A natureza possuía sua própria melodia ao anoitecer, cada integrante compunha uma parte essencial para completar a sinfonia.
Podiam se ouvir: cacarejos, uivos, muges, latidos, miados, zumbidos, pios, enfim... A variedade de sons era infinita. Por vezes ensurdecedor, e depois de enlouquecer se podia escutar até um maestro mais ao fundo.
Talita conferiu as horas no rádio que ficava no criado mudo e desligou o gravador. Passar até horas analisando os sons da mata era um de seus hobbies prediletos. Qualquer pessoa com o mínimo de sensibilidade conseguiria apreciar a riqueza que havia na diversidade da floresta.
Arrastou a cadeira empurrando os pés que estavam apoiados na parede e num giro espetacular se levantou.
Tomou banho, depois vestiu uma camisa e uma bermuda surradas, calçou suas chinelas havaianas e seguiu em direção da sala.
Encontrou o pai e o irmão assistindo televisão enquanto a mãe estava focada numa leitura.
- Boa noite. Estou indo dormir - desejou por educação.
- Boa noite peoa - o pai foi o primeiro a corresponder.
- Boa noite minha filha - Matilda se levantou e deu-lhe um beijo carinhoso e demorado na testa.
Talita não ignorou, contudo, não demonstrou nenhum sentimento, ainda estava chateada com ela. Pois a mãe não respeitava seus gostos, nem incentivava seus sonhos. Parecia ser contra todas suas escolhas. Não via a hora de completar dezoito anos e sumir dali.
Se dirigiu secamente para fora da casa.
- Oxi... O que há com Talita? Tá com uma cara de jumento quando empaca - percebeu o pai.
- Está fazendo pirraça porque falei pra ela que mudamos de ideia com relação a competição. Depois ela queria ir caçar e não deixei.
- Não acha que está sendo muito dura com ela? Afinal são os hormônios!
Matilda o fixou embaixo dos óculos e depois de ajeitá-los levantou a cabeça afirmando com convicção:
- Não quando você tem um dom e sonhou com sua única filha morta em seus braços da mesma forma que sua melhor amiga morreu.
- Não pode controlar a vida dela, já pensou que ela queira ir embora depois que alcançar a maior idade? Tem coisas que simplesmente acontecem porque tem que acontecer. Está traumatizada com a morte de Iolanda. Não compare as duas.
- Eu sei o que estou fazendo homem! Não confia em mim? Essa rebeldia é influência daquele traste do Tião. Mas isso eu posso sim mudar, e enquanto ela estiver aqui vai ter que me obedecer. Além do mais, vamos combinar que não existe destino, a vida é feita de escolhas.
Artur soltou uma bufada e preferiu não continuar discutindo com a esposa, pois ele sempre acabava perdendo nos argumentos. Matilda tinha a personalidade forte e não admitia ser contestada sem um bom motivo.
Talita encontrou dona Cleuza assistindo televisão sentada na sua poltrona de tecido marrom.
- Boa noite senhora.
- Boa noite, adivinha?? Fiz aquela torta de frango que você adora, está lá no forno.
- Hummm... Vou comer!
- Vai lá.
Talita foi pra cozinha quase correndo, tinha mais afinidade com Cleuza do que com a própria mãe. A velha sabia agradá-la.
Serviu um prato generoso e se sentou apreciando o sabor.
Momentos depois, Ane apareceu na cozinha com os cabelos molhados e desalinhados, notava-se que tinha acabado de tomar banho, seu perfume exalou por todo o ambiente.
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Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)
Teen Fiction+🔞 O pesadelo de Liliane começa quando o pai decide aceitar um cargo para trabalhar fora do país e resolve mandá-la para morar com sua avó materna no interior do Estado de Minas Gerais em solo brasileiríssimo. Totalmente relutante no início, ela ac...