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Uma hora a mais do que eles queriam, Jane, Bingley, Lizzy e Darcy, chegaram à festa na casa de um conhecido da região que tinha um casarão maior que a do "amigo" de Jane e que amava dar festas sem motivo algum.

Jane puxara sua irmã a fim de conseguir achar Bingley no meio daquela multidão, o engraçado era que este estava fazendo o mesmo. Isso não melhorava o humor de Darcy ou de Lizzy.

– Eles já devem ter chegado... – Jane mais dizia para si mesma do que para Elizabeth, e virava a cabeça para todos os cantos.

– Me descreve o seu namoradinho, quem sabe eu o encontre mais rápido... – Lizzy dizia com um tom entediado e aborrecido.

– Ruivo. Alto. Risonho. Olhos claros... – Jane já estava preparando uma lista de elogios ao mais novo "amigo", que poderia ser bem mais se os dois se esforçassem.

– Tá, tá, entendi o recado. – Lizzy a interrompeu. E começou a procurar também. – Arrá! Achei. Lado direito, no canto, junto de um homem simplesmente lindo demais... Quem é aquele?

– Hahahahahahaha – Jane explodiu em uma risada que fez com que a maioria olhasse para elas.

– Pare com isso, Jane! – Elizabeth falava baixinho porque já estava sentindo envergonhada com tantas pessoas olhando-a.

– O "lindo demais" é o seu adorável e arrogante D.a.r.c.y., minha querida Lizzy. – Jane falou baixinho no ouvido da irmã, enquanto encarava os cabelos reluzentes e ruivos de Bingley.

– Droga. – Ela gemeu insatisfeita por achar Darcy bonito.

– Vamos. Estou morrendo de curiosidade em conhecê-los.

E assim, Jane puxou a irmã e as duas foram em direção dos dois.

– Onde será que elas estão? A esta hora, elas já deveriam ter chegado! – Bingley olhava para todos os lados, procurando Jane.

– Como ela é? – Darcy percebeu que quanto mais cedo esse tormento começasse, mais cedo era a chance de sair.

– Eu salvei uma foto dela no celular... – Ele viu o olhar de Darcy. – Por precaução, vai que eu esquecesse como ela é? – Tentou argumentar, inutilmente.

– Ah, claro. Acho que o rosto dela já está tatuado em seu cérebro. – Ele viu a foto de uma mulher loira e começou a procurar. – Bingley...

– Onde? Onde ela está? – Ele virou a cabeça em todas as direções, tentando vê-la.

–Ela está vindo para cá. Quem é aquela morena, ao lado dela? – Darcy não conseguiu parar de observar Lizzy.

– É a irmã dela, Elizabeth. – Bingley falou de qualquer maneira, pois estava hipnotizado pelo sorriso que Jane esboçava enquanto o encarava. Ele sorriu também.

O momento de espera estava, praticamente, acabando. E, enquanto Bingley e Jane estavam felizes por finalmente estarem se conhecendo na vida real, Darcy e Elizabeth lutavam contra o que estavam começando a sentir durante a troca de olhares de um para o outro.

Jane foi a que "chegou" primeiro para os dois, pois Elizabeth queria "demorar" o máximo possível. Bingley não conseguiu segurar a satisfação em vê-la em carne e osso, e tão próxima de suas mãos.

Num ato totalmente involuntário, ele a puxou para um abraço apertado.

– Pensei que nunca teríamos a chance de nos conhecer! – Ele disse num tom baixo.

– Bom, eu tinha esperança! Um de nós precisava pelo menos acreditar na possibilidade...

Eles começaram a conversar de um modo que, talvez sem querer, excluísse os outros dois.

Elizabeth e Darcy, inicialmente, esperavam que fossem apresentados de seus respectivos amigos, mas, ao ver que talvez isso não fosse acontecer, eles se aproximaram.

– Olá. Eu sou a Elizabeth. – Ela forçou um sorriso educado mesmo tendo uma opinião diferente sobre aquele homem tão... atraente.

– Prazer, Elizabeth. Talvez você já saiba, mas, sou o Darcy, amigo do namorado... Amigo de sua irmã. – Ele contribuiu o sorriso ainda balançado. Aquela mulher era belíssima, e talvez, totalmente oposta à imagem da Elizabeth que ele havia criado.

– Também acho que ele é namorado dela, mas, só falta esses dois perceberem. – Com esse comentário, Lizzy e Darcy encararam o casal um pouco mais afastado.

– Tenha certeza, se depender de Bingley, isso mudará em algum momento próximo! – Darcy a olhou, fascinado.

– Bom... – Ela havia percebido o modo como estava sendo observada, e sem querer, imaginou sua mãe elogiando Darcy apenas por ter conhecimento de sua fortuna, e disso, ela diria que a filha finalmente estava no caminho certo... Lizzy sentiu raiva e repudiou à mínima ideia de qualquer relação com Darcy. Talvez não tenha percebido, mas, começou a falar com ele de um modo mais indiferente. – Soube que veio com Bingley... Também vai morar aqui?

– Não, não... Ficarei apenas uma semana na casa dele, estou apenas ajudando-o na mudança... E você? Soube que tinha feito intercâmbio... Pretende morar fora do país? – Ele tentou ser casual, mas, uma estranha necessidade de saber tudo sobre ela dominou-o.

– Achei que deveria sim, sabe, aqui... Sinto-me limitada. Poucas chances de ser alguém que eu sonho em ser...

– Quem você quer ser? – Darcy a interrompera e nem ao menos, percebeu esse fato.

– Quero inspirar as pessoas. Quero ser alguém renomada, importante... Adoro escrever, talvez, eu consiga ser quem eu quero a partir da escrita. – Ela tentava soar indiferente para mostra-lo que não estava interessada, mas, estava ficando cada vez mais difícil. – Não sei se pode compreender o que eu digo.

– Na verdade, te entendo, sim. Já tive esse meu momento. – Ele sorriu para ela. – Só que tive tantas complicações familiares no meio, que não pude aproveitar essa fase.

– Hum, que pena... – Ela olhou para o lado, tentando chamar a atenção de sua irmã, mas, não obteve sucesso.

– Talvez eu esteja sendo um pouco entediante demais, não? – Darcy provocou-a, apenas para saber que reação aquela mulher teria...

– Não muito. Só acho que nós não temos tantos assuntos para conversar, e sem assunto, o tédio chega rápido. – Lizzy nunca havia sido tão indelicada na sua vida, mas, se fosse para nunca mais ter que ver aquele homem, que a deixava confusa e que faria sua mãe pensar que ela é mais uma comum interesseira que nem todas as outras, ela seria indelicada e muitas outras coisas.

– Hum, você tem uma personalidade rebelde, pelo o que posso perceber. Isso é interessante. – Darcy usou seu tom sarcástico para provocá-la. E isso estava sendo divertido e muito charmoso da parte de Elizabeth. – Como diria sua irmã... Não é, Lizzy?

– Olha, não sei como não parecer indelicada, mas, não acho que estamos num nível de conhecimento "mútuo" para você poder me chamar pelo meu apelido.

– Ah, mas, eu acho totalmente conveniente. Pelo que Bingley falou, nós quatro iremos sair constantemente esta semana inteira, então, eu só acho que estou começando pelo óbvio.

– Não tem como minha irmã ou seu amiguinho, a me obrigar a sair com vocês a semana inteira. – Lizzy disse com total incredulidade só nessa possibilidade.

– Lizzy, Lizzy, nunca diga nada com tanta certeza assim. – Ele deu um passo à frente, ficando mais próximo do rosto dela.

– Darcy, por mais que eu não queira estragar o encontro deles... Devo dizer que você está sendo exatamente o tipo de pessoa que eu achava que seria. Isto é lamentável.

– Olha... Não sou eu o indelicado e nem fui eu que comecei a ser sarcástico. Só estou te respondendo à altura, Elizabeth. Talvez, você me deva algumas outras oportunidades para te mostrar quem eu sou de verdade.

Casos & DescasosOnde histórias criam vida. Descubra agora