XV

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No dia seguinte...

...

– Já falei com Jane pelo telefone. – Bingley disse enquanto os dois caminhavam lado a lado, passando pelos cômodos da casa de Bingley, até chegarem ao Hall.

– Hum. Ela está bem? Lizzy está bem? – Darcy falou enquanto procurava no bolso do paletó seus documentos, a chave do carro... Queria fazer algo que o demorasse um pouco mais ali, sentia que ainda não era hora para dar adeus. Seu coração sentia que ainda havia esperança dela impedi-lo de ir... Eu ficaria se ela pedisse.

– Estão... E ela falou que Elizabeth vai voltar para os Estados Unidos. – Ele temia a surpresa que o amigo teria ao descobrir isso. Agora, mais ainda, estava triste por aqueles dois não estarem juntos.

– Vai? – Darcy tentou suportar a mais conhecida dor que o coração dele estava tendo nos últimos dias. – Está vendo? Ela também está continuando a vida dela.

– Darcy... Não precisava ser assim. – Ele colocou a mão no ombro do amigo.

– A questão não era sobre se precisávamos ou não disso. A questão é que... Não era para ser. Nunca deveríamos ter nos conhecido e nem eu deveria ter me interessado por ela.

Suspirou fortemente. Relembrando de como ela ficara surpresa quando ele se aproximou dela e a beijou. Aquele momento nunca voltaria a se repetir.

– É tão irônico. – Darcy falara minutos depois. Cansado de esperar e criar desculpas para algo que não iria acontecer. Ela não vai vir, porque quer que eu vá embora o mais rápido possível.

– O quê? – Bingley olhara, preocupado, para o amigo.

– Eu já tive tantos casos. Já conheci tantas mulheres, interesseiras, jovens, bonitas... Aí, no único momento em que eu nem estava procurando por alguém... Eu encontro a única mulher para quem eu daria todo o meu amor e carinho, toda minha felicidade e atenção... Sendo ela, também, a única mulher que me tratou com descaso... Que nunca retribuiu o que eu sentia por ela! – A pontada no coração entrava em harmonia com uma dor de cabeça que começou no instante em que saíram daquela cidade. Eu estou perdido, pensou Darcy.

– Ei. – Bingley chacoalhou o amigo. – Pode estar sendo horrível agora, o que você está sentindo, mas, com o tempo e essa distância você vai superar! Você vai, Darcy. Acredite em mim.

Darcy, em resposta, unicamente, sorriu. E para Bingley não foi um sorriso de agradecimento, mas, um que representava como seu amigo estava triste e de coração partido por dentro.

– Bom, acho que está na hora. – Suspirou e virou-se para pegar sua mala. – Qualquer coisa é só me ligar. Pode contar comigo sempre. – Deu um rápido abraço no único amigo que conservara depois de tanto tempo...

– Espero que esteja certo. Espero que sua partida seja a melhor opção. – Bingley disse enquanto abria a porta da frente.

– Vai ser de um jeito ou de outro, amigo. – Disse cabisbaixo, segurando a pequena mala.

– Liga quando chegar a sua casa. – Bingley falou alto, quando Darcy já estava ligando seu carro.

– Tá bom, mamãe! – Falou num impulso. Surpreendeu-se por ver o quão fácil os problemas ficavam quando estava do lado de seu amigo.

A última coisa, que cada um dos dois escutou, foi a risada do outro. Um belo jeito de terminar mais um capítulo da longa amizade deles, e começar outro.

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