Cap. 10

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- Hummm que cheirinho bom Tilda!!! - elogiou Ane adentrando a cozinha sendo seguida por Talita.

- Poxa vida!! - a mulher coloca o pano de prato com agressividade no ombro e cruza os braços, encarando-as com os olhos semicerrados e um ar desconfiado - O passeio estava bom mesmo heim? Sabem que horas são?

- Hora de comer!! - respondeu Talita num tom irônico alisando a barriga. - Tô morrendo de fome - se aproximou beliscando a salada.

Matilda retirou a mão dela bruscamente antes de conseguir sequer pegar uma azeitona. Ordenou:

- Vai tomar banho, está com cheiro de cachorro molhado.

Ane riu, avisou:

- Eu também vou... Beijinhos e até o jantar...

Depois de ela sair, Matilda comentou intrigada:

- O que foi que você fez com ela? Parece que viu um passarinho verde!

Talita enrubesceu, coçou a cabeça e contemporizou:

- Eu nada mãe!! Vou tomar banho e já volto.

Matilda a acompanhou com o olhar torcendo os lábios. Tinha muitas suspeitas a respeito da filha, meneou a cabeça, deveria ser só impressão.

Depois que Ane saiu do chuveiro, parou em frente ao espelho, e enquanto penteava os cabelos se assustou ao ver a imagem da mãe bem atrás de si se formando no reflexo.

A escova caiu com o espanto. Olhou para trás, mas não viu mais nada. Se secou depressa e saiu do banheiro enrolada na toalha muito assustada. Sentou na cama, estendeu e fixou as mãos trêmulas. Seu olhar foi parar instintivamente no porta-retrato que estava no criado ao lado da cabeceira. Depois de apanhá-lo, ficou observando cada detalhe. Deveria ter no máximo sete anos naquela foto e estava ao lado da mãe e do pai Geovane.

A mãe tinha um sorriso encantador, o pai apesar de ser mais sério, também sorria, pois não resistia ao carisma de Iolanda.

Iolanda estava com os cabelos loiros soltos, e o pai ainda mantinha aquele mesmo penteado; o cabelo preto liso surfista, caindo nos olhos. Tentou, mas não encontrou nenhum traço comum com o dele. Só podia ser impressão, afinal, nem todos os filhos  necessariamente tem semelhanças físicas com seus pais. Ainda assim, sentia que havia algo a mais do que a genética podia explicar.

Naquela fotografia eles eram o modelo de família perfeita e feliz. No entanto, se lembrava que não era bem assim. A mãe era veterinária e o pai administrador de empresas. Eles brigavam constantemente porque quando Iolanda vinha para Vicente Diaz, parecia perder a noção de tempo. Ela passava até meses longe de casa, e ainda carregava a pequena com ela. Era frustrante e cansativo para ele não poder competir com a sogra, ou sabe lá mais o quê. Iolanda era misteriosa. Mas quem não tem segredos?

Ane devolveu-o ao seu lugar e se vestiu.

Estava começando a se preocupar com aquelas aparições. Parecia que a mãe queria contar algo realmente importante. Então por que ela não falava? Esperava que Ane descobrisse sozinha?

As dúvidas oprimiam o peito da moça cada vez mais. Quando passou pelo corredor olhou para a porta do sótão por alguns segundos. Precisava encontrar a chave sem sua vó desconfiar do que estava acontecendo, pois Matilda estava absolutamente certa, seria difícil alguém acreditar naquelas aparentes loucuras.

Cogitaria algum plano, contudo precisaria de ajuda. Mas será que teria coragem de contar para Talita? Ela deixara bem claro naquela manhã que não gostava daquelas coisas e as achava pura doidice...

Decidiu passar pelo quarto da avó, pois ainda não dera atenção para ela.

Encontrou-a sentada numa cadeira de balanço, encarando a janela, certamente admirando o céu estrelado. Aquelas estrelas não eram normais. Ela carregava uma expressão pesada, parecia recordar de momentos ruins.

Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora