Quando Ane terminou de arrumar alguns pertences que julgou serem essenciais para passar o domingo ao lado de Talita, colocou a mochila nas costas e saiu do quarto, encontrando com a vaqueira nos aposentos de sua avó. Já havia dado o café da manhã para ela. Pelo menos o almoço ficava por conta de Matilda, o que esta não achava ruim porque todos tinham o hábito de fazerem as refeições reunidos como uma família unida faz.
- Oi, estou interrompendo?
- Não minha linda - a velha foi quem respondeu sentada na poltrona.
- Pronta? - perguntou Talita a fixando.
- Sim.
- Ufa! Pareceu uma eternidade. Estava até cochilando aqui.
- Não exagera - Ane revira os olhos.
- Ha ha... Tenha um bom domingo dona Cleuza - desejou Talita piscando para ela.
A velha sorriu piscando de volta.
Ane riu das duas, mesmo sem entender o motivo daquilo e talvez exatamente por isso. Deu um beijo na avó, e se despediu:
- Tchauzinho vó. Fica bem. Vou passar na Matilda e avisá-la da sua indisposição.
- Vou ficar, não se preocupem. Aproveitem o dia.
Logo que saíram, elas fizeram como Ane havia dito e depois entraram no carro. Mais cedo, enquanto Talita tomava banho, Adriano foi até a casa de Henrique buscar a caminhonete de Tião que Talita havia deixado durante o atentado porque ela não queria voltar lá tão cedo. Que Francisco se virasse para pegar seu carro. Adriano não estava preocupado com isto.
As moças passaram pela casa de Tião para Talita pegar suas bagagens. Ela recheou a mochila de alimentos. Parecia que era só o que levaria.
Ane riu:
- Vai pra guerra é?
- Ha ha... Só ando prevenida.
- Ah sei! Comilona! - Ane revira os olhos novamente ainda não acostumada com a fome exagerada da outra.
Assim que terminaram, ganharam a estrada.
Ane ficou fazendo carinho nela enquanto dirigia.
Os pensamentos das duas viajavam longe. Enquanto Talita pensava na noite anterior que acabou virando um pesadelo que poderia ter sido pior do que foi, Ane refletia sobre os últimos acontecimentos. O que houve com ela foi horrível, qualquer outra pessoa em seu lugar ficaria revoltada, mas em seu caso só conseguia tratar o acontecimento como uma lição para ser menos orgulhosa, mais amorosa com seus entes queridos e sobretudo vigilante com as situações e as intenções das pessoas. Por outro lado, Adriano provou que poderiam recuperar a amizade antiga desfeita por puro despeito do rapaz que sequer tinha preconceito. Sua única dificuldade em aceitar Talita lésbica é porque gostava dela como mulher. Talita começou a deduzir que talvez Adriano só estivesse confundindo seus sentimentos. Porque era como havia dito para ele durante a madrugada; ela foi a única amiga dele, a única pessoa que não o abandonou nem o julgou por causa da sua rebeldia juvenil. Desde que Cátia, a mãe de Adriano faleceu, ele começou a se comportar de maneira inconsequente como se culpasse a vida e as pessoas por ter perdido a pessoa que mais amava para a morte. Claro que isto não anulava seus atos criminosos, mas a questão é que, era muito fácil ser amigo de uma pessoa descomplicada e se afastar de uma marginalizada para não ser julgado pelos outros. Pelo menos a tragédia serviu para se reconciliar com Ane que agora lhe lançava um olhar doce e um sorriso de canto consolador como se adivinhasse inconscientemente o que havia acontecido com ela. Beijou-a na bochecha rapidamente para não perder a atenção da direção uma vez que estavam numa estrada cheia de curvas perigosas e ribanceiras medonhas. Não poderia mais duvidar dos talentos médiunicos da namorada e até mesmo da mãe e da ligação emocional com dona Cleuza, afinal as três haviam pressentido que algo estava errado consigo. Já o pai era mais aéreo para a sensibilidade extrassensorial.
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Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)
Teen Fiction+🔞 O pesadelo de Liliane começa quando o pai decide aceitar um cargo para trabalhar fora do país e resolve mandá-la para morar com sua avó materna no interior do Estado de Minas Gerais em solo brasileiríssimo. Totalmente relutante no início, ela ac...