Cap. 45

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Ane chegou na recepção do hospital em passos inseguros. Buscou o olhar de Talita, que estava serena. A vaqueira parecia ser sempre a calmaria depois da tempestade. Era raro que ela deixasse se desequilibrar por alguma emoção.

- Você vem? - perguntou receosa. A ansiedade havia diminuído pedalando até o sítio de seu pai biológico, mas pareceu retornar durante o trajeto de carro de lá até ali.

Ela meneou a cabeça:

- Acho que vocês têm muito pra conversarem sozinhas. Dependendo do que for decidido vai chegar a minha hora de falar com ela em particular.

- Tem razão - a ruiva deu um selinho carinhoso e demorado nela como se quisesse recolher alguma coragem.

- Eu te espero - Talita avisou.

Ane sussurrou um hunrum e abraçou-a, depois foi em direção do quarto da avó com passos que procurou serem lentos por causa de seu nervosismo. Suspirou fundo quando chegou na porta.

Matilda estava presente fazendo companhia para a idosa.

- Oi Ane. Sumiu o dia todo! - estreitou os olhos desconfiada. - Está tudo bem?

- Sim, Tilda. Será que pode me deixar sozinha com a vovó?

Matilda olhou para a velha que já estava mais corada, e esta permitia com o olhar.

- Claro - concordou jogando a revista em cima do sofá. - Qualquer coisa que precisarem estou na lanchonete.

Elas assentiram.

- Até mais tarde - despediu-se e se foi.

Ane a acompanhou com o olhar. Com certeza ela acabaria encontrando com Talita.

Uma vez que Matilda estava completamente fora, Ane aproximou-se da idosa.

- Está melhor?

- Sim. Acho que não é dessa vez que vou bater as botas.

Liliane não segurou um risinho. Sentou na cadeira onde Matilda estava, bem perto dela. E após longos segundos pensativa com sua avó encarando-a com expectativa, avisou:

- Eu li.

- Hum, e o que tem a me dizer sobre tudo que decifrou naquelas linhas? - Cleuza suspendeu as sobrancelhas curiosa sobre a opinião da neta de coração e criação.

- Que sou condolente com seu sofrimento. E que a senhora sempre continuará sendo minha vó independente de qualquer fator!

Dona Cleuza sorriu aliviada e imensamente emocionada.

- Então te darei uma missão.

Ane levantou os olhos interessada.

- No domingo é aniversário da Matilda, e como não vou estar presente, quero que dê os lenços e os diários a ela em meu nome.

- Mas vó, isso é algo que só cabe a senhora fazer! - Ane surpreendeu-se.

Cleuza meneou a cabeça negativamente:

- Não me sinto digna. Ela merece receber por suas mãos. Você é a pessoa mais indicada para fazer isso porque representa a Iolanda em vida, levando em consideração que elas eram muito ligadas.

Ane assimilou por alguns segundos.

- Está bem - concordou por fim. - Eu darei à ela com todo carinho como a senhora mesma faria.

Dona Cleuza sorriu satisfeita e logo que pegou a mão da moça para a sua, deu alguns tapinhas demonstrando gratidão. Obviamente não foi à toa que confiou a Ane seus segredos. A menina estava madura o suficiente e a achou pronta para saber da verdade sem reagir com revolta. O tempo na cidade fez bem para ela.

Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora