Cap. 12

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Tião que havia sido praticamente obrigado a deixar seu serviço no curral e seguir Talita pra dentro da casa, terminou de preparar, encheu o copo de Talita de laranjada, depois o dele, e se sentou também só que em sua frente sugerindo:

- Beba!

Talita empurrou o copo fazendo com que todo o líquido derramasse no forro branco da mesa.

- Hei hei hei! O que pensa que está a fazer nervosinha? - advertiu se levantando de um pulo muito irritado pois àquilo daria um trabalho danado pra limpar. Não era muito fã dos serviços domésticos por este motivo corria deles à todo custo, e assim mantinha tudo conservado para não ter que fazer sempre os mesmos trabalhos pesados. Faxina era seu inferno astral. Morar sozinho tinha suas vantagens e desvantagens. Pelo menos nada saía de seu controle, até Talita aparecer, é claro. A menina era um verdadeiro tornado em sua vida. Porém, era o que dava cor e sons a ela. Bem que mais cedo cogitou em colocar um plástico pra evitar acidentes, pois assim ficava mais fácil. Era só passar o pano e pronto, ficava novinho em folha! Era por isso e outras que se arrependia amargamente de não ouvir sua intuição. Ah mas seria a última vez que a olvidava! Contudo, conhecia Talita o suficiente para saber que ela estava de pá virada. Notara isso desde que ela pisou em sua propriedade e esta era sua maneira de extravasar sua raiva.

- Quero ir embora dessa maldita cidade! - confessou chorando.

Tião se sentou rapidamente da mesma forma que desgrudou da cadeira. Pegou no queixo de Talita com a intenção de levantar sua face cabisbaixa. Ela relutou no início, mas terminou cedendo a investida.

- Ergue essa cabeça moça. Acha mesmo que ganhar quilômetros e descansar bagagem em qualquer canto por aí irá resolver seus problemas?

Ela não respondeu, encarando-o com a testa franzida e o olhar chispando fúria e decepção, e ele justificou a própria pergunta :

- Não vai mesmo mocinha! Não adianta fugir deles, irá carregá-los por onde você for. Não estou querendo te desanimar, mas quem faz o lugar é ti. Se não está bem consigo mesma, se teu coraçãozinho não está em paz, de nada adiantará. O melhor a fazer é ficar por aqui mesmo e tentar solucioná-los da melhor maneira possível. Você entende o que estou te dizendo?

- Como pode me garantir isso? - se interessa.

- Não posso, infelizmente não. Só te aconselho de acordo com minhas experiências. Se quiser arriscar é por sua conta. Mas volto a te dizer: fugir não é a opção mais recomendável. Assuntos inacabados tendem a retornar onde estivermos. Ligações não se desfazem de uma hora pra outra! O melhor é resolver antes de seguir outro rumo pra deixar tudo no seu devido lugar.

- Talvez eu vá antes, tudo já está ficando insuportável mesmo! - resmunga não dando importância.

- Vamos, diga-me que tudo é este! - Tião exige um pouco desgastado com os problemas da garota.

- Minha mãe... A cidade... E agora... - decide confessar. Confiava nele como se fosse seu pai. Até mais no que seu próprio pai.

- E agora o quê sua peste? - o homem se impacienta com a enrolação da jovem.

Talita se calou envergonhada.

Tião se encostou na cadeira e bufou alisando a barba.

- Pelo seu tom, tem mulher no meio não é?

Talita assentiu.

- A paixão te laçou? - deduz.

Ela balançou a cabeça confirmando.

- Eita. Situação difícil essa!

- Entende agora por que não aguento mais? - reforçou secando as lágrimas.

Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora