Parecia um sonho se realizando, pelas duas semanas que se passaram desde que Darcy havia ido decidido encontrar Lizzy. Eles entraram em uma rotina, sem ao menos perceberem, ela ia ao trabalho pela manhã e ele arrumava a casa, preparando o almoço, e quando ela voltava.... Eles passeavam pelo campus e, às vezes, iam em alguma pub, conversando sobre suas vidas, gostos e experiências.... Estavam em sua própria bolha, e nenhum dos dois parecia se importar com isso.
Até que na noite de uma sexta-feira, o telefone de Darcy tocou. Eles estavam rindo de uma cena engraçada do filme que passava na tv, Lizzy olhou atenta para ele.
Darcy se afastou um pouco para conseguir ouvir com mais atenção, era um de seus funcionários da empresa, avisando que ele precisava voltar até segunda, eles tinham feito o que podiam para dar esse tempo para Darcy viajar – e supostamente fechar um acordo com uma empresa americana, que tinha sua sede em Massachusetts. Darcy até conseguiu marcar um almoço com a CEO, mas, a mesma pareceu descrente com o trabalho deles e resolveu não contratá-los. O que deixou um sabor amargo no ego de Darcy –, mas, agora, eles precisavam dele.
Lizzy percebeu que algo não estava certo, a feição dele estava séria demais – não o via assim desde a briga deles quando Darcy chegou em... casa –, mas, ao mesmo tempo que se pegou preocupada com a seriedade da situação em que ele estava sendo informado, admirou – mais uma vez, como havia fazendo nos últimos dias – a beleza única daquele homem, que de alguma forma, era seu.
Pensar em Darcy como seu, fazia Lizzy sorrir instintivamente, como se fosse uma alegria incontrolável que tomava seu coração, corpo e alma, tudo de uma vez só. Ela tentou se lembrar de outra vez que se sentiu daquele mesmo jeito, feliz como se fosse explodir em risadas, e percebeu que nunca havia passado por aquilo. Estar ao lado de Darcy, sentir-se amada e feliz naquela intensidade era um combo que nunca imaginaria que poderia ter, o que deixava Lizzy animada e com medo, simultaneamente.
Após alguns minutos, Darcy voltou para a sala de estar e percebeu que Lizzy sabia que algo estava diferente, ele tinha consciência de que não podia esconder o que estava acontecendo.
- Bom – suspirou, sentando-se ao lado dela no sofá e apertando forte as mãos geladas de Lizzy – infelizmente, eu preciso voltar para Londres.
Lizzy já imaginava que poderia ser isso, ela sabia que ia chegar essa hora – mais cedo ou mais tarde – e já vinha se preparando para fazer a melhor reação positiva que pudesse, mas, no momento em que ele contou a ela, sentiu seu coração se apertar. Darcy viu o brilho dos olhos dela sumirem enquanto contava a situação que estava a empresa, mencionou a tentativa de acordo que deu errado – ela não sabia que se tratava de trabalho, mas, lembra dele voltando para casa irritado e como tentou ao máximo não demonstrar, para não estragar o momento deles – e que agora ele precisava resolver algumas questões que ele havia dado uma pausa, para ir encontrá-la.
- Eu me sinto um pouco culpada... – Lizzy olhou, cabisbaixa, para as próprias mãos, tentando evitar o olhar intenso dele – Sei que você vai dizer que foi escolha e tudo mais, concordo, mas, não me faz me sentir menos responsável, porque agora você tem que voltar para arrumar um monte de coisa acumulada, que não estaria, se nunca tivesse vindo para cá.
- Sim, se eu não tivesse vindo agora, não estaria acumulado. – Lizzy abaixou a cabeça, triste – Se desde o momento em que você embarcou naquele maldito avião, eu tivesse ido atrás de você, as coisas estariam resolvidas e eu não teria acumulado trabalho algum. Eu errei em desistir de correr atrás de você por... – Darcy percebeu o que estava prestes a dizer, e conseguiu interromper antes que mencionasse sobre Jane.
- ... Por causa do que Jane falou sobre mim – Lizzy olhou seriamente para ele, eles nunca haviam comentado sobre aquela noite em que ela o encontrou bêbado parado na porta de casa (ela ainda estranhava a certeza de que, mesmo não querendo, sentia que aquele lugar era sua casa também, mesmo que só fosse um pouquinho).
- Como... Como você sabe disso? – Ele a olhou assustado.
- Você me disse, Darcy, no dia em que voltou todo alterado depois de rever os amiguinhos... – Lizzy não gostava de pensar naquela noite.
- Eu não... Não lembro – Darcy não acreditava que havia feito aquilo, isso só deve ter piorado tudo, quando ele só queria que tudo se resolvesse... – Lizzy, eu...
- Darcy – Ela se aproximou mais dele, tentando ficar frente a frente – Quando eu soube, sim, doeu bastante. Foi relembrar do começo em que estive aqui, quando eu me senti mais sozinha que nunca... Mas, daí, pensei bem nas palavras que você disse, e talvez, eu devesse avaliar o motivo de Jane sentir isso sobre mim.
Darcy sentiu um alívio no peito e, sem pensar, enquanto acariciava o rosto da mulher que tanto amava, a beijou como se não houvesse amanhã. Quando sentiu que necessitava de ar em seus pulmões, se afastou dela e mesmo que soubesse que tinham que continuar aquele assunto, a ideia de que logo estariam novamente separados, fez com que sentisse o mesmo desespero de nove meses atrás, quando a viu indo embora apesar de sua tentativa de faze-la ficar, obrigando Darcy perguntar o que havia evitado nas duas últimas semanas.
- E agora?
- Como assim, e agora? – Lizzy o olhou confusa.
- Como vamos ficar? Eu sei que você não vai largar a Harvard, principalmente agora, trabalhando... Mas, e nós? – Ele odiava pressioná-la, mas, ele precisava saber.
- Eu... Eu preciso pensar. – Ela soltou suas mãos das dele e levantou do sofá, se dirigindo à escada – Tá ficando tarde, a Cat vem amanhã, temos que arrumar as coisas, levantar cedo... Daí, conversamos sobre isso, ok?
Darcy suspirou sabendo que tinha estragado todo o clima, e só balançou a cabeça, resignado.
- Ok. – E viu Lizzy subindo as escadas rapidamente, como se tentasse fugir dele.
Faltava pouco tempo para tomar uma decisão importante como aquela. Relacionamento à distância? Procurar um local legal para instalar uma franquia e dar com a papelada, para ter como vê-la mais frequentemente? Ajudá-la a visita-lo em Londres nos fins de semana? Tudo soava péssimo na cabeça de Darcy, mas, ele não tinha o que fazer.
Suspirar havia se tornado um hábito dele, principalmente em momentos como aquele, em que não tinha como fazer com que uma ótima solução surgisse para salvar o dia. Ele só poderia esperar pelo melhor e ter fé. Algo que um homem de sua idade, e com seu gênio, havia esquecido como era ter fazia muito tempo...
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Casos & Descasos
Roman d'amourElizabeth Bennet vive uma vida contraditória, ama estar longe de casa e não quer saber de corresponder as expectativas que sua mãe tem para ela e suas irmãs. Estava muito bem em Harvard, que ficava bem longe de casa, até que teve que voltar... No me...