Cap. 6

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- Ah Ane me desculpe por isso! - suspirou Matilda recostada no fogão, levando a mão a testa e meneando a cabeça.

Ane levantou depressa arrastando a cadeira e foi em direção dela, pegou em sua mão e sugeriu solícita:

- Venha sente-se aqui!

Matilda tremia, suas pernas estavam bambas por causa do nervosismo, então obedeceu a moça sem contestar.

Depois de ajudá -la a se sentar, Ane avisou:

- Vou preparar um chá pra você se acalmar!

Em seguida fez o que dissera com todo esmero.

Minutos depois de ficar pronto, a serviu e se sentou ao lado dela.

- Beba Tilda.

Matilda abriu um sorriso forçado e tomou um gole.

- Obrigada Ane! Você me lembra sua mãe.

- Falando nela, tive um sonho estranho essa manhã - comenta se sentindo à vontade na presença da mulher.

- Quer me contar?

- Não era nada demais... Porém, meus sonhos parecem que são reais, entende? É como se estivessem realmente acontecendo.

- Engraçado você mencionar isso, pois também tenho esse dom - confessou.

- Dom??? Como assim? - se interessa curiosa.

- São premonições Ane. Iolanda não acreditava muito nisso - dá de ombros - Ela ria e até debochava de mim.

- Não tiro a razão dela, é bem estranho!!!

- Sim, mas se Deus nos concedeu deve ser por um bom motivo, sendo assim temos que tirar algum proveito dele, e usá-lo com sabedoria e responsabilidade, não acha?

- Hum... É... - titubeou, Ane não acreditava muito naquela força criadora de que todos falavam. Se existia mesmo era cruel, pois muitas pessoas pareciam sofrer injustamente. - Mas me diga como controlar?

- Não tem como, pelo menos não que eu saiba! - lamenta - Pois tentei muitas vezes e não consegui, apenas acontece de uma maneira muito natural, quando me dou conta já estou tendo essas visões...

- Ahh... Então não tem muita graça - desanima. - Nem mesmo sei interpretar!

- Com o tempo irá desenvolver. Eu também demorei a aprender.

- Pode me ajudar? - empolgou-se. Desvendá-las já era alguma coisa para lidar com àquilo sem revolta. Pelo menos não achava mais que estava louca, afinal não era a única com àquela esquisita capacidade de sonhar acordada e prever o futuro.

- Vou te ajudar com que eu puder, porque acredito que amadurecer é relativo de cada um, visto que todos possuem percepções, necessidades e experiências diferentes.

Os olhos de Ane ganharam vivacidade. Ficou surpresa em encontrar tanta sabedoria em alguém tão simples do interior. Matilda parecia possuir muita maturidade mesmo nem tendo chegado a casa dos quarenta. Iria confiar mais nela, seria sua aprendiz a partir dali. Ela advertiu:

- Evite comentar isso com sua avó e com outras pessoas que você julgue que não irão compreender, te aconselho porque sofri muito preconceito quando mais nova, venho de uma linhagem com as mesmas habilidades, meus antepassados foram acusados até de bruxos, sabe como é cidade pequena, não é?

Ane assentiu, Matilda mais uma vez estava certa. Se nem mesmo ela entendia àquilo quem dirá as outras pessoas?! Preservaria-se. Nunca havia comentado com ninguém antes dela, em quem sentiu muita confiança e segurança para falar sobre tal. Com certeza porque suas energias conversavam antes mesmo de suas bocas proferirem qualquer palavra. Queria poder encontrar uma explicação lógica para aqueles fatos visto que de Matilda só teria uma justificação religiosa. Não aguentando mais a curiosidade, decidiu mudar o assunto, àquele deixaria para terminarem uma outra hora:

Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora