Talita freou em frente a casa de Cordélia, puxou Ane animadamente para fora do carro e a conduziu a ganharem a propriedade da tão querida senhora.
Foram parar num lindo pomar.
Caminharam em silêncio pela trilha, até que Ane se aproximou da macieira, pegou o fruto maduro, abocanhando-o em seguida. Gemeu deliciada.
Elas sempre iam ali para namorarem quando queriam privacidade ou apenas admirarem a bela vista. Havia um lago provido de uma nascente nas proximidades, e alguns tanques espalhados ao longo do local, com a água límpida encanada.
Talita chegou bem perto dela e beijou-a na bochecha.
- Gulosa.
- Depois de tanta emoção estou faminta! Achei que não iríamos nos livrar de toda aquela gente antes de anoitecer - comenta olhando o primoroso final de tarde do inverno na cidade.
Talita sorriu.
- É sério Talita - prossegue enfática. - Você quase me matou de susto. Não faz mais isto. Ainda bem que deu tudo certo.
- Ok, Ane. Vou me aposentar desses impulsos. Nem eu mesma estou acreditando no que fiz.
- Isso é sério? - a ruiva se interessou.
- Sim. Não sou mais uma criança pra ficar agindo sem pensar e me colocar em risco. Vou tentar ser menos inconsequente.
Ane a abraçou forte:
- Ai que bom. Não posso perder Minha Cowgirl Favorita e ficar viúva antes do casamento.
Talita gargalhou. Com a troca de experiências e conhecendo a personalidade uma da outra, Talita aprendera a ser mais prudente com Ane, enquanto que a ruiva começara a enfrentar seus medos.
- Sinto te desapontar, mas não vou te largar tão cedo.
- Hum sua boba. Te amo.
- Também te amo. Tenho uma coisa pra te dar.
Os olhos de Ane ganharam vivacidade:
- Ai, o que é? - indagou jogando a semente num canto, muito ansiosa. Finalmente iria receber um presente da namorada.
- Isso se eu não tiver perdido no meio daquela confusão - avisou vasculhando o bolso traseiro com atenção.
Ane lhe lançou um olhar desanimado, fazendo biquinho como uma criança pirracenta.
- Ah não! Agora eu quero - resmungou cruzando os braços.
Por fim, Talita encontrou a joia e estendeu pra ela com um sorriso aliviado.
- Está aqui minha sardentinha.
- Oh meu Deus! Que lindo! - elogiou tomando da mão dela para analisar a peça. - É perfeito! Isso é mesmo um...
- Diamante - completou Talita.
A vaqueira levou um tapa no ombro.
- Au Ane! Essa doeu!
- Bem feito! Isso é pra você aprender a não montar num touro bravo com um colar tão valioso como esse! Ah se tivesse perdido. Eu te matava!
Talita riu nervosamente:
- Poxa vida! Não sabia que tu era tão materialista!
Ane ilustrou uma expressão irada, enrugando a testa e trincando os lábios. E para arrematar a fulminou.
- Ok, ok, tenho que admitir que exagerei, - Talita levanta as mãos num gesto de rendição. - mas tu tem que me perdoar, pois foi tudo no improviso. Hehe.
- Sua bobona! Onde comprou isso?
- Em lugar nenhum. Tião o esculpiu especialmente pra você. Só estava esperando uma boa oportunidade para te dar.
Ane se emocionou. O homem usara a herança para presenteá-la. Mesmo distantes, pensara nela. Secou as lágrimas que se formaram imediatamente, e pediu:
- Coloca em mim?
- Claro.
Ane deu às costas pra ela e juntou os cabelos, tirando o chapéu e jogando num canto.
Talita a surpreendeu com alguns beijinhos em sua nuca. Sussurrou:
- Eu te amo.
Ane abriu os lábios num suave sorriso.
Talita colocou o colar com delicadeza, enquanto ia beijando e cheirando o pescoço da ruiva.
- Pronto - avisou assim que terminou.
Ane se virou depressa e a aconchegou num abraço para demonstrar sua gratidão ou como se pudesse agradecer ao peão através de sua amada. Quando abriu os olhos se deparou com as aparições de Tião e Iolanda, fitando-as sorridentes. Tião estava corado e esbanjava vigor, muito diferente do cadáver que havia enterrado assim que descobriu que ele era seu pai biológico. A mãe estava linda como se lembrava e os dois tinham as mãos dadas. Era bom ver os dois juntos. Abriu a boca para avisar Talita, desejosa de compartilhar da mesma sensação exultante que experimentava, mas fechou-a em seguida quando o vaqueiro pediu num gesto de silêncio que não contasse nada. A ruiva entendeu de imediato que ainda não era hora de Talita ter contato com o mundo espiritual, que o dia dela despertar chegaria. Ficou pálida e trêmula. Não imaginava que sua vidência se aperfeiçoaria a ponto de ver fisicamente os espíritos materializados sem ser apenas durante o sono do corpo. Seria sempre assim a partir dali?
— O que foi? Tu está bem? — Talita puxa o queixo da noiva para que se fitem, percebendo algo estranho no ar.
— Ah nada... Está tudo bem... - desconversa mais calma. - Eu te amo Talita Ferreira, Minha eterna Cowgirl Favorita!
- Eu também te amo minha sardentinha...
____Fim...?
Bom, chegamos ao final desse livro. Quero agradecer a galera que me acompanhou até aqui, que votou e deixou comentários de incentivo. Sim, há uma segunda temporada que já está disponível! Espero por vocês em Minha Cowgirl na Cidade! É isso aí gente. Beijo na testa, se cuidem e até a próxima!
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Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)
Ficção Adolescente+🔞 O pesadelo de Liliane começa quando o pai decide aceitar um cargo para trabalhar fora do país e resolve mandá-la para morar com sua avó materna no interior do Estado de Minas Gerais em solo brasileiríssimo. Totalmente relutante no início, ela ac...