XXIX

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Domingo, em Londres...

....

Já era a trigésima ligação de Bingley que eu resolvi ignorar. Não estava com cabeça para lidar com aquela família, Candice havia torrado toda minha paciência e bom humor, principalmente, plantando a suposição de que Lizzy estivesse levando um namoradinho na nos.... Na minha casa.

Não passou meia hora, quando eu escutei a campainha tocar e Georgiana me chamar lá do Hall.

- É o Charles, irmão!

Darcy passou as mãos no rosto, cansado, e saiu de seu quarto ao encontro de uma nova briga.

- Bom dia, Bingley

- Eu te diria o mesmo se eu estivesse no humor, e se você tivesse me atendido em uma das mil vezes que eu te liguei de ontem pra cá. O que aconteceu? – Essa era uma situação rara, vê-lo sem Jane e com uma atitude grosseira, mas, era compreensível, dado ao fato que a recente ex de Darcy era ninguém menos que a irmã dele.

- Quero primeiro saber a história que Candice te contou, só para ter noção do que ela mais iria inventar – Darcy segurou o tom em sua voz, pois, sabia que ele estava certo e não conseguiria demonstrar isso a seu amigo se exaltando.

- Darcy... Ela disse que você começou a gritar com ela, falando que ainda amava Elizabeth e a tratou mal, expulsando-a daqui – Darcy sorriu.

- Porque eu realmente acordaria de uma epifania, berrando aos quatro ventos que eu amo ainda a mulher que eu mal conheci, e faria da melhor maneira tratando mal a sua irmã. Achei que ela poderia criar algo melhor que isso, e que você conhecendo nós dois, saberia que algo não estava certo – Para ele acreditar nela, realmente ela deve ter se superado na atuação... Candice sabia se superar.

- Darcy, eu não estou aqui para brincadeiras. Você não viu o estado dela ontem. Você sabe que eu te considero um irmão, mas, Candice é para mim, o que para você é Georgiana.

- Só vou dizer que sua irmã não entende que eu sempre tive que priorizar o meu trabalho porque ela nunca soube o que é ter uma pessoa dependente dela para viver. Ela sempre reclamou de eu trabalhar quando ela chegava das reuniões e ensaios, mas, eu não posso parar a minha vida na empresa, você sabe disso. Ela, inconformada, resolveu meter no meio do discurso que eu não amava ela e que não esquecia da pobretona – aquela palavra ainda irritava Darcy – Srta. Bennet. Você pode pensar o que quiser, mas, eu nunca vou tolerar qualquer tratamento do tipo com ela. Você sabe que Candice também pensa assim de Jane, mesmo fingindo que não vê. Está na hora de acordar para vida e ver que tipo de irmã sua família criou. – Não ousei em comentar a outra parte que ela insinuara sobre Lizzy, porque dizer em voz alta seria como dar oportunidade de que fosse verdade... Sem contar no que Georgiana me dissera. Conhecendo Bingley, ele não iria lidar muito bem com tudo.

- Sério isso? Bom, não sei no que acreditar...

- Bingley, você faça o que achar melhor. Eu gosto muito da sua irmã, sempre a tratei como minha família. Mas, ela se tornou outra coisa após o nosso namoro. Eu tentei fazer a relação dar certo, mas, Candice e eu não temos nada a ver. Eu deveria ter percebido antes. Não queria que te atingisse toda essa situação, mas, ela passou dos limites comigo. Agora, se você me dá licença, eu tenho que voltar a trabalhar, porque ontem ela me deixou sem cabeça para isso.

- Mas, talvez ela esteja certa em um ponto. – Virei minha cabeça, esperando a provocação que eu sabia que viria...

- No quê, Bingley?

- Que você ainda a ama. Eu posso ver nos seus olhos, a liberdade de pensar em Elizabeth ou cogitar em correr atrás dela... Você não se importou com aquela importante reunião que tinha no dia que Lizzy foi viajar. Você não pensou duas vezes quando Jane te avisou o horário. Seu trabalho é importante, eu sei disso, mas, você não dava prioridade a ele com ela.

Darcy ficou sem reação, e nada respondeu, porque era verdade. Se não tivesse ido ao aeroporto naquele dia, para tentar impedir Lizzy, sua empresa teria conseguido um ótimo patrocinador em uma campanha, porém, com a falta dele, a empresa desistiu do acordo. Era por isso, que nos últimos meses, Darcy tinha que trabalhar dobrado, procurando companhias que aceitassem uma parceria com eles... Todavia, se tivesse que fazer tudo de novo, teria faltado mesmo assim, se fosse para vê-la mais uma vez.

Bingley simplesmente saiu, fechando a porta e deixando Darcy sem saber se eles ainda eram amigos ou aquela separação com a Candice também acabaria com a amizade deles. Esse pensamento entristeceu Darcy, pois, ele não queria alguém que era considerado família.

- Irmão? – Georgiana apareceu no pé da escada. – Sinto muito

- Você também escutou essa briga, Gi? Desculpe, jurava que tinha controlado meu tom dessa vez... – Tentei não demonstrar minha tristeza com toda aquela situação. Sem Lizzy, sem a amizade de Bingley... Éramos somente eu e minha imã, mais uma vez, sozinhos no mundo.

- Eu estava tomando café da manhã na cozinha, eu que peço desculpas... Eu deveria ter falado com Charles, ele teria me escutado...

- Não acho, Gi. Se fosse alguém falando, o que eu falei, de você, também não acreditaria

- Ei, não me compara com aquela arrogante não! Você não acreditaria, pois, sabe quem eu sou – Ela me deu um abraço apertado. – Se ele realmente te considera como família, vai voltar e pedir desculpas! Não precisa ficar assim, Will

- Obrigada, Georgiana. O que seria de mim sem você?

- Nada, sabemos disso! – Ri de sua esperteza. – Ah, irmão... Sobre o que ele disse da Srta. Elizabeth, é verdade? – Ela me encarou envergonhada.

- Sim, Gi. É um fato que tentei suprimir, esconder, negar... Fiz de tudo, mas, eu ainda a amo

- E por que você nunca foi atrás dela? Lá em Boston?

- A irmã dela disse que a melhor maneira de Lizzy entender que estava errada, era percebendo sozinha... Aí eu desisti, confesso, fico pensando se eu tivesse ido na época que eu tive a ideia, o que teria acontecido

- Irmão! Você não acha que o que a Candice disse da Elizabeth é verdade, né?

- Bom... Lizzy está, de fato, namorando... Liguei para Catherine e ela mesma comentou. Acho que agora a perdi para sempre mesmo

- Will, se tem alguém que nunca desistiu quando viu um obstáculo, esse alguém é o meu irmão. Você sempre me inspirou a insistir nas coisas que eu desejo, desde que eu me esforce. Ficar aqui, aceitando essa história dela estar em outro país, com outro cara... Não faz seu jeito, Will. Você deveria ir atrás dela!

- Devo te confessar que não paro de pensar nisso desde ontem, Gi. Mas, eu realmente não posso agora. A empresa precisa arranjar uma parceria urgente – Vi seus olhos abaixarem decepcionados. – E mesmo que eu fosse hoje, a senhorita ia ficar aqui estudando, viu? Eu sei que quer viajar comigo, mas, primeiro os estudos e depois, a diversão!

- Ai, irmão! Não confia em mim? Eu quero que você a conquiste e a traga logo para nossa casa! Sempre quis conhece-la! Promete que quando as coisas na empresa melhorarem, você vai atrás dela?

- Prometo, e pode ter certeza, vou adorar o dia em que vocês duas se conhecerem – Sorri, imaginando a cena.

- É assim que se fala!

Georgiana me abraçou forte mais uma vez e depois disso, voltou para o seu quarto, e eu fui para meu escritório, resolver a papelada que eu deixei esperando desde minha discussão com Candice. Mas, a ideia de viajar para Boston, reconquistar Lizzy.... Sempre retornava a minha mente, e cada vez com mais força.

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Casos & DescasosOnde histórias criam vida. Descubra agora