III

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Bingley não disse mais nada, e Darcy comemorou silenciosamente a falta de conversa entre os dois, já que o querido amigo o tinha feito parar para pensar em algumas coisas, como dispensar essa tal de Elizabeth...

Quem seria ela?

Provavelmente, alguma moça que esteja louca para se casar com um homem milionário, como ele, e que não tenha uma pequena noção do que é a vida...

Essa única semana seria a pior e a mais longa de todos os tempos, para Darcy.

E seria mesmo, mas, eles nem imaginavam o porquê.

...

A viagem parecia mais tranquila agora, Bingley via que Darcy estava mais distante e que o assunto "Elizabeth" havia sido esquecido.

Ele sentia que Darcy poderia sofrer muito se continuasse a odiar e repudiar todos os seres humanos que ele nem se quer conhecia. E se Elizabeth fosse, pelo menos, 1% do que Jane era, Darcy iria amá-la, é simplesmente impossível ser arrogante com uma mulher daquele tipo.

Ele via que o amigo só precisava de um incentivo e um empurrão, e se Bingley tivesse o poder disso, tudo seria feito para acontecer o "impossível", já que para o mesmo era a esperança a última a morrer.

Algumas horas depois, eles avistaram um casarão e, ao seu redor, uma vasta mata... Darcy bufou e se recusou a aceitar a realidade que estava tendo. Por que ali? Por que ele tinha que ir junto com o maldito e ex-melhor amigo? A paz, ele poderia nunca ter tido, mas, sentia que não seria ali que ele a encontraria...

Darcy sabia também que quando o amigo colocava algo na cabeça, só na morte que haveria solução, então, persuadi-lo seria totalmente inútil.

...

Eles estacionaram o carro, pegaram as malas e Bingley achou um bilhete próximo a um vaso de planta, que estava do lado da porta.

"A chave está detrás do arbusto à esquerda da porta. Nos encontramos amanhã?

Beijos, Jane"

Bingley sorriu e foi à procura da chave, um instante após encontrá-la, viu Darcy olhá-lo curioso.

– Jane. – E mostrou ao amigo o bilhete.

– Quando é o casamento, mesmo? – Darcy o provocou enquanto estavam entrando no casarão.

– Quem sabe, você saiba mais disso do que eu... – Bingley retrucou.

– Claro, senhor... – Darcy parou de falar no momento em que encarava os detalhes da parte interior do casarão. – É até que bonito.

– É belíssimo.

– E você vai me deixar aqui e vai procurar ela amanhã? – Darcy indagou após se sentar no imenso sofá.

– Não. Nós vamos procurá-la amanhã.

– Eu? Por quê?

– Elizabeth, amigo. Você vai conhecê-la.

Darcy grunhiu e nada falou. Preferia pensar em se estressar sobre esse assunto somente na hora em que conhecesse a interesseira Elizabeth Bennet.

....

– O QUE VOCÊ DISSE, JANE? – Elizabeth não estava ligando se todos da casa estavam tendo dificuldade para dormir.

– Pelo que o Bingley disse sobre o amigo dele, Darcy, vocês combinam, sim!

– Você só pode ter pirado, de uma forma grave e irreparável! Eu me recuso a acreditar que você me colocou nessa! Eu não quero conhecer nenhum homem arrogante e riquinho de meia tigela! Me tira disso, agora! Liga para eles e cancela tudo! – Elizabeth estava a ponto de explodir, o que mais odiava era quando alguém se intrometia daquela mesma forma que Jane estava fazendo. Lizzy gostava do jeito que estava, e interferências naquele momento só causariam problemas para ela.

– Não vou ligar. Você vai, Elizabeth. – A voz de Jane elevou, numa desesperada tentativa de mudar a cabeça da irmã.

– Jane, eu não vou. Eu não quero conhecer ninguém! Você não pode me obrigar!

– Lizzy, quantas vezes eu fui contra algo que você me pedia ou dizia?

– Uma. Agora, e nem sei por quê.

– Isso mesmo. Nunca fui contra, será que nisso você poderia fazer por mim?

– Isso? Não poderia ser outra coisa não?

– Não.

Elizabeth, cansada por não ter gostado nem um pouco de perceber que a irmã estava ficando apaixonada por um provável mentiroso e arrogante que ela nem ao menos conhece, e sobre as idiotas obrigações que estava tendo para ir à ridícula festa, preferiu se silenciar e ir em direção ao seu quarto para prevenir futuras vontades de brigar com a querida irmã mais velha.

Jane ficou um pouco ressentida pela arrogância e falta de cooperação de Lizzy, mas, sabia que ela poderia mudar, sim. Acreditava nisso, e sentia que deveria insistir com o encontro dela com o amigo de Bingley. Tudo daria certo, e isto era uma certeza que nem Jane entendia.

...

Talvez fosse difícil uma das irmãs entender a razão da resistência da outra, mas, Lizzy tinha sua visão em que não seria assim que queria conhecer alguém. Principalmente se fosse um homem tão rico, ambicioso e arrogante. "Deve ser muito arrogante.", era algo que se passava constantemente na cabeça dela.

Ela nunca achou que servia para esse tipo de relações. Jane tinha esse dom natural para ser a esposa de alguém que a, de fato, merecesse. Ela, sim, merecia se casar. Agora, Lizzy nunca tinha visto si mesma por esse ângulo. Ela já tivera alguns namoros rápidos, mas, nada que a fizesse sonhar em ir à igreja de branco. Pelo contrário, a relação dos seus pais a fazia ver que, talvez, casamento sempre terminaria do mesmo jeito, "Sem vida, sem amor. Apenas, conveniência", ela lamentava sozinha. E isto ajudava a contrariar com todas as forças o mero pedido de conhecer o tal Darcy.

Isso com certeza faria tanto Jane quanto Lizzy se empenharem, pela primeira vez, a domarem a vontade da outra, e as consequências eram imprevisíveis. Elas poderiam não ver. Todavia, algo poderia dar errado. Já que nem tudo era um mar de rosas como na visão de Jane e nem tudo quer estragar todo o resto, como Elizabeth acreditava ser o que ocorria de fato.

Era a sorte, afinal de contas, que poderia unir ou separar, além desse eterno laço fraterno entre as duas irmãs, um futuro promissor entre dois casais tão distintos e tão vazios de amor.


...

Casos & DescasosOnde histórias criam vida. Descubra agora