XLVII

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- Desculpa a demora... Darcy...

- Ele te faz bem, né? – Jane se virou para a irmã, enquanto olhava para os portas retratos delas pequenas, expostos em um dos armários da sala.

- Sim... Faz. Demorou para eu admitir isso, mas, tem alguma coisa nele que, naturalmente, meu ser corresponde numa facilidade maluca. – Lizzy ficou um pouco afastada de Jane, sem saber como agir.

- Eu fico feliz que alguém possa te deixar desse jeito. – Jane queria brigar e ao mesmo tempo dizer que estava morta de saudades dela, tudo que ela queria era que Lizzy fosse menos orgulhosa.

- Mas, eu não queria falar sobre ele...

- É alguma coisa sobre o papai? Ou essa oportunidade louca do Darcy em ajuda-lo?

- Não, não. É uma oportunidade doida mesmo, mas não é nada sobre isso.

- Então, Lizzy... O que foi? – Jane sentou no sofá, porque ela simplesmente estava esgotada, mental e fisicamente, com tudo o que estava acontecendo.

- Darcy me explicou melhor suas intenções quando... Você o aconselhou naquela época – Lizzy viu a irmã virar o rosto naquela hora, tentando esconder a tristeza – Não quero brigar sobre isso, eu só queria dizer que, apesar de eu ainda não compreender tudo o que você queria que eu visse fazendo aquilo, sinto muito. Por te fazer se sentir que eu não queria estar próxima de você ou da nossa família. Na minha visão, as minhas viagens nunca foram sobre querer me livrar de vocês, e sim de me tornar alguém melhor e importante. Eu nunca achei...

- Mas, você é importante! Sempre foi importante para mim, para o papai... Até nossa mãe vive reclamando para Kitty e as outras sobre como elas deveriam agir como você! – Jane já tinha começado a chorar e ela não se importava mais.

- Jane, eu só queria um propósito maior do que conseguiríamos aqui. E com mamãe me enlouquecendo para achar alguém rico, eu sinceramente não aguentei mais. Você sabe que eu nunca fui de me abrir assim como... Como agora. – Lizzy sentiu seu coração se quebrando vendo sua irmã chorar, e tantas lembranças delas pequenas, sempre defendendo uma outra... Fazia o coração dela apertar, só imaginar que não teriam mais a mesma cumplicidade como sempre tiveram.

- Eu só sinto que você vive focando no que você sofre e no que sente. Você nunca se importou 100% com ninguém, irmã. Você sempre me ajudou? Claro. Sempre me ouviu? Sim, mas, no final do dia, de alguma forma o meu assunto giraria em torno de algum problema seu. Tudo o que eu, mamãe ou papai... Ou até mesmo Darcy dissermos a você, sempre é com as melhores intenções! Você não procura entender os nossos motivos e o que queremos que você conquiste, você só vê se te ofende, porque, se sim, aí... Aí somos "castigados" com seu desprezo. – Jane começou a ficar ofegante depois de dizer tudo que estava preso em sua garganta. Ela viu o olhar assustado de Elizabeth. – Eu realmente esperei que hoje mais cedo você conversasse comigo, e dissesse que tudo estava bem. Mas, você insiste em ser cabeça dura e orgulhosa. Eu posso te amar e sempre me preocupar com você.... Mas, eu não sou de ferro, não aguento ver esse mesmo tratamento para sempre! Você precisa mudar e logo! Porque além de você afastar todo mundo, cada vez mais rápido, Darcy pode não ter tanta paciência quanto você ache que tenha, e aí... Você perde o primeiro homem que verdadeiramente amou... E por qual motivo? Idiotice!

- Eu só queria vim aqui e tentar melhorar as coisas, pedindo desculpas. Eu sei que hoje mais cedo eu não estava parecendo querer isso, mas, eu estava muito preocupada com o papai. Às vezes, Jane, sua melhor intenção e sinceridade, por mais que sejam pelo meu bem, só machucam. É melhor eu voltar para o quarto, tá ficando tarde e amanhã temos que dividir as tarefas daqui e do hospital. Boa noite.

Lizzy esfregou os olhos que estavam cheios de lágrimas, e sem olhar nos olhos de Jane, foi embora. Enquanto isso, a irmã mais velha dos Bennet respirou fundo e decidiu ligar para Bingley, para se acalmar. Infelizmente, não era daquela vez que elas se resolveriam.

...

Darcy tinha acabado de sair do banho e colocado seu pijama, quando escutou alguém batendo na porta.

- Pode entrar!

Era Elizabeth chorando, ele percebeu. Antes que conseguisse perguntar o que aconteceu, ela correu diretamente nos braços dele.

- Desculpa, desculpa.

- Pelo o quê? – Ele sentiu o calor do corpo dela e o perfume inebriando seus sentidos...

- A Jane... Ela me falou umas coisas, e eu... Só queria vir aqui e dizer isso a você... Desculpa. – Ela abaixou o rosto e continuou a chorar.

- Ei ei ei, não fica assim! Calma, que as coisas vão dar certo entre vocês, só que ela precisa de tempo. – Ele tentou acalmá-la, apertando-a num abraço até que ela parasse de chorar.

- Não sei, não sei mesmo. Eu tentei pedir desculpas, mas, ela começou a dizer um monte de coisas que eu sei que tenho problemas.... Mas eu achei que ela iria escutar e entender... É como se eu tivesse perdido minha única amiga no mundo inteiro, eu não sei o que fazer. – Lizzy desabafou chorando.

- Ela e você precisam de um pouco mais de tempo. Vocês precisam refletir no que a outra disse, eu tenho certeza de que vai dar tudo certo!

A esperança de Darcy fez com que Lizzy, aos poucos, acalmasse seus sentimentos e conseguisse parar de chorar. Quando isso aconteceu, ela ainda não queria sair daquela bolha que existia, quando estava do lado dele. Se sentindo tão protegida por ele, ela percebeu em como toda aquela sensação era viciante, e admitiu que não era mais possível viver sem tudo aquilo... O abraço, perfume, sorriso e tudo que fazia ser ele.

Darcy sentiu que ela estava mais tranquila e que não mais chorava, e sem qualquer pretensão, por um ato instintivo, segurou o rosto dela com suas mãos e admirou aquele olhar que fazia ele perder a noção do tempo e de tudo ao seu redor.

Em questão de instantes eles estavam se beijando e percebendo em como as dúvidas só diminuíam a cada segundo que passavam juntos.

Eles estavam destinados a se encontrarem e serem a melhor parte do outro.

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