Cap. 43

2.2K 203 39
                                    

Talita chegou no haras adentrando o estábulo por causa do movimento que se formara dentro, ansiosa para saber do que se tratava.

Os vaqueiros tentavam tirar o “Relâmpago” de sua baia, porém, sem muito sucesso, uma vez que o macho robusto estava mais nervoso do que o natural.

Ela se aproximou de Léo aflita.

- Para onde vão levá-lo?

O peão limpou a ponta do nariz na camisa, fungando. O tempo ficava ainda mais seco no inverno e a coriza não lhe dava trégua. Depois de cuspir, o loiro explicou:

- Pra exposição. Eles querem colocar o bicho doido na arena pra ser montado por algum pirado depois da vaquejada.

- Com a permissão de quem?

- Do patrão.

- Demétrio? - Talita piscou incrédula. Quanto tempo ficara presa em sua bolha psicológica que até mesmo isto lhe passou despercebido? Aquela novidade poderia se comparar a um tapa na face que finalmente a fez despertar por completo.

- Sim. Vai faturar uma boa grana com a brincadeira.

- Isto é loucura! Ele pode machucar alguém!

- Isso não é da nossa conta peoa, estamos aqui pra receber ordens.

- Vou agora mesmo falar com ele. É muito arriscado colocá-lo no meio daquela gente. Ele não gosta de agitação.

- Boa sorte. Duvido que consiga convencê-lo - desejou dando dois tapinhas cúmplices no ombro dela.

Talita não se intimidou com o conselho.

Ganhou a propriedade em direção da casa do homem com o peito estufado encorajada a enfrentá-lo e fazê-lo ver a gravidade da situação, mas por coincidência, para poupar seu tempo, o encontrou próximo da arena conversando com um investidor.

- Demétrio posso falar com você? - é direta.

Ele assentiu com a cabeça pois já havia terminado o assunto com o outro. Apertou a mão do homem e se despediu:

- Então ficamos combinados assim.

O empresário jovem e muito bem-apessoado correspondeu e foi embora. Demétrio se virou para a moça.

- Pronto. Pode falar.

- Não pode levar o Relâmpago pra exposição. Ele fica demasiadamente arisco e inquieto perto das pessoas. Tem medo delas porque já foi muito maltratado.

- Imaginei que me diria isso. Mas já fiz o negócio com o patrocinador, não posso voltar atrás.

- Então por que não pensou antes? Sabe que ele é o mesmo touro que matou a Iolanda?

Demétrio surpreendeu-se:

- Como sabe disso? Tião te contou?

- Sim, me confessou isto em seu leito de morte!

- Ah, - dá de ombros confiante - enfim... Negócios são negócios. Isto não vai acontecer novamente.

- Quem garante?

- Vamos torcer positivamente pra isso.

- Mas que burrice! Eles só atacam por causa da ignorância de homens como você, que querem lucrar a todo custo com a selvageria! Deixar ele aqui quietinho pra procriar, é a coisa mais sensata a se fazer.

- Não se meta na forma como eu administro o meu  haras - seu tom é ríspido e seu olhar indignado - Se não está satisfeita, fica à vontade para se demitir.

Minha Cowgirl Favorita ( Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora