XLII

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Lizzy passou a noite em claro, pensando sobre tudo que havia acontecido nas últimas semanas, pensou em Darcy e Henry, nas brigas e, claro, na pergunta: e agora?

Estava claro para ela que sua escolha era Darcy, apesar de seus erros com Henry e tudo que Darcy a fez passar há alguns meses, era somente ele e mais ninguém. Mas, Lizzy não queria resumir sua vida em um amor, não tinha vontade alguma de virar as costas para a oportunidade que estava tendo ali com o professor Hamilton.

Ela amava Darcy, mas, antes dele, amava si mesma. Ela sabia que não existia a opção de voltar para Londres com ele naquele momento. Lizzy estava determinada a levar seu trabalho com prof. Hamilton até o fim, mesmo que isso criasse diversas barreiras entre ela e Darcy, mas, se formos certos um para o outro, isso não vai ser o nosso fim.

Aos poucos, os raios de sol atravessaram as cortinas de Lizzy, como se dissessem que o tempo para pensar havia acabado. Ela levantou lentamente, pensando em como iria dizer a Darcy que a única saída seria um relacionamento à distância – eles se visitando, bem possivelmente –, porque ela não desistiria dos seus sonhos naquela altura do campeonato, e por ninguém.

Ao sair do banheiro e se trocar, Lizzy decidiu ir até ele e dizer tudo de uma vez só, como se tirasse um band-aid – rápido e indolor –, e no momento em que abriu sua porta, tomou um susto ao vê-lo na sua frente. Darcy estava com o cabelo todo bagunçado e a cara amassada, e talvez só Deus soubesse o porquê dele adorar ficar sem camisa na frente dela (mesmo ele sabendo a reação que isso me traz), antes que ela abrisse a boca e desabafasse tudo que estava pensando (e que havia pensado durante toda a madrugada), ele a surpreendeu com um abraço apertado.

Lizzy tentava assimilar aquela situação, de primeira fora pega de surpresa pelo carinho que ele estava fazendo e depois, pensando em como sentiria falta daquele calor que só ele tinha, de seu perfume e risada, até mesmo da careta de bravo que ele fazia quando ficava irritado... A somatória de todas essas coisas das quais ela sentiria imensas saudades, fez com que Lizzy retribuísse aquele abraço com toda a força que tinha, como se fosse possível se unir a ele, fazendo com que eles nunca pudessem se separar.

Eles nada disseram por vários minutos, ficando ligados apenas por aquele singelo abraço. Darcy tentava ao máximo pensar positivamente que tudo vai dar certo, já estava dando certo, mas, ele tinha medo. O mesmo medo que sentiu no instante que Lizzy lhe deu as costas e embarcou para os Estados Unidos, ficando distante por longos nove meses, Darcy sabia que não aguentaria aquilo de novo. Já ela, só queria que sua vontade não fosse crucial para o futuro do relacionamento deles, Lizzy o queria, mas, antes disso, ela queria se tornar a melhor em sua profissão – e não ia permitir que seus sentimentos a afastassem desse desejo.

Darcy foi o primeiro a se afastar do abraço, olhando diretamente nos olhos dela.

- Eu quero você, Lizzy. Você entende o que isso significa? – suas mãos a seguravam, delicadamente, pelos braços.

- Eu entendo, porque eu te amo – ela sorriu para ele, Darcy balançou a cabeça.

- Não, é mais do que apenas te amar. É muito mais. – ela lhe olhou confusa, e Darcy, claro, suspirou, preparando-se – Eu sonho com você, em... Em aumentar a minha família, tornando-a nossa, quero crianças correndo no jardim e Georgiana sendo a tia mais linda do mundo. Quero criar um milhão de rotinas ao seu lado, torcer por cada sei lá quantas bodas existem para um casal conquistar ao longo dos anos... Eu tenho tantos planos para nós, exatamente por eu quero você e porque eu te amo...

- Darcy, eu... eu... – Lizzy estava sem palavras, Darcy viu a feição surpresa dela.

- Sei que é muita coisa a se falar, muitos planejamentos para o pouco tempo que tivemos juntos, eu sei também que não nos conhecemos tão bem assim como eu e você desejaríamos, mas, isso que estou te falando não é porque quero hoje me casar. É só tudo o que eu quero com você durante todo o tempo que sei que quero estar contigo, que é sempre.

Lizzy continuou sem dar qualquer resposta ou emoção à tudo aquilo que Darcy dizia.

- Eu não tenho medo de uma distância, de problemas de família, eu enfrento tudo enquanto você estiver do meu lado, enquanto nos amarmos. Então – ele acariciou o rosto dela, que estava pálido naquele instante (sem contar o coração batendo a mil, mas, disso, Darcy não sabia) –, por favor, lute por nós. Eu não quero ficar no caminho dos seus sonhos relacionados a sua profissão, mas, eu não acho que para ter um precisa renunciar o outro, Lizzy... Por favor, nos dê uma chance.

Como "meio" de terminar seu discurso, Darcy a agarrou de supetão, beijando-a com todo o desejo e vontade que estava tendo, Lizzy correspondeu à altura, com seu coração batendo rapidamente – por causa de tudo aquilo que não sabia sobre Darcy. Aos poucos eles foram se direcionando até a cama dela, e sem querer, quando foram se dar conta, estavam se beijando deitados nela. Toda aquela situação acontecera tão naturalmente que, nem Darcy nem Lizzy se sentiram reprimidos ou mal pelo rumo que suas vontades os estavam levando.

Darcy não havia dormido naquela noite, também, mas, nunca pensara que teria tomado coragem para estar naquele momento tão único com ela. O jeito que ela o olhara, dissera eu te amo, e o correspondera... Darcy tinha (agora) certeza que eles ficariam bem.

Algumas horas depois, cada um decidiu que precisavam se arrumar, já que Catherine podia tocar a campainha a qualquer momento, e durante esse período... O silêncio retornara.

Lizzy sabia que precisava dizer algo, não sabia se seria tão perfeito como o que Darcy havia confessado a ela, mas, ela precisava dizer tudo que sentia. E só rezava para que ele aceitasse bem um relacionamento à distância. Enquanto se olhava no espelho, após se arrumar, Lizzy ficou relembrando o que havia acontecido entre os dois mais cedo. Seu sorriso aumentava na mesma proporção que seu coração se aquecia por todo aquele amor que ela sabia ter com Darcy. Aos poucos, ficou determinada em fazer tudo que fosse possível para aquela relação dar certo, porque era ele, para sempre.

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