquei distante de você - Ele segurou o rosto dela, fazendo com que Lizzy o olhasse diretamente.
- Eu amo o Henry agora, é tarde demais - Tenho que ser forte, não sei por que Darcy está me torturando assim, mas, não posso deixar com que me machuque de novo. Assim, Lizzy afastou as mãos dele do rosto dela.
- Se você ama, por que você deixou a minha carta para você no seu criado-mudo e pendurou meu casaco cinza na sua cabeceira da cama? - Sorri ao encontrar essas coisas, logo que entrei em casa, era um sinal para eu ter esperança.
- Você nunca pediu seu casaco de volta, ele é bem quentinho e eu gosto dele, só isso - Ela tentou disfarçar o que sentia.
- E por qual razão não jogou fora minha carta se não sente mais nada por mim? - Ele novamente se aproximou mais dela, diminuindo bastante o espaço entre os dois.
Lizzy se viu encurralada. Eles dois sabiam a resposta para aquela pergunta, mas, ela não queria lidar com aquela verdade. Elizabeth estava tão bem com Henry, com sua vida ali em Boston, porque ele estava ali para estragar tudo?
- Darcy, por favor, eu poderia jantar em paz e resolver minhas coisas? Não sei se você sabe, mas, eu trabalho, e tenho muitas coisas para resolver. - Ela empurrou ele, e foi em direção da mesa, para o jantar que estava posto.
- Tudo bem, vamos nos enganar por mais um tempinho. Ou será que seu namoradinho chega a qualquer instante? Vão querer um momento de intimidade depois do jantar? - O sarcasmo em sua voz enfureceu Lizzy
- Quem você pensa que eu sou? Ele nunca pisou no meu quarto! Eu sei bem que essa casa é sua, não minha! - Lizzy não se controlou e começou a gritar.
- Então você não nega que já estão bem íntimos a ponto de irem para algum lugar uma vez ao mês? - Ele gritou em resposta, porque só de imaginar Elizabeth com outro, fazia Darcy perceber que realmente tudo estava perdido.
- MINHA VIDA PESSOAL NÃO É DA SUA CONTA. Eu namoro o Henry, você aceitando isso ou não! Você seguiu em frente com aquela modelo perfeita para me esquecer, eu ACEITEI o fato e deixei você em paz! Me faça o mesmo favor! - Elizabeth gritou novamente, e por fim, sentou e começou a comer. Rezando para que Darcy calasse a boca e fizesse qualquer coisa que não fosse falar.
Nota mental: não contar coisas íntimas a Catherine, pois, obviamente, ela contará a Darcy se ele questionar! Não acredito que ele sugeriu que eu trazia Henry aqui para... Quem ele pensa que eu sou? Eu nunca faria isso!
Elizabeth começou a pensar em todos os momentos bons que passava com Henry, do sorriso dele, dos abraços bem apertados, da risada boba que ele tinha e da forma perfeita que ele a tratava, como se ela fosse a única mulher do mundo para ele. Darcy não tinha o direito de manchar o relacionamento dela com ideias sujas, pois, mesmo eles tendo de fato já tido relações, aquilo tinha sido escolha dela. Ela havia seguido em frente.
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Casos & Descasos
Storie d'amoreElizabeth Bennet vive uma vida contraditória, ama estar longe de casa e não quer saber de corresponder as expectativas que sua mãe tem para ela e suas irmãs. Estava muito bem em Harvard, que ficava bem longe de casa, até que teve que voltar... No me...