XXVI

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Não sei quanto tempo passou, até que nos separamos e vi o maior sorriso de todos estampado no rosto dele.

- Quando eu te vi sentada, tão concentrada, lendo um livro em francês, há três meses... Eu sabia que estava perdido. Não sosseguei até descobrir seu nome e até conseguir fazer com que falasse comigo. Estar aqui com você, neste instante... Não há sensação melhor nesse mundo, Lizzy. Eu vou estar ao seu lado, te conquistar e nunca mais você se sentirá sozinha, eu prometo.

Aquele discurso todo me pegou de surpresa. Quis chorar, e a única coisa que fiz foi abraçar Henry bem forte. Ele retribuiu, sem entender muito, e depois disso, apenas me entregou o papel com o endereço do pub que iríamos conhecer daqui alguns dias e foi embora. Fiquei pensando na promessa que ele havia me feito.

Eu também fiz uma promessa assim. Mas, não acho que mereço cumpri-la mais. Agora é tarde demais para que ele fique feliz em me ver retornando para casa.

Elizabeth entrou em casa, fez seu jantar e olhou para o papel que Henry lhe entregou.

Sábado, 06 da noite

O pub se chama Shay's Pub & Wine Bar

58 Jfk St, Cambridge, MA 02138, USA

Sorriu ao lembrar da promessa dele, tendo esperança que estava começando um novo capítulo da sua vida. Talvez tudo ficaria bem a partir daquele momento, ela só precisava ter fé e esperança.

...

Sábado, faltando uma hora para encontrar Henry...

Elizabeth Bennet se encarava no espelho, tentando se convencer que estava bonita, já que havia passado as últimas três horas se arrumando, colocando e trocando de roupas, porque não queria dar a "impressão errada".

- Srta. Bennet?

Catherine entrou em seu quarto, trazendo uma xícara de chá e Lizzy a viu pelo espelho, sorrindo.

- Nossa, como a senhorita está linda!

- Certeza, Cat? O Henry chega daqui uma hora... Não me sinto pronta – E eu sabia muito bem o porquê.

- Pode confiar no que digo, srta. Se ele não perceber o quão linda você está, ele não merece sua atenção! – Lizzy abraçou ela, de tão nervosa que estava. – Agora... Me conte, vocês estão namorando? Porque me lembro bem de vocês já terem tido um encontro antes, não é? – Catherine sorriu, sentando ao lado de Lizzy, querendo saber de tudo.

- Não, não estamos namorando... Bom, acho que ele quer namorar, mas ainda está cedo. Não sei como estamos, mas sim, a gente já saiu antes. Ele é um cara bem legal. – Lizzy não sabia como dizer aquelas coisas, Catherine era uma ótima mulher, que tinha paixão pela família de Darcy e a recebeu muito bem naquela casa. Ajudou Lizzy no começo, mesmo sem saber a razão de tantas noites mal dormidas, esteve ao lado dela nos dias de prova, fazendo lanchinhos e sempre se dispondo a qualquer coisa... Elizabeth já a considerava uma boa amiga, com um grande talento em querer saber de tudo que se passava ao seu redor.

- E bonito, pelo o que eu me lembre. – as duas riram.

- Sim, ele é muito bonito. Um dia na biblioteca, enquanto eu trabalhava, ele estava lá estudando, ouvi um grupo de meninas numa mesa distante da dele, todas só comentavam sobre a beleza de Henry, como ele era inteligente e coisas do tipo. Ele é bem conhecido na faculdade.

- Então, a senhorita está bem acompanhada! Merece um rapaz bom e gentil, que te respeite e a faça muito feliz!

Lizzy pensou se merecia mesmo, porque ainda não sentia que o amava. Estava gostando dele. Bastante até. Os últimos dias, com eles trabalhando juntos, tinham melhorado o humor dela de uma forma surpreendente. Mas, ainda não tinha esquecido de Darcy.

- Catherine... – Lizzy limpou a garganta e olhou para a xícara de chá – Sr. Darcy te ligou recentemente? Perguntou como estavam as coisas?

- Ah – Catherine já tinha percebido que algo, no passado, havia ocorrido entre os dois, mas, nunca teve coragem de perguntar. Lembrando das noites que Elizabeth dormia depois de muito chorar e o quão ignorante o Sr. Darcy tratava da presença dela naquela casa... Ela entendia que aquele assunto era extremamente proibido, apesar de imaginar que os dois formariam um casal perfeito. – Ele ligou não faz muito tempo. Perguntou sim da casa, como sempre. E queria saber se a srta. estava bem – Catherine não sabia se deveria ter revelado essa parte ou se era melhor ter omitido.

- O que? Ele perguntou por mim? – Lizzy não conseguiu fingir que não se importava. Ela largou a xícara em seu criado-mudo e olhou atentamente para ela.

- Sim, perguntou

- Cat... Como ele perguntou? – Não era possível! Por que essa mudança agora?

- Bom, o Sr. Darcy começou perguntando se havia algum problema de encanamento ou com a energia da casa, se o piso da madeira estava dando problemas de novo... Eu disse que não para tudo, como de costume. Aí, eu acrescentei que eu e a srta. estávamos bem, que você estava trabalhando e que sairia hoje com o Henry. Aí ele perguntou como você estava, de saúde, na faculdade... Eu disse que a srta. só tirava as melhores notas, teve só uma gripe leve mês passado... Ele me agradeceu e aí desligamos

- Que estranho... Ele já fez essas perguntas sobre mim antes?

- Para ser honesta com a srta.... Não, nunca fez

- Bizarro, Cat... Darcy não faz perguntas desnecessárias, sempre achei ele o tipo de homem que só diz o necessário. – Não sei o quanto deveria ter pensado em voz alta, Catherine poderia interpretar isso de outra forma...

- Ele realmente é esse tipo de homem, srta. Bennet. Às vezes, as pessoas mudam, criam novos hábitos. Ele pode ter mudado

- Sim, ele pode – Do mesmo jeito que eu mudei, por ele.

Depois disso, Catherine saiu do cômodo, avisando que iria limpar a cozinha e deixaria uns lanches na geladeira, para se Lizzy desejasse comer algo depois que ela tivesse ido embora. Elizabeth agradeceu, mas, ainda pensava no que havia descoberto.

Por que ele perguntou sobre mim? Ele está ignorando minha existência aqui nos últimos três meses... Namora aquela modelo perfeita... Será que agora só me vê como uma antiga conhecida? Ou como a irmã da namorada do seu cunhado?? Não sei o que é pior...

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