Assim que Tião ajudou ela e o pai a colocarem as malas pra dentro e levar pro quarto disponível que iria ocupar, Talita se fechou nele se permitindo inundar no pranto. A garota sabe bem como disfarçar suas emoções perto das pessoas, porque odeia demonstrar fraqueza. Acha que dessa forma podem manipulá-la e evita a todo custo. Não se permitia perder o controle de si mesma por nada no mundo.
Alguém bate na porta interrompendo-a de suas reflexões.
— Já disse que quero ficar sozinha Tião — resmunga com um tom alto o suficiente para ele escutar, fungando e secando as lágrimas simultaneamente. Estava do mesmo jeito que havia chegado ali e na mesma posição, entorpecida.
— A casa é minha e eu vou entrar, então me dá licença, espero que não esteja pelada! — insiste sentindo que ela não está bem, munido por uma intensa vontade de acolhê-la, porque conversar é bom, ciente de que ela já teve o momento de ficar só para pensar e adentra o cômodo segurando um prato com um pão com mortadela e um copo de suco de acerola. Acredita que a negligência com as crianças e os jovens é o que tem causado tantos problemas psicológicos na maioria. Podia ser um vaqueiro ignorante do interior que nem havia terminado o ensino médio, entretanto possuía conhecimentos de vida e experiência de sobra. Além de acompanhar o noticiário com frequência e ler algumas matérias vez ou outra.
— Você não existe! — abre um sorriso fraco sofrido porém descontraído se sentindo aquecida com a atenção.
— Você não comeu nada a tarde inteira. Deve estar faminta! — se aproxima, coloca o prato em cima do colo dela e se senta na beirada da cama, onde ela está encostada na cabeceira com as pernas cruzadas.
— Estou sem fome, mas valeu pela gentileza... — agradece pegando o prato e pondo no criado.
— É, — coça a cabeça sem jeito — você está mesmo chateada. Você sem fome é um caso de vida e morte — brinca mas dessa vez Talita não ri. — Pelo menos não derramou o suco. Já é um avanço. Deve ser por isso que sua mãe te expulsou de casa né? Ela deve estar sem louças...
— Deixa de ser idiota. Quem quis sair fui eu — revira os olhos.
— Olha só, a Talita que eu conheço aí hehe... Mas falando sério agora. Que merda foi que aconteceu?
— Meu pai não te contou? — semicerra os olhos desconfiada.
— Não. Só me pediu pra te abrigar por um tempo... — é sincero. — Mas coisa boa não é né?
— Hum. O que eu já esperava. Ela não aceita que sou lésbica.
— Caramba! Eu esperava tudo da Matilda menos isso. Homofobia? Fala sério! Em pleno século vinte e um? — solta um ar de desgosto.
— Pois é, nem todo mundo é mente aberta como você. Pra um caipira machão até que você é legal! — soa irônica.
— Sexualidade não interfere no caráter né mesmo? Você só precisa ser mais obediente e se transformará numa adolescente modelo! Hehe.
Talita sorri revirando os olhos, menos chateada graças ao bom humor de Tião. Respira fundo cruzando os braços.
— Sabe o que me magoa? — Tião arqueia as sobrancelhas como quem pergunta o quê. — Primeiro o Adriano que eu achava que era meu melhor amigo me vira as costas e agora minha mãe, quem me devia amor incondicional!
— Er, bem... O caso com o Adriano é mais complicado. Você sabe que ele tem uma paixonite por tu, e sua mãe? Você tem que entender o lado dela também peoa. Você é a única filha mulher dela. Com certeza queria te ver se casando de véu e grinalda na igreja com a benção do padre.
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Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)
Teen Fiction+🔞 O pesadelo de Liliane começa quando o pai decide aceitar um cargo para trabalhar fora do país e resolve mandá-la para morar com sua avó materna no interior do Estado de Minas Gerais em solo brasileiríssimo. Totalmente relutante no início, ela ac...