- Oi, Lizzy! Como estão os livros?
Levantei os olhos para ver Henry sorrindo para mim. Ele sempre vinha com seu sorriso e bom humor até o balcão, mesmo que eu suspeitasse que ele já conhecesse onde todos os livros que ele tinha interesse ficavam, ele ia me procurar para que eu o ajudasse na busca. Sua pergunta sempre é como os livros estão, porque teve uma vez que contei a ele sobre me preocupar com os estados que os livros voltavam de alguns lugares, e desde então, ele sempre começa me perguntando isso. Dei uma risada, como de costume.
- Nenhum ferido gravemente, Henry! Como vão os estudos?
- Ah, agora terminou. Me dei férias já que passei em todas as matérias, volto a estudar daqui umas duas semanas...
- Mas, as aulas só começam de novo daqui a três semanas, pelo menos na minha especialização é assim.
- É também no meu, mas, sempre gosto de me adiantar nas matérias do ano seguinte, para continuar avançado.
Admirei seu esforço e o gosto pelos estudos, algo que eu também compartilhava, mas, em outra área. Até que me veio uma questão...
- Se você está de férias por duas semanas, o que faz aqui?
- Bom, eu deveria ter te contado antes, mas, falei com a Sra. Hamilton, e ela permitiu que eu te auxiliasse nesse período aqui na Biblioteca. Claro, voluntariamente.
- O que?? Por que você trabalharia de graça? – Eu sei o quanto ele precisava de dinheiro também, ele só tinha conseguido fazer o curso graças a uma bolsa e ótimas recomendações que possuía. Mas, ele vivia em um dos dormitórios e seus pais mal conseguiam enviar algum dinheiro para ajudar...
- Eu arranjei um emprego, mas a vaga só estará disponível para mim daqui um mês. Até lá, posso te ajudar.
- Henry, não sei o que falar... Além de dizer que você é louco. – Olhei para ele e ri.
Começamos a rir baixinho, já que estávamos numa biblioteca e tinha gente estudando.
- Eu sei que isso vai soar invasivo, Lizzy... Mas, desde o nosso encontro queria estar mais próximo de você, e agora que tenho esse tempo livre, não quero desperdiçar com outro afazer que não seja você.
- Henry, você adora me deixar sem palavras? – Eu o encarei surpresa e não soube como reagir.
- É meu hobby favorito, admito. – Ele sorriu e segurou minha mão – Você aceita?
- Como eu poderia recusar a sua ajuda e companhia? Devo confessar, é ótimo trabalhar aqui, mas, sem alguém do lado, fica bem solitário... – Pensei em tudo que vinha acontecendo e nas últimas descobertas... Eu estava sozinha.
- Você nunca mais vai estar sozinha, Lizzy. Eu estou aqui, sempre.
O jeito que ele me olhou, com carinho e simplicidade, fez meu coração bater mais rápido. Pensei em Darcy, em como eu ainda o amava e como ele deveria estar sendo amado e feliz ao lado de Candice... Eu deveria saber seguir em frente e aprender a amar Henry, isso era o certo.
- É muito bom saber disso, de verdade – apertei sua mão em retribuição.
O sorriso de Henry aumentou e ele se aproximou mais de mim.
- Sábado, às seis da noite, vamos num pub que meus amigos me mostraram? Vou deixar o endereço aqui – ele pegou um pedaço de papel que encontrou no balcão – E eu posso te esperar na sua casa?
Nunca contei nem a Henry ou aos meus amigos sobre quem era o dono daquela casa, disse que estava alugando, por um preço bacana, pois o dono era um conhecido da família. Não era totalmente mentira.
- Pode sim. Estou ansiosa. – Dei meu melhor sorriso. Iria me empenhar para sentir algo por ele.
- Ótimo! Então, agora, srta.Bennet... Como posso auxiliar no acervo da Biblioteca?
Após umas cinco horas ao lado de Henry, com ele separando os livros da devolução e aprendendo em como guardá-los nas sessões correspondentes, ele me deixou em casa, e me permiti deixando que ele se aproximasse.
- Hoje foi um dia incrível, Lizzy. Confesso que não sei como você consegue lidar com essa rotina e vir tranquila para casa, eu estaria desmaiado no seu lugar. – Ele começou a rir.
- É, tem dias bem atarefados, mas, outros são bem relaxantes. Infelizmente você começou num mau dia. – Sorri para ele, após estarmos de frente da minha casa... Não, da casa do Darcy.
- Eu tenho que admitir, Lizzy, isso parece um sonho
- O que? Trabalhar de graça na biblioteca? Concordo
- Não, sua boba – Ele se aproximou mais, acariciando meus cabelos. Seu sorriso chamou minha atenção, me deixando sem palavras – Por que? Por que você está me dando uma chance agora? Achei que só me olhasse como um bom amigo, aquele nosso primeiro encontro me deu mais certeza disso, mas... Hoje você parece diferente. O que mudou?
- Eu quero mudar. Não quero mais estar sozinha nesta casa, nessa rotina. Eu confesso que você é um grande amigo meu, na verdade, o único com quem eu realmente converso. O resto do pessoal que conheço aqui do campus, só falamos sobre matérias e problemas de faculdade... Nada além disso. Você sempre me escutou quando eu falei sobre minha família, quando contou sobre a sua... Não acho que tenho que negar a possibilidade de ser feliz. – não consegui encarar Henry naquele momento.
- Uau, agora você me deixou sem palavras
- Agora você está sendo o bobo
- Será? Duvido... – Henry deu um último sorriso antes que eu percebesse o quão próximo ele estava de mim. Em segundos, ele estava me beijando e deixei aquela sensação nova me levar.
Não era a mesma emoção, meu coração batia forte, mas, não me senti ávida por mais daquilo que Henry estava me proporcionando. Lembrei de Darcy e como tudo era tão intenso e ardente, que me consumia de um jeito que eu não sabia como agir. Joguei para um canto distante aquelas lembranças, e retribui o beijo com mais vontade, pensando em como Henry havia sido comigo desde que nos conhecemos. Ele era um cara bom, decente, engraçado e lindo. Não fazia o tipo que minha mãe gostaria de conhecer, e isso aliviava meu coração. Ele era a opção certa, e meu coração ia perceber o mesmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Casos & Descasos
RomanceElizabeth Bennet vive uma vida contraditória, ama estar longe de casa e não quer saber de corresponder as expectativas que sua mãe tem para ela e suas irmãs. Estava muito bem em Harvard, que ficava bem longe de casa, até que teve que voltar... No me...